Dificuldades
encontradas nos grupos (I)
- Instabilidade e falta de motivação -
(Equipas de
animadores - Abril 1996)
O grupo de jovens como um
grupo "primário"
O grupo de jovens deve
possibilitar uma relação "cara-a-cara", isto é, os
seus membros conhecem-se pessoalmente e têm uma relação
directa, afectiva e espontânea. É, portanto, um grupo reduzido
de pessoas que partilham objectivos e normas comuns que, ainda
que não estejam escritas, são duradouras e importantes.
O grupo é o mediador entre a
religiosidade institucional e a religiosidade pessoal. É a
melhor forma de iniciação para o cristão que quer viver a sua
fé a sério.
A primeira preocupação do
animador de um grupo é, pois, que este "funcione" como
grupo, isto é, que os seus membros sejam conscientes das suas
relações e das suas responsabilidades recíprocas, que a
comunicação seja de qualidade e leve a um aprofundamento, que o
ambiente possibilite a partilha sincera e espontânea, que todos
se sintam estimados e aceites.
O número óptimo para conseguir
estas características está entre os 10 e 15 membros. À medida
que se ultrapassa esse número é necessário haver
"compensações":
- "Programar"
encontros pessoais entre todos os membros do grupo, para
além dos espontâneos, para promover a mútua confiança
e evitar a "desunião" do grupo.
- Evitar a tentação de se
contentar com a coesão conquistada e estar aberto aos
novos membros, aos que estão em crise...
- Programar momentos fortes,
mais frequentes e mais intensos, para aumentar a coesão
e superar as dificuldades de coesão.
- É necessário, sobretudo,
que o grupo fundamente a coesão não apenas nas
relações pessoais mas também nos valores e objectivos
comuns.
Crises e obstáculos
Um grupo é um ser vivo: passa
por bons e maus momentos. Sofre crises de crescimento e
dificilmente amadurece se não acontecem essas crises.
Eis alguns dos perigos ou
dificuldades mais frequentes e algumas linhas de actuação:
- O grupo é visto como algo
de entretenimento ocasional que facilmente se
deixa por qualquer motivo. Os membros do grupo não
estão identificados com o grupo.
É absolutamente necessário que haja uma fidelidade às
reuniões do grupo, salvo excepções muito justificadas.
Esta "obrigação" não pode ser imposta mas
deve surgir dos próprios membros do grupo. Para isso, é
necessário proporcionar elementos e estruturas que
favoreçam a identificação dos membros com o grupo e
que se sintam bem nele.
- O grupo tende a reduzir-se
a um "grupo de amizade", ou um "grupo para
fazer coisas", ou um "grupo de discussão de
temas", ou um "grupo para desabafar os
problemas", ou mesmo um "grupo de
oração".
O grupo é mais do que isto, mesmo que integre estas
dimensões como elementos parciais do processo. Nestas
situações é preciso provocar uma revisão sobre os
objectivos do grupo para avaliar a sua realização.
- A tentação do "psico-grupo"
em oposição ao "socio-grupo". O
"psico-grupo" constitui-se em função dos
problemas ou necessidades internas dos membros do grupo:
bem-estar, boas relações, resolução de problemas
psicológicos... Pelo contrário o
"socio-grupo" constitui-se em função da
realidade externa ao grupo. Os seus objectivos
encontram-se fora do círculo grupal.
O normal é que o grupo vá evoluindo do
"psico-grupo" para o "socio-grupo",
sem que nenhum destes aspectos se anule totalmente.
- O grupo fecha-se sobre
si mesmo, porque os seus membros se sentem bem
nele... Recusa-se a entrada de novos elementos para não
romper a harmonia. Realizam-se actividades externas, mais
como um necessidade psicológica de projecção do que
como transformação da realidade e do grupo.É
necessário romper com esta visão. Um grupo cristão é,
por essência, aberto: para dentro permitindo a entrada
de novos elementos; para fora no sentido de que o grupo
deve ser a "rampa de lançamento" para a
realidade externa ao grupo, para transformá-la e
deixar-se interpelar por ela.
- Crise por falta de
entendimento entre alguns membros do grupo. A crise
é mais frequente em grupos mistos (rapazes-raparigas) e
mais grave quando têm por origem desavenças afectivas.
Normalmente, a única solução é saber esperar, mas
ajudando os interessados e todo o grupo a relativizar o
problema, a discuti-lo abertamente quando for razoável,
e a subordiná-lo aos objectivos do grupo.
- Às vezes, alguns membros inibem-se,
deixando que sejam sempre os mesmos a falar, a tomar
decisões... Pode acontecer até que um ou dois assumam
uma liderança absorvente ou tendam a neutralizar os
outros membros do grupo.
Cabe ao animador chamar a atenção do grupo ou dos
interessados para o problema. Se bem que não se pode
exigir a todos o mesmo grau de participação, há que
conseguir que todos se comprometam e intervenham a partir
da sua própria experiência.
- Pode-se esperar que o grupo
proporcione o que é mais próprio de um grupo de amigos
ou de um grupo desportivo...? O normal é que sejam
diferentes tipos de grupo. A pessoa deve realizar-se em
diferentes âmbitos, de trabalho, de diversão, de
amizade... e de busca de sentido para a vida, que é o
específico do grupo cristão.
Também é certo que, à medida que aumenta a coesão do
grupo aumenta também a relação afectiva, a necessidade
de divertir-se juntos, de trabalhar juntos, de fazer
projectos juntos... mas com uma clara hierarquização
entre estas funções e sem cair na tentação de ser
alternativa total aos outros grupo que satisfazem as
diferentes necessidades da pessoa.
© Equipa
Arciprestal da Pastoral Juvenil de Barcelos
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Última revisão: 21-04-1997