Raimundo Lúlio (Ramon Llull)

 
 
 
 
 
 
Este web site pessoal* visa a divulgar o pensamento de Raimundo LÚLIO (Ramon Llull), o maior filósofo ibérico de todos os tempos, criador da Ars Magna. Aqui você encontrará referências a respeito da obra luliana e do lulismo feitas por autores os mais diversos. Depois dos textos, você encontrará uma coletânea de links de sítios direta ou indiretamente relacionados a LÚLIO.

ABBAGNANO, Nicola
BRUGGER, Walter
CARPEAUX, O. M.
ELIADE, Mircea
EVOLA, Julius
FLASCH, Kurt
GUIGNEBERT, Charles
HEGEL, G. W. F.
HÖSLE, Vittorio
JUNG, C. G.
LE GOFF, Jacques
LEIBNIZ, G. W.
LISBOA, L. C.
NASR, S. H.
PESSANHA, J. A. M.
ROUSSET, Paul
SCIACCA, M. F.
SÉROUYA, Henri
SPROVIERO et HANANIA
STEINER, Rudolf
VILAR, Pierre
WINDELBAND, Wilhelm
YATES, Frances A.
YOCKEY, J. F.
Outros Sítios

Nicola ABBAGNANO:
"LULLIANA, ARTE (lat. Ars lulliana; inglês Lullic Art; franc. Art lullien; al. Lullische Kunst). Propriamente, a ars magna de Raimundo LÚLIO (1235 - 1315), isto é, a ciência universal que ensina a combinar os termos para a descoberta sintética dos princípios das ciências. Diferentemente da lógica aristotélica, a ars magna pretende ser um procedimento inventivo que não se detém em resolver as verdades conhecidas, mas continua para descobrir as novas. A noção dessa arte, que encontrou seguidores entusiastas no Renascimento, entre os quais Agripa, Bovillo e Bruno, foi retomada por Leibniz, que a denominou Característica geral." (Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi [Dizionario di filosofia]. S. Paulo, Mestre Jou, 1982. pág. 604)

Walter BRUGGER, SI:
"Raimundo LÚLIO (1235 - 1315): agitada vida de peregrino; luta contra o Islão e o averroísmo latino; poeta, filósofo, teólogo e místico; LÚLIO aspirava a uma Ars generalis, um sistema de conceitos fundamentais supremos e proposições, dos quais se pudessem, por meio de combinações e operações mecânicas, deduzir as ciências particulares. A última forma literária de suas idéias encontra-se na Ars magna et ultima. LÚLIO é o precursor da Ars combinatoria de Leibniz e da logística." (Diccionario de filosofía. Trad. José Maria Vélez Cantarell [Philosophisches Wörterbuch. Freiburg, Herder, 1951]. Barcelona, Herder, 1953. pág. 451)

Otto Maria CARPEAUX:
"(...) O símbolo é expressão artística do que é inefável; a alegoria é representação intelectual do que é compreensível. A Catedral é um símbolo. A Summa é um conjunto de alegorias. A "Idade Média" está entre esses dois pólos, oscilando, evoluindo, e enfim dissolvendo-se. Existe até uma figura na qual os dois termos se encontram: Raimundus LULLUS, o santo da Catalunha. "LULLUS é fenômeno raro: um gênio confuso. O caminho da sua vida é retilíneo: vida mundana, desengano, conversão, ascese, projetos de converter sarracenos e judeus, obstáculos eclesiásticos, viagens de missão, martírio. Os altos dignitários da Igreja chamaram-lhe doctor phantasticus, apelido que não convém às suas obras científicas, nem às literárias, mas sim ao conjunto destas e daquelas. Como poeta, LULLUS é um joglar de Déu; queimou as poesias eróticas da sua mocidade, substituindo-as pela poesia religiosa, a mais pessoal que se escreveu na Idade Média. Lo cant de Ramón, confissão poética, seria o pendant sério da poesia goliarda. As tentativas filosóficas de criar um ciência geral, que suscitaram a admiração de Leibniz e antecipam algo da logística moderna, pertencem, em certo sentido, ao gênio poético de LULLUS: pretendem transformar o mundo em catedral de símbolos científicos. Mas o conflito entre entusiasmo místico e razão construtiva subsiste. No estranho romance filosófico Llibre de meraveles decompõe-se o mundo em alegorias, e o mais estranho romance Blanquerna exalta a dissolução do mundo real pela mística. LULLUS pretendeu reduzir a fórmulas alegóricas o inefável, que se tinha revelado ao místico em símbolos; era um poeta pela ambigüidade íntima da sua alma. O resultado de sua vida encontra-se em um dos seus Mil Provérbios: 'Quem disputa com Deus, será vencido'; mas o místico pretende mesmo ser vencido por Deus. "O caminho da separação progressiva entre símbolo e alegoria é o caminho de evolução do pensamento medieval." (História da literatura ocidental, I. Rio, Alhambra, 1978. pág. 161-2)

Mircea ELIADE:
"(...) a virtude primeira da Pedra reside na sua capacidade de transformar os metais em ouro (...) A idéia de que a Pedra precipita o ritmo temporal de todos os organismos e acelera o crescimento, encontra-se na Prática de Raimundo LÚLIO: 'Na primavera, mediante o seu grande e maravilhoso calor, a Pedra comunica vida às plantas; se dela dissolveres na água a quantidade aproximada de um grão e se, tomando dessa água a porção necessária para encher a casca de uma avelã, regares com ela um tronco de videira, a tua capa estará em maio carregada de uvas maduras'." (Ferreiros e alquimistas. Trad. Roberto Cortes de Lacerda [Forgerons et alchimistes. Paris, Flammarion Editeur, 1977]. Rio, Zahar Editores, 1979. pág. 129)

Julius EVOLA:
"Apontemos (...) as freqüentes referências ao vinho nos textos mais recentes, a partir de Raimundo LÚLIO, e repitamos que umas vezes se trata dum símbolo e outras, de uma realidade, ou de ambas as coisas ao mesmo tempo. Citaremos um só texto: 'É admirável, e incrível para o vulgo, que o espírito do vinho - extraído e separado completamente do seu corpo [quer dizer, trata-se de recolher o aspecto sutil da experiência proporcionada pelo vinho] - valha, pelo seu contínuo movimento de circulação, para extrair... quaisquer outros espíritos dos seus corpos: quer vegetais (...), quer minerais (...), quer animais (...) ... A Quinta-virtus-essentia-prima do Vinum atrai os vires [os poderes, a virilidade] de todos os seres infusos nela: desembaraçando-os dos elementos por dissolução do vínculo natural, e conseguindo os Espíritos, por apetência e reação, elevar-se por cima das resistências passivas'." (A tradição hermética. Trad. Maria Teresa Simões [La tradizione ermetica. Roma, Mediterranee, 1971]. Lisboa, Edições 70, 1979. págs. 153-4)

Kurt FLASCH:
"(...) LÚLIO foi um outsider; sua obra demonstra a riqueza da paisagem histórica no começo do século XIV. Os juízos sobre ele estendem-se do "semilouco" de Prantl ao elogio segundo o qual LÚLIO seria o mais conseqüente e homogêneo de todos os filósofos cristãos (E. W. Platzeck). Em muitas exposições do pensamento medieval - p. ex., no opúsculo de Josef Pieper sobre a escolástica - procura-se em vão pelo nome de LÚLIO. Esse silêncio é, em todo caso, injustificado, quando se trata de uma avaliação histórica ou de examinar a conexão entre as Idades Média e Moderna: LÚLIO foi uma fonte essencial para Giordano Bruno; Nicolau de Cusa não possuía tantos textos de nenhum outro pensador quanto de LÚLIO; Descartes polemizava contra ele; Leibniz e Lessing estudaram-no. Não se pode prescindir do Lulismo nas discussões sobre o método científico do início da Idade Moderna. No século XIV, ele foi ao encontro dos movimentos de reforma joaquimitas. A ciência escolástica de Paris encarava-o de modo preconceituoso, se bem tenha havido lá tentativas regulares de elucidar de forma sistemática a doutrina de LÚLIO. Em 1376, chegou-se a uma condenação papal de teses lulianas que, porém, seria suspensa em 1419. A repercussão de LÚLIO associou-se, freqüentemente, a experimentos de alquimia. Contudo, ele próprio nada tinha que ver com isso, sim, porém, com a astrologia e uma reforma da medicina.
"Na investigação científica, a imagem de LÚLIO é oscilante, e é difícil informar-se sobre ele com base nas próprias fontes - a envergadura de seus escritos já assusta: o catálogo de suas obras conta, segundo Platzeck, 292 títulos. Foram escritas parte em latim, parte em catalão. LÚLIO também escreveu em árabe, mas esses textos se perderam ou foram preservados apenas em traduções. Essa massa enorme é difícil de dominar; ajuizá-la exigiria a competência não apenas de um historiador da filosofia, mas também a de um romanista - LÚLIO é tido como o pai da literatura catalã - e a de um historiador da ciência. Vários textos ainda não foram editados. Mas o estudo de LÚLIO tem-se tornado mais fácil nos últimos decênios: a grande edição de Mogúncia, que era rara, está novamente disponível desde 1965, numa reimpressão em 8 volumes. As obras tardias de LÚLIO aparecem, ininterruptamente, nos marcos da Opera Latina, e também seus escritos catalãos podem ser estudados. Uma introdução à vida e ao pensamento de LÚLIO encontra-se no esboço de autobiografia (Vita coetanea), publicado em alemão, em 1964, em Düsseldorf (E. W. Platzeck), e cujo texto crítico em latim está disponível, desde 1980. Quem quiser iniciar-se no pensamento de LÚLIO, pode agora utilizar os excertos de seus escritos que Nicolau de Cusa compilou para si mesmo. A elucidação do conteúdo do pensamento de LÚLIO também fez alguns progressos.
"LÚLIO foi um espírito inquieto. Da tradição, não deixou quase nada intocado; queria renovar tudo - a cristandade, a coexistência das religiões, a lógica e a medicina, a filosofia e a teologia; antes de tudo, porém, a linguagem. Procurava a variação; repugnava-lhe a linguagem vulgar das escolas. Sua mania de inovar na terminologia foi criticada já na Idade Média (J. Gerson), ao passo que de Cusa a imitava. (...)" (Das philosophische Denken im Mittelalter. Von Augustin zu Machiavelli [O pensamento filosófico na Idade Média. De Agostinho a Maquiavel]. Stuttgart, Philipp Reclam jun., 1988. p. 381-2.) Leia a tradução completa do texto de Flasch sobre LÚLIO.

Charles GUIGNEBERT:
"Imbuídos de modernismo, alguns declaram, até nas Escolas de Paris ou de Oxford, que a filosofia deve ser independente da teologia e que, além disso, a fé cristã é um obstáculo para o progresso do saber. Enquanto o arcebispo de Paris, Esteban Tempier, condena 919 erros dos averroístas, em 1277, e os arcebispos de Canterbury e da Universidade de Oxford seguem seu exemplo, organiza-se uma espécie de cruzada entre os doutores ortodoxos contra a nova incredulidade que é transmitida descendentemente das Escolas às classes inferiores em forma de um materialismo grosseiro; tanto que preocupará à Inquisição, por exemplo, em Carcasona e Pamiers, no começo do século XIV.
"De resto, essa cruzada intelectual não tem muito maior êxito que as outras; alguns doutores, como o famoso Raimundo LÚLIO (+ 1315), deixam-se contaminar pelas doutrinas que intentam destruir. Nenhum encontra argumentos decisivos contra o averroísmo e termina por impor-se com a tolerância, inconcebível por outro lado, da Igreja, quer se encerrando em pequenos cenáculos (por exemplo, em Pádua e em Bolonha), quer se desvanecendo sob aparências tranqüilizadoras, em um sincretismo bastante surpreendente. Combinam-se nele as especulações do filósofo árabe, os postulados essenciais da dogmática ortodoxa e divagações sobre a relação das influências astrais e o destino humano." (El cristianismo medieval y moderno. Trad. Nélida Orfila Reynal [Le christianisme médiéval et moderne. Paris, Ernest Flammarion, 1927]. México - Buenos Aires, Fondo de Cultura Económica, 1957. pág. 120)

G. W. F. HEGEL:
"Chamado de Doctor illuminatus, Raimundo LÚLIO chegou a ser muito famoso, sobretudo pela arte de pensar composta por ele e a que deu o nome de Ars magna. Nasceu em Maiorca, em 1234, e foi um desses homens excêntricos e impulsivos que se metem em tudo. Tinha marcada afeição pela alquimia e um grande entusiasmo pelas ciências em geral, bem com uma imaginação fogosa e inquieta. Teve uma juventude dissipada e entregue aos prazeres e às diversões; mais tarde, retirou-se a um lugar ermo e teve ali muitas visões de Jesus Cristo. Levado pelo seu agitado temperamento, sentiu-se impelido pelo desejo de contribuir para a difusão da doutrina cristã entre os maometanos da Ásia e da África, consagrando sua vida a essa missão; para isso, aprendeu o árabe, viajou por toda a Europa e a Ásia e buscou o apoio do papa e de todos os monarcas da Europa, sem abandonar por isso o cultivo de sua arte. Foi perseguido e teve de suportar incontáveis penalidades, aventuras, perigos de morte, prisões e maus tratos. Viveu durante longo tempo em Paris, no começo do século XIV, e compôs cerca de quatrocentos escritos. Ao cabo de uma vida extraordinariamente agitada, morreu venerado como santo e mártir, no ano de 1315, em conseqüência dos maus tratos sofridos na África.
"A tendência fundamental da "arte" de Raimundo LÚLIO consistia em enumerar e ordenar todas as determinações conceituais a que era possível reduzir todos os objetos, as categorias puras com referência às quais podiam ser determinados, para, desse modo, poder assinalar facilmente, com respeito a cada objeto, os conceitos a ele aplicáveis. Raimundo LÚLIO é, pois, um pensador sistemático, ainda que ao mesmo tempo mecânico. Deixou traçada uma tabela em círculos nos quais se acham inscritos triângulos cortados por outros círculos. Dentro desses círculos, ordenava as determinações conceituais, com pretensões exaustivas; uma parte dos círculos é imóvel, a outra tem movimento. Vemos, com efeito, seis círculos, dois dos quais indicam os sujeitos, três os predicados e o sexto as possíveis perguntas. Dedica nove determinações a classe, designando-as com as nove letras B C D E F G H I K. Obtém, desse modo, nove predicados absolutos, que aparecem escritos ao redor de seu quadro: a bondade, a magnitude, a duração, o poder, a sabedoria, a vontade, a virtude, a verdade, a magnificência; em seguida, vêm nove predicados relativos: a diferença, a unanimidade, a contraposição, o princípio, a metade, o fim, o ser maior, o ser igual e o ser menor; em terceiro lugar, temos as perguntas: sim?, quê?, de onde?, por quê?, quão grande?, de que qualidade?, quando?, de onde?, como e com quê?, a última das quais encerra duas determinações; em quarto lugar, aparecem nove substâncias (esse), a saber: Deus (divinum), os anjos (angelicum), o céu (coeleste), o homem (humanum), Imaginativum, Sensitivum, Vegetativum, Elementativum; em quinto lugar, nove acidentes, quer dizer, nove critérios naturais: a quantidade, a qualidade, a relação, a atividade, a paixão, o ter, a situação, o tempo e o lugar; por último, nove critérios morais, que são as virtudes: a justiça, a prudência, a valentia, a temperança, a fé, a esperança, o amor, a paciência e a piedade, e nove vícios: a inveja, a cólera, a inconstância, a avareza, a mentira, a gula, a devassidão, o orgulho e a preguiça (acedia). Todos esses círculos tinham de ser colocados necessariamente de determinado modo para poder dar como resultado as combinações desejadas. Conforme as regras de colocação, segundo as quais todas as substâncias recebem os predicados absolutos e relativos adequados a estes, deviam ser esgotados a ciência geral, a verdade e o conhecimento de todos os objetos concretos." (Lecciones sobre la historia de la filosofia, III. Trad. Wenceslao Roces [Vorlesungen über die Geschichte der Philosophie. Karl Ludwig Michelet, 1842]. México, Fondo de Cultura Económica, 1981. págs. 149-50)

Vittorio HÖSLE:
" 'O conhecimento de que proposições absolutas (fundamentadas em última instância) só podem ser demonstradas indiretamente, mediante auto-superação das posições contrapostas, não é novo. Remonta a Platão e, provavelmente, já ao Sócrates histórico.'* [*(...) - Raimundo LÚLIO é um mestre em demonstração indireta, em cuja significação também refletiu teoricamente.]" (Die Krise der Gegenwart und die Verantwortung der Philosophie [A crise do presente e a responsabilidade da filosofia]. München, Beck, 1990. pág. 161)

Carl Gustav JUNG:
"Não há que se maravilhar pelo fato de que já numa época bastante remota entre os latinos se manifestasse a analogia entre Cristo e o lapis, pois o simbolismo alquímico está embebido de alegorias eclesiásticas. Ainda que seja indubitável que as alegorias dos Padres da Igreja enriqueceram a linguagem alquímica, a meu juízo não é de modo algum seguro até que ponto o opus alchemicum, com suas distintas formas, possa ser entendido como transformação de ritos eclesiásticos (batismo, missa) e de representações dogmáticas. Verdade é que não se pode discutir o fato de que continuamente foram tomados empréstimos da Igreja, porém as representações de fontes originárias ou fundamentais são elementos que procedem de fontes pagãs, particularmente de fontes gnósticas. Com efeito, as raízes do gnosticismo não se acham certamente no cristianismo, pois este último foi antes influenciado pelo gnosticismo. Além disso, estamos de posse de um texto chinês que data de meados do século II e que mostra uma semelhança fundamental com a alquimia ocidental. Qualquer que tenha sido a relação entre a China e o Ocidente, o certo é que existem idéias paralelas em esferas independentes do cristianismo, em que indiscutivelmente não se pode falar de influência cristã. Whaite (The Secret Tradition, in Alchemy: its Developments and Records, London, 1926) expôs a opinião de que o primeiro que identificou a pedra com Cristo foi o paracelsista Heinrich Khunrath (1560 - 1065), o autor do Amphitheatrum, aparecido em 1598. Em Jacob Böhme, autor de uma época um pouco mais tardia, que empregou muito a linguagem alquímica, o lapis já era uma metáfora de Cristo. A hipótese de Waite é indubitavelmente errônea. Com efeito, possuímos muitos testemunhos anteriores da relação lapis- Cristo; o mais antigo que até agora consegui estabelecer procede do Codicillus (capítulo IX) de Raimundo LÚLIO (1235 - 1315). Se bem que muitos dos tratados que se lhe atribuem possam ter sido escritos por discípulos seus espanhóis e provençais, isso não muda, desde logo, a data aproximada dos escritos capitais aos quais pertence o Codicillus. Em todo caso, não conheço nenhuma opinião fundada que atribua esse tratado a uma época posterior ao século XIV. Nele, lemos: 'E assim como Jesus Cristo, da estirpe de Davi, assumiu voluntariamente a natureza humana para libertar e redimir os homens, prisioneiros no pecado em razão da desobediência de Adão, assim também em nossa arte, o que foi mandado por um é absolvido, lavado e libertado dessa mácula por outro, seu contrário.' " (Psicología y alquimia. Trad. Alberto Luis Bixio [Psychologie und Alchemie, 1943]. Buenos Aires, Santiago Rueda-Editor, 1957. pág. 381)

Jacques LE GOFF:
"LLULL (Ramón): Nascido em Palma de Maiorca, em 1232, Ramón LLULL levou vida muito mundana até, em 1262, resolver dedicar-se à conversão dos infiéis. Aprendeu o árabe e a lógica, que era ensinada nas escolas muçulmanas. Fundou, em 1276, o colégio de Miramar, para formação de missionários. Fez numerosas viagens à Ásia e à África e foi também a Paris, onde fundou uma escola. Em 1292, fez-se terceiro franciscano. Em 1311, no Concílio de Viena, pediu que se combatesse o averroísmo, reclamou o prosseguimento das cruzadas, a fusão das ordens e a criação de colégios para estudo das línguas orientais. Durante uma última viagem, foi lapidado em Bougie e morreu, em 1316, num barco genovês que o levava para Maiorca. Ramón LLULL é autor de mais de 150 obras científicas, literárias, teológicas e pedagógicas, escritas em latim mas, também e principalmente, em árabe e catalão. Essa obra imensa, que sofre decerto influências judaicas (da Cabala), é uma curiosa mescla de misticismo ocultista, erudição científica e filosofia da ação." (A civilização do Ocidente medieval, II. Trad. Manuel Ruas [La civilisation de l'Occident médiéval. Paris, B. Arthaud, 1964]. Lisboa, Editorial Estampa, 1983. pág. 316)

G. W. LEIBNIZ:
" '(...) É certo que existem casos em que não há dificuldade em abandonar a letra, como quando a Escritura atribui mãos a Deus, ou lhe atribui a cólera, a penitência e outros sentimentos; do contrário, seria necessário adotar o ponto de vista dos antropomorfistas ou de certos fanáticos da Inglaterra, que acreditaram que Herodes foi efetivamente metamorfoseado numa raposa quando Jesus Cristo o denominou com esse termo. É aqui que têm o seu lugar as regras da interpretação, e se elas nada fornecem que contrarie ao sentido literal para favorecer a máxima filosófica, e se por outra parte o sentido literal nada encerra que atribua a Deus qualquer imperfeição, ou acarrete algum perigo na prática da piedade, é mais seguro e até mais razoável segui-lo. (...) [Musaeus e Vedelius] discutem também sobre a tentativa de Keckermann, que pretendia demonstrar a Trindade pela razão, como Raimundo LÚLIO* já tentara fazê-lo. Entretanto, Musaeus reconhece com bastante eqüidade que, se a demonstração do autor reformado tivesse sido boa e correta, nada haveria a objetar; neste caso teria ele tido razão em sustentar em relação a esse ponto que a luz do Espírito Santo poderia ser acesa pela filosofia.' [* Raimundo LÚLIO (1235 - 1315), célebre filósofo e mestre de lógica, expôs a demonstração mencionada na Disputatitio Fidei et Intellectus (Discussão entre a Fé e a Inteligência); foi com a finalidade de provar racionalmente as verdades da fé que ele inventou o método universal de descoberta e de demonstração ao qual deu o nome de Grande Arte.]" (Novos ensaios sobre o entendimento humano. Trad. Luiz João Baraúna [Nouveaux essais sur l'entendement humain. Paris, Garnier-Flammarion, 1966]. São Paulo, Abril Cultural, 1980. págs. 408-9 (Os pensadores))

Luiz Carlos LISBOA:
"Entre as pessoas que Eckhart de Hochheim conheceu em Paris nesses anos que ali passou estudando, está um pensador no mínimo estranho. Raimundo LÚLIO, teólogo, apóstolo, missionário e místico, é um viajante intrépido que conhece de cor os pensadores e filósofos árabes, um franciscano da Ordem Terceira, inflamado de amor pelo Cristo, como São Francisco. Nunca se soube com certeza até que ponto o missionário LÚLIO terá aberto os olhos de Eckhart para alguns autores sufis que ele declamava de memória. E fora de dúvida que o dominicano alemão tinha pelo franciscano grande amizade, e talvez muito interesse pelo ouvia dele. Depois de um longo período no clima místico da Alemanha, Eckhart vivia agora a experiência, nova aos quarenta anos, de dedicar-se à memória e à consciência, ao discurso e à lógica, num clima de intensa atividade que destoava do silêncio e da contemplação a que se habituara." (Mestre Eckhart: O diálogo com Deus. S. Paulo, Queiroz, 1986. pág. 8)

Seyyed Hossein NASR:
"(...) A significação metafísica dos sons e letras da língua árabe, a língua sagrada do islão, é também importante nos aspectos esotéricos e místicos dessa religião contidos no sufismo e também no shi'ismo. Esse aspecto da tradição islâmica deixou sua influência em homens como Ramon LLULL e outros autores ocidentais que estavam interessados no significado esotérico da linguagem.(...)
"(...) Outros famosos textos alquímicos, como a Tábua da esmeralda e a Turba Philosophorum, pertencem também à mesma tradição hermética e alquímica islâmica baseada em anteriores fontes alexandrinas, bizantinas e siríacas. (...) Todos esses textos contêm a exposição de uma filosofia hermética que competia com as mais conhecida escola peripatética. Também no ocidente, a tradução desses e de outros textos originou a alquimia e o hermetismo latinos, que durante toda a Idade Média e o Renascimento, desde LLULL a Paracelso e Fludd, foram sérios rivais do aristotelismo.(...)
"Ibn 'Arabi não foi traduzido diretamente ao latim, porém ele e os sufis em geral exerceram certa influência por meio do contato esotérico que se produziu entre o islão e o cristianismo mediante a Ordem do Templo e os Fideli d'amore. Elementos de Ibn 'Arabi são particularmente discerníveis em Dante e também em Ramon LLULL. Os místicos cristãos 'gnósticos', como o Mestre Eckhart, Angelus Silesius e o próprio Dante, mostram de fato certas semelhanças com Ibn 'Arabi e sua escola, situação que amiúde se deve mais a uma similaridade de tipos espirituais que a influências históricas.(...)
"(...) Durante a Idade Média, cristãos, judeus e muçulmanos consideraram Hermes o fundador das ciências. Na verdade, os tratados atribuídos a ele foram estudados por eruditos de quase todos os ramos da ciência. Nessa época, figuras muçulmanas como Jabir ibn Hayyan, os Ikhwan al-Safa, al-Jildaki, al-Majriti, Ibn Sina (Avicena) e Sohrawardi, e também importantes pensadores europeus como Ramon LLULL, Alberto Magno, Roger Bacon e Roberto Grosseteste, foram profundamente influenciados pelo hermetismo, os ocidentais principalmente por meio do contato com fontes islâmicas.(...)" (Vida y pensamiento en el Islam. Trad. Esteve Serra [Islamic Life and Thought, London, George Allen & Unwin, 1981]. Barcelona, Herder, 1985. págs. 88; 101; 113; 144)

José Américo Motta PESSANHA:
"Bruno nasceu em 1548 (...) recebeu o nome de Filipe, mudado depois para Giordano, quando vestiu o hábito de clérigo (...) Durante dez anos viveu a vida conventual até doutorar-se em teologia em 1575. Nesse período estudou avidamente quase toda filosofia grega e medieval e a cabala judaica, deixando-se impressionar particularmente pelo 'onisciente LÚLIO' (1233 - 1315), o 'magnânimo Copérnico' (1473 - 1543) e o 'divino Cusano' (1401 - 1464). Esses estudos acabaram por afastar Bruno da ortodoxia católica e motivaram constantes censuras e admoestações dos superiores. Afinal foi processado por heresia, mas se salvou fugindo para Roma." (Bruno: vida e obra in Bruno, Galileu, Campanella. Trads. Helda Barraco, Nestor Deola e Aristides Lobo. S. Paulo, Abril, 1978. pág. VIII [Os pensadores, 10])

Paul ROUSSET:
"(...) a partir de 1291, o ano da tomada de São João d'Acre pelos muçulmanos, completou-se o período das Cruzadas gerais (...) Os apelos à Cruzada e os projetos de Cruzada por parte dos papas serão ainda numerosos, mas quase não terão eco. Por outra parte, o desenvolvimento das missões veio pouco a pouco e entre os melhores substituir a Cruzada; [já] vimos (...) o início dos esforços missionários das Ordens mendicantes. Graças ao catalão Raimundo LÚLIO, em especial, fixaram-se princípios, elaboraram-se métodos, em suma, esboçou-se uma doutrina missiológica que devia, no pensamento desse teólogo, substituir a Cruzada. Na realidade - e as dificuldades encontradas por esse missionário bem o demonstram -, essa doutrina nova, esse comportamento insólito, praticamente não foram compreendidos nesse começo do século XIV; a Cruzada verdadeira já não era praticada nessa época e a atividade missionária mal se havia iniciado. É notável constatar, no entanto, que as missões dos Dominicanos e dos Franciscanos na Terra Santa não desapareceram inteiramente com os Estados latinos; uma Cruzada pacífica vinha suceder à Cruzada guerreira.(...)
"É comovente pensar que (...) na Itália, uma humilde mulher da Ordem terceira de São Domingos, Catarina Benincasa, queria a Cruzada (...) A mística de Sena dá (...) o argumento muitas vezes utilizado pelos pregadores de Cruzada: a expedição à Terra Santa devia permitir que se pusesse fim à guerra entre cristãos. Santa Catarina teria pretendido devolver a paz à Itália a fim de tornar possível 'a santa e doce Cruzada' (...) Catarina tinha sobre a conversão dos infiéis as opiniões tradicionais, e não as de um Raimundo LÚLIO ou as de um são Francisco de Assis; cuidava ela que a força das armas era o meio de obter a conversão dos pagãos; ignorante das contingências, estava, à sua maneira, imbuída dos espírito de Cruzada numa época em que este se dissipava." (História das cruzadas. Trad. Roberto Cortes de Lacerda [Histoire des croisades. Paris, Payot, 1978]. Rio, Zahar, 1980. págs. 217; 220)

Michele Federico SCIACCA:
"Contra o averroísmo e em defesa da ortodoxia católica, escreve o franciscano catalão Raimundo LÚLIO (1235 - 1315), famoso por sua ars magna, uma espécie de sistema lógico ou arte de combinar os termos simples para descobrir os princípios do saber. Mais que como filósofo, é importante como apologista e místico. Segundo Lúlio, a própria fé suscita no crente as razões necessárias que a justificam." (História da filosofia, I: Antigüidade e Idade Média. Trad. Luís Washington Vita [La filosofia nel suo sviluppo storico. Roma, Edizioni Cremonese, 1941]. São Paulo, Mestre Jou, 1967. pág. 245)

Henri SÉROUYA:
"O catalão Raimundo LÚLIO (1235 - 1315) via na Cabala o sumo do conhecimento. Seu De auditu Cabbalistica foi considerado apócrifo pela crítica moderna. Em compensação, sua Ars Magna, ligada à mística das letras para os cálculos messiânicos cristãos, deriva da Cabala. Na realidade, o primeiro pensador cristão que se entusiasmou pela Cabala foi Pico de la Mirandola (1461-93), condenado pela Inquisição, como o fora, antes dele, Mestre Eckhart, por suas visadas demasiado avançadas. (...)" (A cabala. Trad. Neila Cecilio [La kabbale. Paris, PUF, s/d]. S. Paulo, DIFEL, 1979. pág. 121)

Mário B. SPROVIERO et Aida R. HANANIA:
"O ideal de um conhecimento racional e 'apriorístico' (no sentido de uma ciência geral, anterior e comum a todas as ciências: uma ciência das ciências), o ideal de uma Mathesis Universalis, proposta por vários autores ao longo da História - dentre os quais, destacamos o arabista catalão Raimundo LÚLIO (ca. 1232 - 1316) e o próprio Leibniz (...) - redundou, em termos concretos, nas empíricas e 'aposteriorísticas' enciclopédias do século XVIII, que perduram até hoje, em que ocorre apenas a justaposição de saberes e não sua desejável urdidura em um único tecido." (Os Estudos Orientais no Âmbito da Universidade in http://www.hottopos.com/mirand 2/os.htm)

Rudolf STEINER:
"(...) Como não vivenciou realmente o espírito enquanto espírito em si, Giordano Bruno pôde confundir a vida do espírito com os desempenhos de funções mecânicas exteriores, com as quais Raymundus LULLUS* (1235 - 1315), em sua assim chamada 'Grande Arte', queria desvelar os mistérios do espírito. Um filósofo contemporâneo, Franz Brentano, descreve essa 'Grande Arte' assim: 'Conceitos são desenhados sobre discos concêntricos giratórios e, desse modo, são produzidas as mais diversas combinações.' O resultado obtido pelo giro casual dos discos sobrepostos é, então, transformado em juízo sobre as verdades supremas. Em suas múltiplas viagens errantes pela Europa, Giordano Bruno apresenta-se em diversas Universidades como professor dessa 'Grande Arte'. (...) [* Catalão de Maiorca que, após uma vida dissoluta, abdicou de todo brilho exterior, transformando-se em 'soldado de Cristo'. Via sua missão principal na superação intelectual do arabismo. Após múltiplas disputas públicas vitoriosas, que lhe renderam perseguição e aprisionamento pelos árabes, LULLUS morre como mártir. Foi franciscano e trazia o nome 'Doctor illuminatus'.]" ( Die Mystik im Aufgange des neuzeitlichen Geisteslebens und ihr Verhältnis zur modernen Weltanschauung [A mística no nascimento da vida espiritual moderna e sua relação com a visão de mundo contemporânea]. Dornach, Rudolf Steiner Verlag, 1977 [1901]. págs. 135; 164)

Pierre VILAR:
"Pode-se dizer que os momentos de maior harmonia conhecidos pela Espanha foram os do séc. XIII. Em Castela, de 1230 a 1252, reina São Fernando, não menos cristão que seu primo Luís, porém mais realista, porque limita a idéia de cruzada ao horizonte espanhol, e mais amplo de espírito, já que se diz 'rei das três religiões'. Em Aragão, reina o vigoroso catalão 'En Jaume', o Conquistador, batalhador e poeta, brutal e galante sem escrúpulo, porém rodeado de santos: Raimundo de Peñafort, Pedro Nolasco e o extraordinário Ramon LLULL. O Islão retrocede e as catedrais são erigidas. É o triunfo geral do mundo cristão." (Historia de España. Barcelona, Editorial Crítica, 6.ª ed., 1978. pág. 30-1)

Wilhelm WINDELBAND:
"Raimundo LÚLIO (da Catalunha, 1235 - 1315) intenta uma exposição racional da doutrina eclesiástica, com fins apologéticos e de propaganda; é conhecido principalmente por seu raro descobrimento da ars magna, isto é, um mecanismo no qual, por uma combinação dos conceitos fundamentais, há de gerar-se um sistema de todos os conhecimentos possíveis. Um extrato dele, em J. E. Erdmann, Lógica, I, parágrafo 206. Cf. º Keicher (Beitr., VII). Suas tentativas são repetidas no século XV, por Raimundo de Sabunde, um médico espanhol que lecionou em Toulouse e despertou grande admiração por sua Theologia naturalis (sive liber creaturum).(...)"
"Há que sublinhar, portanto, que a escolástica, nesse seu elevado ponto de vista, está muito longe de identificar filosofia e teologia ou de converter em tarefa da primeira, como se tem dito amiúde, a total conceituação do dogma. Tal interpretação aparece nas origens da ciência medieval (Anselmo) e se encontra esporadicamente nos tempos de sua dissolução. Assim, Raimundo LÚLIO, por exemplo, esboça sua ars magna, essencialmente, com o propósito de tornar factível uma exposição sistemática de todas as verdades e, desse modo, servir-se dela para convencer a todos os 'infiéis' da verdade da religião cristã. (Essa invenção estranha e, em certo sentido, interessante, mas, também, freqüentemente artificial consiste num sistema de anéis concêntricos, dos quais cada um contém um grupo de conceitos distribuídos em setores circularmente delimitados e por cujo deslocamento se originam todas as combinações possíveis de noções, que devem assinalar os problemas e dar as respostas. Assim, há uma figura A (Dei) que contém toda a teologia, uma figura animae que abarca a psicologia, etc. Ensaios mnemotécnicos e outros, que apontam o descobrimento de uma linguagem universal ou de uma simbólica filosófica, encontram-se com freqüência nessa arte combinatória; da mesma forma, aparece em relação com essas tentativas a origem de um cálculo algoritmo.) O mesmo quis provar também Raimundo de Sabunde, com ajuda da arte luliana, que, ainda que Deus se revela de dois modos (na Bíblia, Liber scriptus; e na natureza, Liber vivus), o conteúdo de ambas revelações (das quais uma está na base da teologia e a outra, na base da filosofia) tem de ser necessariamente o mesmo. Porém, na época clássica da escolástica, teve-se sempre clara consciência da distinção entre teologia natural e teologia revelada e tanto mais se insistiu nisso, quanto mais a Igreja teve ocasião de tomar precauções contra a confusão de sua doutrina com a teologia 'natural'." (Historia general de la filosofia. Trad. Francisco Larroyo [Lehrbuch der Geschichte der Philosophie. J. C. B. Mohr (Paul Siebeck)]. México, Editorial "El Ateneo", 1960. págs. 278, 281)

Frances A. YATES:
"O lulismo não é nenhum assunto secundário e sem importância na civilização ocidental. Sua influência ao longo de cinco séculos foi incalculavelmente grande. LÚLIO esteve na Itália, os manuscritos de sua obra foram divulgados muito rapidamente ali e Dante pode tê-los conhecido. Se a geometria luliana influiu na teoria arquitetônica italiana é, ao que me parece, uma pergunta que jamais se fez. O Renascimento apoderou-se do lulismo com grande entusiasmo; de fato, talvez não seja exagerado dizer que o lulismo tenha sido uma das forças principais no Renascimento. Pico della Mirandola reconheceu que seu sistema devia muito à Ars combinatoria de Raimundus. Nicolau de Cusa colecionou e copiou pessoalmente manuscritos lulianos. Giordano Bruno e Agrippa de Nettesheim eram ambos lulistas. Também o era John Dee, uma das figuras mais influentes no pensamento da Inglaterra elisabetana. As teorias médicas lulistas foram conhecidas por Paracelso. Em Paris, um dos primeiros lugares do lulismo no século XIV, foi revivido intensamente no século XVI quando, por intermédio da influência de Lefèvre d 'Etaples, se estabeleceu uma cátedra de lulismo na Sorbonne. O lulismo continuou sendo entusiasticamente cultivado em Paris ao longo do século XVII, e o sistema foi seguramente conhecido por Descartes, que reconheceu que estava presente em seu espírito quando concebeu seu novo método para constituir uma ciência universal. Houve uma revivescência em grande escala do lulismo na Alemanha do século XVIII, cujo produto final foi o sistema de Leibniz. E tudo isso enquanto a tradição alquímica pseudoluliana prosseguia seu misterioso curso.
"Durante os séculos da influência viva do lulismo, os lulistas sabiam muito mais do nós sobre a maneira de operar com a Arte luliana, pois utilizavam os manuscritos. É tempo sem dúvida de que também nós os utilizemos e tratemos de conhecer melhor a verdadeira natureza desse grande monumento que dominou durante tanto tempo o cenário europeu: a Arte de Ramon LLULL." (Ensayos reunidos, I: Lulio y Bruno. Trad. Tomás Segovia [Lull & Bruno. Collected Essays. Volume I. London, Routledge & Kegan Paul, 1982]. México, Fondo de Cultura Económica, 1990. págs. 123-4)

James Francis YOCKEY:
"Em seu desenvolvimento intelectual e espiritual, Nicolau de Cusa sofreu grande influência de quatro vultos: Platão e Ramon LLULL foram seus guias intelectuais; seus guias espirituais foram mestre Eckhart e Hildegard de Bingen. Entretanto, Nicolau não experimentou uma dicotomia entre o racional e o místico. Ao contrário, foi por meio da mistura orgânica de matemática, misticismo e filosofia que sua obra adquiriu força e originalidade.(...)
"Quanto à influência de Ramon LLULL, Nicolau possuía mais manuscritos de LLULL do que de qualquer outro autor. De fato, adquiriu mais de um quarto dos títulos de LLULL. Cusa apropriou-se dos discernimentos matemáticos e científicos de LLULL, dando-lhes um toque pessoal por meio da adaptação teológica. Assim, muitas vezes é difícil determinar onde termina o pensamento de LLULL e se inicia o de Nicolau." (Meditações com Nicholas de Cusa. Trad. do inglês por Barbara Theoto Lambert [Bear & Co.]. S. Paulo, Gente, 1993. págs. 17-8)

Outros Sítios:
Studies on Ramon Llull Home Page
Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio (Ramon Llull)
http://ceda r.evansville.edu/~ecoleweb/glossary/llull.html
http://www.bitel.es/dir~mira mar/home.htm
http://ww w.chemnitz-online.de/wiedemann/medieval/lullus.htm
http://www.edinfor.pt /anc/anci-nocturlabio.html
http://www.erlbaum.com/1591.htm
http://www.g eocities.com/Athens/Forum/5284/institut.html
http://www.hum.auc.dk/~thessa/
http://www.intercom.es/ folch/poesia/llull.htm
http://www.levity.com/alche my/span22.html
http://www.levity.com/alche my/span25.html
http://www.readysoft .es/home/algaida/honores.htm
http://www.rz.un i-hildesheim.de/ami/pool/136_995.htm
http://www.uni-freibu rg.de/theologie/ab/qut.htm
http://www.xtec.es/ ~jquintan/llull98/llullcas.htm
http://www-city .europeonline.com/home/ctej/Llull.html
http://www-groups.dcs.st-and.ac.uk/~history/Mathematicians/Llull.html
http://www-mat.upc. es/grup_de_grafs/llull_bio.htm

 
  *Edson Dognaldo Gil
 


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