Respostas a Dúvidas
sobre a Perfeição do Sistema | Mensagem Original
Cláudio Fajardo | Dúvidas sobre
a Perfeição do Sistema Lendo os textos Perfeição
e Individualidade, Liberdade e Perfeição e A
Essência de Cristo (para ver o texto clique no nome do artigo) novas dúvidas
surgiram. Na realidade não são novas, mas desdobramento das primeiras. Desta forma, uso a lista (http://br.groups.yahoo.com/group/pietroubaldi) para que
possamos continuar conversando, e para que os amigos possam esclarecer-me. Coloco em azul o texto original,
e em vermelho minhas dúvidas e colocações.
PERFEIÇÃO E INDIVIDUALIDADE Dissemos, no entanto que eram livres e que viviam num sistema
hierarquizado. Partindo do principio que Deus criou um SISTEMA PERFEITO é evidente que cada criatura tem um
conhecimento proporcional à sua colocação dentro deste Sistema Orgânico. Se há uma hierarquia
desde o início, subtende-se que Deus criou uns Espíritos mais Sábios do que outros. Provavelmente foram os
menos sábios que entraram na queda. Haveria nisto justiça? A Justiça tem que ser um dos componentes básicos
de um Sistema Perfeito. Ao mesmo tempo em que
concluímos que a perfeição está no equilíbrio entre duas forças opostas e complementares, não podemos
cercear a manifestação isolada de qualquer uma destas duas forças. Assim, num sistema perfeito é direito da
criatura a prática e o uso de seus atributos. Se o equilíbrio fosse determinístico não existiria a liberdade
e nem o amor e desta forma o Sistema seria uma imposição escravagista. Isto quer dizer que no
princípio não havia uma perfeição, e sim um germe dela? Se sim, como atingiriam a perfeição os Espíritos que
não entraram na queda? Eles evoluiriam normalmente por lá? Desta forma, podemos admitir que antes da queda
as criaturas eram perfeitas e não imbuídas de inveja, de vaidade, de sede de poder, como você afirmou, pois
participavam de um organismo harmônico e equilibrado. Estes defeitos surgiram devido ao uso de apenas um dos
atributos: o egocentrismo. O organismo era equilibrado, porém os espíritos não eram? Seria Isso? Ou seja, o
componente egocentrismo era maior que o componente amor? Este equilíbrio foi
rompido pela criatura usando a prerrogativa da sua liberdade em prejuízo do amor que cimentava o Sistema.
Pelo que eu estou entendendo, a dualidade surgiu com a cisão, ou seja, no Sistema vigora a unidade, com a
queda surgiu a dualidade. Mas por mais que se queira explicar este desequilíbrio entre egocentrismo e amor,
teria de haver rebeldia, inveja, e vaidade sim pois se não houvesse não haveria a revolta. Liberdade não é
sinônimo de erro, todos tinham liberdade, só uns cindiram. De onde veio este aspecto negativo, se no Sistema
vigorava a Unidade? E uma outra pergunta ligada a uma anterior. Se no Sistema vige a Unidade, os que lá
permaneceram conseguem evoluir só na Unidade? Seria possível haver evolução sem haver dualidade? LIBERDADE E PERFEIÇÃO Aqui, deparamos com uma possível contradição: poderá
existir liberdade dentro de um Sistema cuja característica principal é a PERFEIÇÃO? Explicamos: o que é
perfeito por natureza não pode admitir a livre escolha, se assim fosse não seria perfeito. Ubaldi esclarece
bem este ponto: "Compreende-se que a perfeição não pode deixar de ser determinística, no sentido de que só o
melhor absoluto pode ocorrer. Seria talvez muita
pretensão minha dizer que não concordo com parte deste texto, todavia tenho que me manifestar. Não entendo
liberdade como algo negativo ou imperfeito, Negativo é o mau uso da liberdade. O Apóstolo Paulo nos faz a
seguinte observação: "Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade." (2
Coríntios 3:17); Jesus confirma: "…e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." João 8:32. A
perfeição é determinística porque quando a atingimos, fazemos da vontade de Deus a nossa vontade, ou seja,
não é que não sejamos livres, e sim que usamos a liberdade para acertar. Se isso não fosse uma realidade, o
Sistema seria escravagista, mesmo permitindo a revolta àqueles que quiseram, pois os que lá ficaram ficariam
sob um regime autoritário. Creio que não é assim, isto é, os que habitam a ante sala do Criador, estão na
Unidade, porém praticando a sua liberdade. OBS: Quando eu escrevi isto não tinha lido o restante do
texto que explica bem este assunto, e confirma o que eu estou dizendo. Desta forma, só me oponho à parte que
diz que o que é perfeito não pode admitir a livre escolha, pode sim, só que o perfeito, escolhe a
"liberdade-obediência". Assim a troca de uma
liberdade-capricho por uma livre adesão a disciplina do todo produz, paradoxalmente, uma ampliação da
liberdade individual. A expressão "livre adesão" é a chave para a criação de uma sociedade verdadeiramente
orgânica e colaboracionista. Sensacional esta parte,
sintetiza perfeitamente o que dissemos anteriormente. Desta forma se levarmos
ao limite este progressivo enquadramento das unidades menores nas maiores, a tendência será, no final do
ciclo evolutivo, o surgimento de um organismo absolutamente perfeito, em que a caótica liberdade separatista
do Anti-Sistema se evoluirá para o determinismo do Sistema. Mas, em compensação, surgirá paulatinamente uma
"liberdade-obediência" cada vez mais ampla, fruto da ampliação das potencialidades de cada individualidade
ao se enquadrarem numa unidade superior. Perfeito... Este
texto é muito bom, porém, entendo que para transformarmos a liberdade-capricho em liberdade obediência, é
necessário o exercício da liberdade,e este exercício para ser completo tem de se dar na dualidade, e aí
volto à dúvida inicial, como adquirir esta liberdade-obediência num plano consciente, somente no Sistema.
Volto a pensar que a Queda, tem de ser uma realidade para todos. Talvez a minha mente seja ainda muito
pequena para compreensões maiores. A
ESSÊNCIA DO CRISTOPergunta. Emmanuel em
seu livro "A Caminho da Luz" nos coloca ser Jesus, o Governador Espiritual da Terra. Esta informação
encontra no Evangelho de João, segundo nossa humilde interpretação, sua confirmação, pois diz o Evangelista:
"No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez." ( João, 1 a 3) Minha pergunta
é a seguinte, o que pensou Pietro Ubaldi sobre esta possibilidade de Jesus ser O Mentor Espiritual da Terra?
| Resposta
Pedro
Orlando Ribeiro |
Pergunta 1 1) Dissemos, no entanto que eram livres e que viviam num
sistema hierarquizado. Partindo do principio que Deus criou um SISTEMA PERFEITO é evidente que cada criatura
tem um conhecimento proporcional à sua colocação dentro deste Sistema Orgânico. Se há uma hierarquia desde o início, subtende-se que Deus criou uns
Espíritos mais Sábios do que outros. Provavelmente foram os menos sábios que entraram na queda. Haveria
nisto justiça? A Justiça tem que ser um dos componentes básicos de um Sistema Perfeito.
Resposta 1 Se olharmos à nossa volta veremos que existe uma imensa
graduação de seres decaídos, desde os átomos até a humanidade e também já intuímos que esta escala de seres
se estende aquém e além desses limites. Há uma infinita quantidade de níveis evolutivos se olharmos somente
para este nosso pequeno planeta e muitos mais poderão existir, pela lei das probabilidades, nos trilhões de
astros que constituem o nosso universo visível. O nosso Universo é um negativo fotográfico do Sistema
original devido ao emborcamento provocado pela queda, e assim por simetria reversa, podemos verificar que os
seres que caíram pertenciam ao mais variados níveis da hierarquia do Sistema.. Assim, a justiça do Sistema
não foi violada: os que estavam situados mais no alto caíram mais embaixo e para os situados mais embaixo a
queda foi menor. Outro ponto a considerar é que no Sistema os seres se organizam unificando-se em
individualidades maiores e, portanto solidários entre si dentro da consciência coletiva comum a todos. A
decisão pela revolta foi um consenso coletivo. Mais abaixo há um texto que mostra a complexidade destas
unidades coletivas que esclarecerá o intercâmbio entre os elementos desta complexa rede. Para se ter uma
idéia de como se forma esta rede veja a figura 1 (diagrama das Ascensões Espirituais) do livro Ascese
Mística, capítulo IX - Primeira Parte. A guisa de exemplo de como são tomadas as grandes decisões podemos citar a
2ª guerra mundial. Muita gente crê ingenuamente que se Hitler não tivesse existido não teria acontecido a
guerra. Ledo engano! Um olhar mais abrangente vê uma preparação silenciosa e subterrânea antes que um
acontecimento histórico venha à luz. Hitler foi apenas o elemento desencadeante. Ubaldi afirma: Uma idéia
antes de poder atingir a fase de sua atuação, e como se chega a fase final por evolução, através de um lento
amadurecimento. (P. Ubaldi - Cristo). Antes da ação concreta vem o pensamento coletivo preparador, que se
organizou na forma de ideologias como as do Prussianismo e do Arianismo absorvidas da filosofia de
Nietzsche, cujo pensamento enlouquecido com a idéia da supremacia da vontade de mando e poder sobre o bom, o
verdadeiro e o belo, levou a Alemanha e o mundo ao genocídio da segunda guerra mundial. Assim se não
houvesse uma concordância coletiva sobre estas idéias, nada teria acontecido. Vemos que se no nosso mundo involuído as grandes decisões são coletivas,
elas também o são no organismo perfeito do Sistema e suas repercussões serão tremendamente maiores, pois
foram tomadas por seres infinitamente mais conscientes do que nós, pobres mortais. A potência destrutiva do
evento da queda se ecoa há bilhões de anos e ainda continuará a repercutir na infinitude do tempo. Daí se
pode mensurar a proporção do erro, pelas suas colossais conseqüências, pois a decisão foi tomada por seres
altamente conscientes das suas responsabilidades. O efeito é proporcional a causa. Para finalizar, é preciso que tudo fique bem claro e para isso é preciso
entender o que seja um sistema orgânico hierarquizado. A primeira idéia que nos surge é baseada na nossa
forma mental fruto de nossas experiências num mundo onde impera a lei da sobrevivência do mais forte. Assim
nossa mente quando pensa sobre hierarquia, raciocina em função da relação patrão-servo, ou seja, comando-
obediência. O seguinte trecho de Ubaldi demonstra como o nosso modo de pensar pode estar atrelado a este
esquema: Eis por que a estrutura das organizações humanas atuais é do tipo
comando-obediência. Trata-se de uma razão psicológica, estrutural, ligada à realidade, proporcionada aos
fins, segundo o comportamento normal da vida, que sabe tirar o melhor partido dos elementos disponíveis.
Assim utiliza-se o individualismo para fazer executar a função de chefe; utiliza-se a seleção do mais forte
para escolhê-lo; a prepotência de dominar para subjugar, enquadrando os rebeldes, na ordem; assim utilizam-
se as mesmas qualidades do caos para construir o estado orgânico. (P. Ubaldi - Pensamentos) A nossa concepção de hierarquia é a verticalizada de estrutura piramidal, um
amontoado de camadas superpostas unidas apenas pelo binômio comando-obediência. Na realidade num sistema
orgânico o inter-relacionamento entre os elementos singulares é bem mais complexo. Em primeiro lugar, no
ponto de vista estático, há a unificação de várias unidades semelhantes para a formação de um indivíduo
maior de conhecimento especializado. Estes por sua vez se combinam na formação de outro, maior ainda, cujo
conhecimento ainda é especializado, embora mais amplo, em relação ao organismo de que faz parte e assim
sucessivamente ad infinitum... Em cada nível que subimos nesta escala vamos encontrando seres de estruturas
cada vez mais complexas. O entrelaçamento da tessitura imbricada do conjunto dá origem a infinitas formas de
vida, de conhecimento e de sentimentos. Há um crescimento exponencial de potencialidades na interação
dinâmica em virtude das ações colaboracionistas entre todas as criaturas, não havendo, portanto o degradante
comando-obediência que impera no nosso nível. É importante ter em mente que esta forma involuída dualística
(comando-obediência) evoluirá para a unificação destes dois termos. O termo resultante desta união será o
colaboracionismo. Em sistemas orgânicos mais avançados todos seres mandam e obedecem ao mesmo tempo:
comandam o que é de sua especialização e competência e obedecem ao que não lhe é específico. u u u Pergunta
2 2)Ao mesmo tempo em que concluímos que a perfeição está no equilíbrio entre duas
forças opostas e complementares, não podemos cercear a manifestação isolada de qualquer uma destas duas
forças. Assim, num sistema perfeito é direito da criatura a prática e o uso de seus atributos. Se o
equilíbrio fosse determinístico não existiria a liberdade e nem o amor e desta forma o Sistema seria uma
imposição escravagista. Isto quer dizer que no princípio não havia uma perfeição, e sim
um germe dela? Se sim, como atingiriam a perfeição os Espíritos que não entraram na queda? Eles evoluiriam
normalmente por lá? Resposta 2 A perfeição não poderia deixar de existir no princípio, pois a primeira
criação se originou da substância Divina e, esta por ser absolutamente perfeita, não poderia gerar um
sistema "provisoriamente" imperfeito. Se isto fosse possível, teríamos que admitir que em Deus existia a
semente da imperfeição, o que é um absurdo. É preciso entender que quando se fala em perfeição absoluta é
inadmissível a existência de qualquer mácula de imperfeição. Não existem meios termos quando se trata do
absoluto. Podemos dizer DEUS É e nunca Deus Será ou Deus Foi. Deus está além do espaço, do tempo ou de
qualquer dimensão que possamos imaginar. As criaturas já nasceram perfeitas e, portanto, ninguém evoluiu
enquanto estavam no Sistema. A evolução só apareceu após a queda. As criaturas que permaneceram no Sistema
continuaram perfeitas pois não existe mais nada além da perfeição. Creio que antes de procurarmos a explicação para estes temas de alta
teologia, devíamos examinar primeiramente a ferramenta que usamos para esta busca: a nossa mente racional. A
razão é prisioneira do espaço e do tempo. Só conseguimos pensar em termos destas duas dimensões.
Instintivamente, no estudo de qualquer fenômeno, somos levados a referenciá-los a outros fenômenos e a
estruturar nosso pensamento seqüencialmente no tempo. Nunca conseguimos conceber claramente Aquilo que
sempre É e É independente de qualquer referencial. O que dissemos acima vem referendar a antiga máxima da filosofia grega:
Conheça a ti mesmo que as portas do conhecimento se abrirão para ti. Assim, para alcançarmos o absoluto, é
necessário que voltemos nosso olhar para nós mesmos, examinando os instrumentos que empregamos na pesquisa.
u u u Pergunta
3 Desta forma, podemos admitir que antes da queda as criaturas eram perfeitas e não
imbuídas de inveja, de vaidade, de sede de poder, como você afirmou, pois participavam de um organismo
harmônico e equilibrado. Estes defeitos surgiram devido ao uso de apenas um dos atributos: o egocentrismo.
O organismo era equilibrado, porém os espíritos não eram? Seria Isso? Ou seja, o
componente egocentrismo era maior que o componente amor? Resposta
3 Você talvez não tenha compreendido que quando se fala em equilíbrio neste caso,
estamos referindo ao equilíbrio dos atributos de dois elementos diferentes, isto é, o egocentrismo da
criatura singular, cuja tendência é a separação (liberdade) é equilibrado pelo atributo de amor (atração)
próprio do Sistema (Deus). Sem esta correspondência não seria possível manter a união do conjunto. Quando a
criatura usou conscientemente (como dissemos na 1ª resposta) sua prerrogativa de liberdade em prejuízo do
amor, o conjunto se pulverizou nos seus componentes. Neste caso as criaturas usaram da liberdade-separatista
em vez de continuarem praticando a liberdade-obediência. Os dois componentes (egocentrismo e amor) têm
módulos iguais, o que aconteceu é que as criaturas romperam este equilíbrio ao preferirem a liberdade total
sem os vínculos do amor do Sistema. Isto era perfeitamente possível de acontecer, pois o Sistema não era
escravagista. O amor só é amor por livre opção das criaturas. Deus não poderia avisar as criaturas sobre as
danosas conseqüências de suas escolhas, pois dessa forma elas ficariam aderentes ao Sistema somente devido
ao medo e não por livre aceitação. Ubaldi explica claramente a necessidade deste
equilíbrio para a manutenção do Sistema: Da primeira criação espiritual nasceram muitos elementos
distintos. Assim, no seio do sistema eles adquiriram individuação própria, de tipo egocêntrico, à semelhança
do próprio modelo, Deus. Não foi criada a substância espiritual que os constituía, porque esta era a
substância incriada de Deus. O que foi criado, como coisa nova, que dantes não existia, foi a distribuição
diferente dessa substância, ou seja, as suas individuações particulares, isto é, as criaturas como seres
distintos. Devemos a este fato, como todos os seres criados, podermos dizer "eu", e como tal existir. Ora,
vimos que se essa tão grande pulverização do todo podia ameaçar a sua unidade, o perigo foi vencido com o
equilíbrio do processo divisionista com o processo oposto, em virtude do que a primeira criação resultou num
sistema orgânico, onde todos os elementos do sistema foram imediatamente enquadrados numa ordem e
disciplinados por uma lei. Deus tornou-se centro do sistema e permaneceu situado no topo da hierarquia.(P.
Ubaldi - O Sistema)u u u
Pergunta 4
Este equilíbrio foi rompido pela criatura usando a prerrogativa da sua
liberdade em prejuízo do amor que cimentava o Sistema. Pelo que eu estou entendendo, a dualidade surgiu com a cisão, ou seja, no
Sistema vigora a unidade, com a queda surgiu a dualidade. Mas por mais que se queira explicar este
desequilíbrio entre egocentrismo e amor, teria de haver rebeldia, inveja, e vaidade sim pois se não houvesse
não haveria a revolta. Liberdade não é sinônimo de erro, todos tinham liberdade, só uns cindiram. De onde
veio este aspecto negativo, se no Sistema vigorava a Unidade? E uma outra pergunta ligada a uma anterior. Se
no Sistema vige a Unidade, os que lá permaneceram conseguem evoluir só na Unidade? Seria possível haver
evolução sem haver dualidade? Resposta 4 É importante não esquecer que o risco é um pressuposto básico da prática da
liberdade. Não existe liberdade sem risco, se existisse não seria mais liberdade e sim, tutela ou
totalitarismo, se quisermos empregar um vocábulo de forte conotação política (reveja o tema
Comando/Obediência a que nos referimos na 1ª questão desta série). Considerando este novo parâmetro, creio
que a pergunta deveria ser reformulada: Porque existe risco num sistema perfeito? A resposta para esta
questão passa pela definição do que seja a perfeição da criatura em relação a perfeição do Sistema. Nota-se
que sempre recaímos no mesmo ponto, a noção de que seja perfeição. Mas busquemos na linguagem clara de
Ubaldi a compreensão deste tema. Os trechos abaixo foram retirados do Capítulo 7 (A Revolta) do livro O
Sistema. (....) Se as criaturas, sobre as quais pesava o perigo de uma
desobediência, eram perfeitas porque constituídas de substância divina, elas possuíam uma perfeição
relativa. Eram perfeitas em relação à sua posição na hierarquia, e a função que deviam executar no
organismo. Em si mesmas, em relação às suas posições, eram totalmente perfeitas, mas não o eram diante da
perfeição de Deus, a única absoluta. (...) Com relação à sua posição e função a
executar, as criaturas possuíam em grau perfeito as qualidades necessárias e o completo conhecimento. Mas
não possuíam as qualidades do Ser Supremo, e diante de Deus não sabiam tudo. Daí a necessidade da aceitação
de algumas partes da Lei apenas por obediência, nos pontos que seu conhecimento não atingia, como acontece
com as células dos tecidos musculares que obedecem às células nervosas, embora todas juntas obedeçam ao "eu"
central do ser. (...) Era nessa relatividade da perfeição como do conhecimento,
- conseqüência direta da estrutura hieráárquica do sistema - que se aninhava a possibilidade de erro. (...) A hierarquia não constituía uma injustiça. Representava apenas uma
distribuição de funções e de trabalho. Com relação à própria posição todos eram igualmente perfeitos, sábios
e poderosos. Obedecendo a essa ordem, todos aproveitavam essa distribuição de trabalho, ajudando-se
reciprocamente. (...) Entretanto, permanecia sempre diante dos olhos das
criaturas essa zona inexplorada, na qual, em verdade, não se deveria entrar, mas que, de fato, escapava ao
seu domínio não se sabendo o seu conteúdo. Podia representar uma zona de domínio ainda maior e uma vantagem
a conquistar. Esse impulso de autocrescimento, que impelia a explorar o desconhecido para ampliar o próprio
domínio, derivava da própria natureza do ser, criado à imagem e semelhança de Deus, como individuação
egocêntrica, e portanto tendente ao expansionismo. E era esse o impulso fundamental do ser. Assim, fica esclarecido que foi um legitimo impulso de autocrescimento
decorrente do natural egocentrismo do ser - consciente dos riscos inerentes - que o levou a usar a sua
prerrogativa de liberdade, própria do ser livre e não tutelado. Resguardadas as proporções, usaremos um exemplo mais próximo de nós, para
demonstrar que este impulso de autocrescimento é natural também no homem comum: Quando vários de homens
resolvem escalar o monte Everest, estão cientes dos riscos ligados a escalada. Mesmo não havendo nenhum
ganho na empreitada, arriscam a vida para alcançar este objetivo. Não são os sentimentos de inveja ou de
vaidade que comumente os levam a esta ação, mas sim o desejo expansionista, fruto do natural egocentrismo da
criatura. A questão sobre a possibilidade de existir evolução dentro do Sistema ou se
seria possível haver evolução sem haver dualidade, já foi respondida na resposta da pergunta nº 2. u u u Pergunta
5 Aqui, deparamos com uma possível contradição: poderá existir liberdade dentro de
um Sistema cuja característica principal é a PERFEIÇÃO? Explicamos: o que é perfeito por natureza não pode
admitir a livre escolha, se assim fosse não seria perfeito. Ubaldi esclarece bem este ponto: "Compreende-se
que a perfeição não pode deixar de ser determinística, no sentido de que só o melhor absoluto pode ocorrer.
Seria talvez muita pretensão minha dizer que não concordo com parte deste texto,
todavia tenho que me manifestar. Não entendo liberdade como algo negativo ou imperfeito, Negativo é o mau
uso da liberdade. O Apóstolo Paulo nos faz a seguinte observação: "Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o
Espírito do Senhor, aí há liberdade." (2 Coríntios 3:17); Jesus confirma: "…e conhecereis a verdade, e a
verdade vos libertará." João 8:32. A perfeição é determinística porque quando a atingimos, fazemos da
vontade de Deus a nossa vontade, ou seja, não é que não sejamos livres, e sim que usamos a liberdade para
acertar. Se isso não fosse uma realidade, o Sistema seria escravagista, mesmo permitindo a revolta àqueles
que quiseram, pois os que lá ficaram ficariam sob um regime autoritário. Creio que não é assim, isto é, os
que habitam a ante sala do Criador, estão na Unidade, porém praticando a sua liberdade. OBS: Quando eu
escrevi isto não tinha lido o restante do texto que explica bem este assunto, e confirma o que eu estou
dizendo. Desta forma, só me oponho à parte que diz que o que é perfeito não pode admitir a livre escolha,
pode sim, só que o perfeito, escolhe a "liberdade-obediência". Assim a troca de uma liberdade-capricho por
uma livre adesão a disciplina do todo produz, paradoxalmente, uma ampliação da liberdade individual. A
expressão "livre adesão" é a chave para a criação de uma sociedade verdadeiramente orgânica e
colaboracionista. Sensacional esta parte, sintetiza perfeitamente o que dissemos anteriormente. Desta forma
se levarmos ao limite este progressivo enquadramento das unidades menores nas maiores, a tendência será, no
final do ciclo evolutivo, o surgimento de um organismo absolutamente perfeito, em que a caótica liberdade
separatista do Anti-Sistema se evoluirá para o determinismo do Sistema. Mas, em compensação, surgirá
paulatinamente uma "liberdade-obediência" cada vez mais ampla, fruto da ampliação das potencialidades de
cada individualidade ao se enquadrarem numa unidade superior. Perfeito... Este texto é muito bom,
porém, entendo que para transformarmos a liberdade-capricho em liberdade obediência, é necessário o
exercício da liberdade,e este exercício para ser completo tem de se dar na dualidade, e aí volto à dúvida
inicial, como adquirir esta liberdade-obediência num plano consciente, somente no Sistema. Volto a pensar
que a Queda, tem de ser uma realidade para todos. Talvez a minha mente seja ainda muito pequena para
compreensões maiores. Resposta 5 Ao longo do seu questionamento você acabou respondendo parte de suas
dúvidas, limito-me, portanto, a responder a última parte. Esta liberdade-obediência já era praticada no seio do Sistema quando da 1ª
criação e portanto não foi adquirida pois é o fundamento básico na existência de qualquer sistema orgânico.
As criaturas estavam cientes que este tipo de liberdade era a condição obrigatória e necessária para manter
a coesão do Sistema. A transformação desta liberdade-obediência em liberdade-capricho devido a queda, ativou
o mecanismo automático de recuperação, já pré-existente no Sistema. Este mecanismo nos encaminha
paulatinamente para readquirirmos nosso status anterior. u u u Pergunta
6A ESSÊNCIA DO CRISTOEmmanuel
em seu livro "A Caminho da Luz" nos coloca ser Jesus, o Governador Espiritual da Terra. Esta informação
encontra no Evangelho de João, segundo nossa humilde interpretação, sua confirmação, pois diz o Evangelista:
"No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com
Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez." ( João, 1 a 3)
Minha pergunta é a seguinte, o que pensou Pietro Ubaldi sobre esta possibilidade de Jesus ser O Mentor
Espiritual da Terra? Resposta 6 Embora Ubaldi não afirme exatamente isto, no entanto confirma esta idéia
indiretamente: Desse modo Cristo é nosso irmão e mestre e como tal tem o direito de
elevar-se como exemplo, porque fez aquilo que cada um de nós deverá fazer, obedecendo como Ele a Lei de
Deus. (. . . .) Ele enfrentou o inimigo e fez primeiro aquilo que todos deverão fazer e farão para cumprirem
e resolverem o ciclo involutivo-evolutivo. Ele tem o direito de se colocar como exemplo e cabe-lhe a função
de modelo, porque a sua paixão não se reduz a de poucas horas que nós nos limitamos a comemorar, mas se
projeta nos milênios que cada um de nós deve viver. Ela se condensa num cálice bem mais amargo, o qual
consiste em ter de sofrer todas as provas, fadigas e dores do AS, absorvidas hora por hora, até assimilar
toda a lição.(P. Ubaldi - Cristo)u u u
Mais esclarecimentos sobre a Pergunta 1 Já recebi a resposta da 2ª pergunta, entretanto vou ficar por enquanto na
1ª, depois comento a outra. Desculpe minhas intermináveis dúvidas, mas creio que se elas acabarem, paro de
progredir. Vou utilizar o mesmo esquema anterior. Seu texto em azul, minhas dúvidas em vermelho. Se olharmos à nossa volta veremos que existe uma imensa graduação de seres
decaídos, desde os átomos até a humanidade e também já intuímos que esta escala de seres se estende aquém e
além desses limites. Há uma infinita quantidade de níveis evolutivos se olharmos somente para este nosso
pequeno planeta e muitos mais poderão existir, pela lei das probabilidades, nos trilhões de astros que
constituem o nosso universo visível. O nosso Universo é um negativo fotográfico do Sistema original devido
ao emborcamento provocado pela queda, e assim por simetria reversa, podemos verificar que os seres que
caíram pertenciam ao mais variados níveis da hierarquia do Sistema. Assim, justiça do Sistema não foi
violada: os que estavam situados mais no alto caíram mais embaixo e para os situados mais embaixo a queda
foi menor. O texto acima é claro e lógico; em linguagem popular aquele que está mais
acima, se cai, o tombo é maior. Entretanto isto não me resolve o problema básico da justiça. Vou tentar
explicar tomando por base algo mais próximo para que entendamos. Um dos argumentos que melhor comprova a
doutrina palingenésica é a justiça divina. Ora, por que uns nascem sábios, outros ignorantes? Uns ricos
outros pobres? Uns doentes outros enfermos? Vemos que a resposta está no que cada um construiu para si mesmo
em vidas anteriores. Vamos transferir este raciocínio simples para o Sistema. De onde que veio a diferença
hierárquica entre os habitantes do Sistema. Como Justiça se pressupõe igualdade pelo menos no início. Se um
foi criado mais sábio do que o outro não há igualdade, mesmo que se explique que aquele que foi criado mais
sábio tenha um compromisso maior dentro da hierarquia. Eu sei que não cabe em nossa mente pequena, o início
da criação, nem nós temos o direito de cobrar de Deus por que que é que Ele fez deste ou daquele modo.
Todavia algo que nos soa injusto dentro de nossa atual visão não pode ser aceita por nossa consciência.
Deste modo continuo pensando, estudando, e ainda insatisfeito quanto a esta questão. Outra dúvida que me
ocorre dentro deste texto é a seguinte: Dentro da filosofia ubaldiana, Deus criou tudo de uma vez, ou
continua criando eternamente? Resposta Estou pressentindo que a sua dúvida está centralizada no significado que a
palavra justiça tem para você. Parece que você pensa que justiça e igualdade são a mesma coisa. É importante
frisar que não poderia existir um Sistema orgânico onde todos os componentes tivessem a mesmas qualidades,
isto é, fossem homogeneamente iguais. Neste caso o Sistema seria composto de infinitos clones e portanto não
existiria INDIVIDUALIDADES pois a palavra indivíduo além da idéia de separação contém em si o significado de
sujeito lógico que admite predicados, não podendo, porém, ele mesmo ser predicado de nenhum outro. No caso a
palavra predicado tem a significação de atributo. Assim, se houvesse absoluta igualdade entre todos os membros não existiria
um Sistema orgânico. Na realidade teríamos um Todo homogêneo, sem distinções, uma planície infinita sem
nenhum ponto de referência. Em linguagem mais crua poderíamos dizer: "uma geléia geral." Outro ponto a
observar é que este pseudo-Sistema não seria orgânico, já que não é possível organizar coisas iguais, pois
são indistinguíveis entre si. Vê-se então que é inseparável da noção de Sistema, a idéia de desigualdade (eu
diria especialização!) entre os diversos elementos singulares. Muita gente poderia alegar que as criaturas
são partes separadas de Deus e logo a distinção existiria dentro do Sistema pois existiria Deus de um lado e
as criaturas iguais do outro. Essa idéia nos leva a absurda conclusão de que Deus não é infinito e que pode
existir coisas fora dele. Teríamos assim um universo dualista e não monista. Conclui-se desta forma que a definição de justiça não passa necessariamente
pela igualdade absoluta. Justiça num Sistema orgânico perfeito tem mais o sentido de complementação e
harmonização do que a de um nivelamento absoluto entre as criaturas. A culpa, dessa nossa noção errada de
justiça, é da nossa mente involuída que, sob a influência da feroz luta representada pelo binômio Comando-
Obediência, próprio do Anti-Sistema, anseia pela igualdade com o intuito alcançar a justiça pela eliminação
das desigualdades, sem pensar que isto zeraria o gradiente de energia volitiva que existe entre criaturas
diferentes. Paralisaria desta forma a evolução nivelando as desigualdades e cancelando os valores. Que
estranho seria um mundo em que não fosse possível avaliar as diferenças. Seria o deserto absoluto, não
existiria mais individualidade e não seria mais possível dizer: Eu! O que precisamos compreender é que a assimetria Comando-Obediência evoluirá
não para uma simetria mas sim para outra assimetria, a do COLABORACIONISMO. Colaboracionismo significa
trocas e compensações entre organismos diferentes sem a necessidade do comando ou do esforço de obediência.
Seria como o fluir natural de um rio de suas cabeceiras até a sua foz impulsionado pelo desnível entre estes
dois pontos. Se não houvesse este desnível teríamos em vez do rio um lago de águas mortas e estagnadas.
u u u |
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