Brilho

 

  Porque a presença
Se existe a lembrança.
Não, não.
Simplesmente,
Não há distância.

 

  Já foi o tempo desde a infância...
Lá vai o tempo para a velhice...
Ah! Efêmero passageiro
Dessa viagem sem volta,
Sem retorno e sem atalho.

 

  Só na louca poesia encontro
O que meu coração,
Em vida, Reclama.

 

  Entenda, não há nada!
Entenda esse esforço,
Esse tormento incessante
Do Homem feito amante
Sem presença e sem calor.

 

  E que, no peito, traz consigo,
De tudo,
Só a lembrança.

 

  Foi o tempo da infância
E, junto, foi também
Toda minha ingenuidade.

 

  Só restou, no fundo, a emoção
O sussurro meigo da canção
Que embala e adormece.

 

  Quantas lembranças
Idéias e pensamentos
Que passam, que voam.

 

  Não há valor para a amizade
Quando, sincera, há a vontade
Quando o sentimento que ecoa
Vê refletir na outra imagem
Tudo aquilo que se perdeu
E que, amargamente, se sofreu.

 

  O mundo se transforma
Ou, não sei, se se sucede
Em coloridas imagens
De razão e insensatez,
De dúvidas e de certezas,
Numa seqüência louca
De brilhos e de contrastes,
De noções e intuições.

 

  No cenário irreal que inflama
No interior insatisfeito que reclama:
"À Vida, todo Poder!".

 

  Mas desceu, na cena, a cortina.
Aplausos, delírios, ovações.
Representou-se no palco a vida
E todo tempo não sabia

 

  Fui eu mesmo quem brilhou.

 

  Fernando A.Moreira

 

 

 

  1