Desafio

 

  Sou filho da poesia com a Vida.

Meu ofício é ser poeta.

Entre tantas escolhas:

Médico, Advogado, Engenheiro

Optei por ser obreiro

Das palavras,

Um artesão.

 

  E, sigo, nessas andanças de seresteiro

A cantar meus versos e rimas

Nessa longa estrada da vida

Que, pouco a pouco,

Me curte e me ensina

A navegar com precisão.

 

  Não sou santo e nem herói

Mas, por tudo que, nessa vida, me corrói

Eu respondo, com poesia, à dor

Que minh'alma ansia sanar.

 

  Ser poeta é minha sina, assassina,

Que, aos poucos, extermina

Essa ânsia que me assalta

E que, em meu semblante, ressalta,

Essa imensa vontade de criar.

 

  Falar da vida, falar da morte

Tecer preces em lindas cantigas

Ou cantar o Amor

Aos quatro ventos.

Essa é minha sorte

Até o dia de minha morte.

 

  E, por mais que não se queira

Essa mão que não se aquieta

Vai desfiando um rosário

De palavras, em um corolário

Que se chama Poesia.

 

  Para exercer o meu ofício

Poderia escolher as palavras mais doces

Essa noite.

Mas, quando seu olhar me fulmina

E, me corta a carne,

Como a fria lâmina de uma navalha.

 

  Sinto brotar de minhas veias

Palavras aos borbotões,

A soar como o canto triunfal

De uma vocação

Nascida e vivida, afinal.

 

  Não, não quero seu aplauso.

Quero apenas seu silêncio

Que, por respeito, mereço

Ao desnudar, de mim,

Assim, sem pudor

 

  Tão profunda e infinita

 

  Paixão.

 

  Fernando A. Moreira

 

 

 

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