UMA PORCA CHAMADA SULA

    Era uma vez uma porca. Morava ela no curral de Titia, às margens do rio Itacaiúnas. Seu hobbie era comer lixo, rolar-se na lama e ler clássicos da literatura infantil. Lia, comia e dava o priquito até não agüentar mais. O tempo passou e esta porca chamada Sula um dia estava tão gorda que mal podia andar. Sua dona já a olhava com água na boca, pensando em como a prepararia para a ceia de círio de Nazaré. A vida de Sula tornou-se um pesadelo, pois por mais que tentasse fazer um regime, acabava engordando mais ainda. Seu fim era inevitável.
    Pensou em disfarçar-se de elefante, mas tal tentativa foi em vão, pois onde quer que ela fosse a formiguinha ia junto dela pra quer fuder. Então, num belo dia, às margens do rio, ela teve uma brilhante idéia. Comprou um kit de mergulho de última geração e pulou n’água. Navegou por mares nunca dantes navegados e encontrou uma raça estranha e exótica, cujos indivíduos eram metade vitória-régia, metade sapos. Sula sentiu-se em casa, pois aqueles seres, apesar de serem muito diferentes dela, a trataram como rainha. Trocou seu nome então para Orca, tirando apenas a letra P da frente.
    Vestiram-na de forma encantadora. Para Sula, somente os vestidos feitos com a mais pura das algas marinhas. Em seu pescoço e braços, apenas as pérolas mais originais e raras que o reino possuía.     Mais que de repente, um banquete dos mais variados petiscos marinhos se formou à frente de Sula.    Ela comeu, comeu, comeu até não agüentar mais, mas havia muita comida e, como ela tinha o olho maior que sua barriga, não conseguia parar de comer. Foi então que teve uma brilhante e singular idéia.       Correu para o banheiro e pôs-se a enfiar o dedo na garganta. E toda vez que se sentia cheia, Sula corria para o banheirão para vomitar, mal sabendo que daquela forma estava protelando a sua existência na Terra, pois o prato predileto desses seres era Sula à cabidela. Sula, na sua terna burrice e ingenuidade, percebera que o mundo, no final das contas, não era um lugar tão ruim de se viver. Mas como diz o velho ditado: "não há leitão que não seja servido com uma maçã e não há altão que viva sem uma anã", chegou o grande dia em que Sula seria servida como prato principal. Amarraram-na com cordas nos braços e pernas e em sua boca enfiaram um nabo. Mas no exato momento da sangria, apareceu Persiga, que livrou-a das cordas e consequentemente de seu fatal destino.
    Persiga então levou Sula de volta para o curral de titia sã e salva. Persiga foi embora com a impressão de ter realizado uma boa ação, pois afinal, a Sula poderia estar morta.
    Depois de uma semana Sula foi servida com molho rosê na fazenda de titia.

 

 

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