A MALDIÇÃO DE PERSIGA
Kádimila Vâmida era uma garota rica, porém incompreendida por seus pais. Com sua mesada de 1.000 reais, ela tinha tudo o que queria, dos mais belos vestidos aos mais belos homens. Mas nada daquilo lhe preenchia a alma, atormentada pela solidão e pelo desejo incontido de ter amigos verdadeiros, pois todos que a cercavam queriam usá-la e nada mais.
Um belo dia, enquanto fazia compras em Chinatown, avistou uma singela lojinha de artigos umbandísticos chineses. Movida pela curiosidade, ela adentrou a loja e deparou-se com vários artefatos inusitados. Entre velas coloridas com formato de dragões, imagens de Buda, Hitler e Mussilini e fotos da deusa tibetana Brida, Kaká vislumbrou com olhos fartos um objeto que, por alguma razão secreta, lhe chamou a atenção. Era uma minúscula peça de porcelana dourada que trazia uma inscrição em sânscrito antigo. Não hesitando um só segundo, Kadimila comprou-o, mas na pressa, nem sequer ouviu o aviso do dono da loja, que mencionou algo sobre tal objeto ser amaldiçoado.
Já no avião, a caminho de casa, ela tirou a peça do bolço e um velho curioso que sentava ao seu lado, ao ver aquele objeto, disse-lhe logo: "Isso aí e um pivô, uma peça de porcelana que se coloca no dente quando se perde o original". Ela tentou ler o que estava escrito. Teve muita dificuldade, pois, por ser muito velho, certas letras estavam levemente danificadas. Porém, com muito esforço, foi juntando símbolo por símbolo e ficou petrificada quando conseguiu lê-los em uma palavra... P E R...
Dias depois, a equipe de resgate só conseguiu encontrar entre os destroços do avião uma mão fechada que parecia ser feminina e em seu interior havia um objeto que se assemelhava a um pivô dentário. O bombeiro segurando-o na mão, tentou ler a estranha inscrição. Ele olhou para os lados e, como nenhum de seus colegas estava prestando atenção, guardou-o no bolso pensando em presentear sua filha que acabara de passar no vestibular para curso de Psicologia na Universidade Federal de Goiânia.