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A EVOLUÇÃO DA POLÍTICA

Pedro Orlando Ribeiro

    Eu gostaria de saber se há algo escrito por Pietro Ubaldi referente à evolução da política.

   A Política, como qualquer fenômeno da vida ou da matéria, não poderia deixar de sofrer a influência das onipresentes forças evolutivas que atuam em tudo o que existe, da matéria ao pensamento. Embora, no momento, a atividade política possa nos parecer uma caótica luta pela domínio de alguns sobre a maioria - semelhante a feroz luta pela sobrevivência do mais forte do mundo animal - ela, no entanto, evoluiu de situações muito mais duras e injustas que as atuais.

    Ubaldi não poderia deixar de abordar um assunto tão importante para a vida como é a Política e a sua evolução. Na sua extensa obra, ele o desenvolve detalhadamente. A partir do livro A Grande Síntese e no curso de todos os seus 24 volumes, este tema é examinado pormenorizadamente.

    A Grande Síntese revela nos capítulos 96, 97, 98 e 99, em linhas gerais, as leis e conceitos que dirigem a evolução da Política, do Estado e das forças sociais. Descreve o caminho percorrido pela evolução no campo político, através do método da seleção biológica desde as suas origens coativas, ou seja pelo arbítrio de um vencedor, passando em seguida pelo arbítrio das maiorias, chegando nos nossos dias, a função coletiva:

“(...)no princípio, um poder absoluto subdividido, como no feudalismo; depois, um poder absoluto, concentrado nas mãos do mais forte (monarquia), vencedor de uma classe inteira, mais tarde domesticada e convertida nas cortes (classe aristocrática). O centro ainda se ressentia das origens familiares, o cabeça era dominador de consangüíneos e o poder hereditário. Isto demonstra que o poder nasceu na família, nas mãos do chefe, e a família é o instituto basilar da sociedade humana. Nesta fase, o poder é conquista, a função dirigente atravessa a fase de luta, própria das formações, correspondente à da força, ainda não elevada a direito e justiça. Estamos na perfeição da monarquia absoluta, do Roi Soleil (Luís XIV), que dizia: “L'État c'est moi” (“Eu sou o Estado”). Meio século de abusos com Luís XV e, com Luís XVI, o sistema desaba. Como todos os fenômenos, também o político procede por amadurecimento de ciclos. A revolução reage com um poder absoluto confiado às maiorias. O rei era o povo. Foi chamado de poder representativo, democrático; passava do máximo de concentração ao máximo de descentralização. (P. Ubaldi – A Grande Síntese – Cap. 97)”

    Sua concepção de poder derruba a errônea crença de que é o homem que faz a história. Ao contrário:

“É a história que utiliza os homens para seus fins, quando os coloca em evidência, e não os homens que a conquistam para si e se impõem a ela. A idéia de conquista e vantagem pode ser um mecanismo necessário para movimentar as mentalidades inferiores. A massa contém sempre uma reserva de grandes homens para todas as suas necessidades e chama ora um, ora outro, de acordo com sua especialização, para que sua personalidade renda o máximo. (P. Ubaldi – A Grande Síntese – Cap. 96)”

    Substitui a idéia de que as ideologias e sistemas de governo são as causas primárias da evolução política pelo conceito do mecanismo da oscilação entre impulsos e contra-impulsos, caracterizados na prática histórica por abuso e reação corretora. Esta oscilação entre dois extremos é o fator preponderante na formação da consciência coletiva. Assim, para um olhar abrangente, os fatos políticos e históricos parecem fluir como um rio cheio de meandros, com avanços e recuos. Isto, não é de se admirar, pois como qualquer fenômeno a política e a história seguem uma trajetória como a demonstrada no famoso gráfico (figura 4) de A Grande Síntese.

    Como exemplo histórico podemos lembrar a revolução Francesa que após derrubar uma monarquia absoluta implantando um governo de maioria, acaba por seus excessos e abusos na tirania Napoleônica e por fim na restauração da monarquia de Luis XVIII, num evidente recuo ao ponto de partida. Outro exemplo é o da Revolução Russa que surgiu de uma reação aos abusos do czarismo. O propósito da revolução era libertar o povo russo de um regime de milenar servidão e, paradoxalmente, terminou por retornar ao ponto de partida ao implantar um regime totalitário - o stalinismo - semelhante ao czarismo. Só em um novo ciclo histórico estas conquistas políticas se restabelecem e se fixam. Portanto, a afirmação de que a História se repete tem um fundo de verdade. Mas, há uma diferença: o retorno nunca se dá exatamente no mesmo ponto de partida e sim um pouco acima, pois a trajetória do fenômeno segue o ritmo de três fases de avanços para duas de recuo, conforme mostra o gráfico do Desenvolvimento da trajetória dos movimentos fenomênicos na evolução do Cosmo (fig 4 de A Grande Síntese).

    A evolução da História é semelhante a figura mitológica de Sísifo, cuja tarefa imposta pelos deuses do Olimpo era de empurrar uma imensa pedra morro acima. Quando atingia o cume a pedra sempre rolava para o sopé do morro obrigando a Sísifo a empurra-la novamente para o alto, repetindo seu gesto eternamente num ciclo infindável. Entretanto, os fatos históricos comportam de maneira um pouco diferente do mito, o novo ponto de partida fica sempre um pouco acima do ponto de partida inicial. Há sempre um ganho no cômputo geral.

    Como um exercício de futurologia pode-se especular sobre o futuro da idéia da justiça social, surgida com a Revolução Russa, após o seu aparente colapso com a queda do muro de Berlim e o conseqüente revigoramento de ideologias do tipo neo-liberais-capitalistas. Ubaldi nos sinaliza o caminho para compreendermos qual será a trajetória deste fenômeno no futuro:

O conteúdo das ideologias diz respeito a outros séculos, pois não se improvisa um modelo de vida social novo em poucos anos e o mundo ainda vive nos velhos sistemas, os únicos que até agora foram assimilados. Mais tarde as ideologias se transferirão a outros povos que as adaptarão a si, naquilo que lhes sirva, esquecendo até talvez sua origem russa, já longínqua no tempo. É esse um trabalho longo e profundo, que só a inteligência da História conhece, um trabalho que os homens de hoje não conhecem e de que se não dão conta. Eles estão ligados aos acontecimentos históricos imediatos, que representam o desenvolvimento daquelas proposições que se devem exprimir na forma concreta dos fatos. (P. Ubaldi – Profecias- Cap1)

    Para se aprofundar neste tema recomenda-se a leitura dos seguintes capítulos da obra de Ubaldi:

  • Capítulos 96, 97, 98 e 99 de A Grande Síntese.
  • Capítulos 2 e 3 do livro Ascensões Humanas.
  • O Capítulo: A Hora de Napoleão do livro Fragmentos de Pensamento e de Paixão (Quinta Parte) .
  • Capítulo 1 do livro Profecias.
  • Capítulos 1 e 2 do livro Problemas Atuais.
  • Capítulo 7 do livro Um Destino Seguindo Cristo.
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