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“Canto e Prece à minha terra” (Cosme Lemos)
“ A LÁGRIMA ” (*) ( Henrique Castriciano)
"Minha terra" (Cosme Lemos)
Fim de Festa (Cosme Lemos)
Martins! Imperatriz! Ouve-me
Santa
Morada azul de fonte
divinal!
Cesse tudo que antiga
musa canta
Que eu vou cantar teu
nome de cristal!
Terra querida
que seduz e encanta
Aos que
buscam teu clima sem rival!
Dentre os
sertões teu vulto se levanta
Ereto, altivo,
nobre e colossal!
És
o oásis sublime do nordeste
És
parte augusta da Mansão Celeste
Deixada
sobre a terra por Jesus!
Quando eu
morrer, ninho de ternura!
Abre teu
seio, dá-me a sepultura,
Como me
deste sonho, amor e luz!
Cosme Lemos
Est’alma...
Quem será? Não sei... Mistério fundo...
Entretanto,
eu pressinto alguém que se debruça,
E baixinho,
me diz num gemido profundo:
Existe um
coração na pedra que soluça...
Henrique Castriciano
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"Minha Terra"
Madrugava no Céu. Vinha perto a manhã,
Quando São Pedro abriu, serenamente,
A porta Eterna, branca de luar.
Amparado num véu de nuvem alvinitente,
Róseo qual maçã,
Um anjinho esperava a soluçar...
- Entra, - disse-lhe o santo.>
- Por que choras tanto?!<
- Senhor, eu quero voltar...<
- Voltar? Queres voltar do Céu, anjiinho à toa?!
E a terra onde vivias era assim tão boa?
- A terra onde vivi é tão forrmosa,
Como não pode haver recanto igual.
A natureza ali, feita de rosas
é u'a perene festa tropical!
Ela é tão alta... Lembra uma palmeira erguida,
Muito bela e sobranceira,
Por sobre as outras terras qual rainha!
O céu que a cobre é feito só de estrelas,
Vendo-se aqui e ali
Uma fitinha de espaço muito azul, como a tecê-la.
À margem da lagoa cristalina,
Ergue-se, altiva e pequenina,
Uma ermida à Virgem do Rosário.
Nos pomares e jardins, em desadorno,
Cantam nuvens douradas
De pintassilgos e de encantos d'ouro.
Tempestades de loucos furacões
Que revolvem os campos dos sertões,
Não alcançam o azul da serrania!
A brisa é tão cheirosa e tão macia,
Que parece soprada pelos lírios!
O próprio sol é brando como os círios!
A árvore da vida ali vive a cantar.
No Céu também é bom, mas...
Deixa-me voltar!
E o Santo Pescador, bondoso e comovido,
Lembrando-se talvez de sua Canaã,
Como a sentir o coração ferido de saudade,
Falou com piedade:
- Tu voltarás, meu filho!
Eu direi a Jesus da saudade
Que tanto te consome.
Mas... essa terra... esse outro céu...
Qual o seu nome?
Nisto Jesus chegando de repente
E ouvindo o interrogar do seu discípulo,
Sorrindo, respondeu paternalmente:
Esta relíquia, Pedro,
É no Brasil.
Num pequenino Estado lá do "Nodeste",
Em recanto feliz, pus toda sorte de beleza
As maravilhas das "Mil e Uma Noites"
Não valem seus jardins!
Esta terra de sonho e de poesia
Que tem a inicial a mesma de Maria,
Seu nome é doce...
Chama-se MARTINS!
Cosme Lemos
Entra a Procissão.
Vai morrendo o dia.
O sol se
esconde em ouro no ocidente.
Ouve-se
a banda ressoar, dolente,
U'a valsa
cheia de melancolia.
A noite vem
descendo e a nostalgia
Domina os
corações completamente.
O sino faz
chorar a alma da gente,
No doce
badalar da AVE MARIA.
Passam outros
correndo em disparadas.
Abraços,
despedidas, retiradas...
Depois tudo
é silêncio na cidade.
E da festa
repleta de alegrias,
De esperanças
de amor e fantasias,
Resta, apenas,
o travo da saudade.
Cosme Lemos