| Sinopse dos
Conceitos
Básicos do Monismo Ubaldista Pedro Orlando Ribeiro
Ubaldi ao longo de toda a sua obra desenvolveu um sistema filosófico
partindo da
causa primeira, ou seja, Deus e, desta forma, explicando as causas de todos os fenômenos, até os menores
do nosso cotidiano. Segundo ele, os motivos iniciais da criação, o surgimento do SISTEMA, e a sua
posterior queda no nosso universo material (ANTI-SISTEMA) se ecoa e repete em todas as partes
constituintes deste Universo.
Assim ele divide estas transformações em dois momentos, ou melhor, em dois semiciclos: o primeiro
é o semiciclo involutivo em que aconteceu a derrocada de parte do Sistema (uma parte ficou incorrupta). O
segundo representa a recuperação desta queda e é, por isso, chamado de semiciclo evolutivo. Estamos agora
percorrendo esta segunda fase. Estes dois semiciclos constituem o grande ciclo involutivo-evolutivo.
Segundo esta teoria, os espíritos foram criados perfeitos e livres dentro de um
organismo hierarquizado constituindo um Todo harmônico, sendo Deus o vértice desta hierarquia. Estes
seres eram perfeitos porque foram criados da substância de Deus, cujo atributo principal é a perfeição.
Seria um absurdo admitir que a imperfeição é filha da perfeição. O que é absolutamente perfeito por
natureza não pode gerar o imperfeito já que não tem em si mesmo a semente da imperfeição. A criatura que
vivia num sistema hierarquizado quis ser igual ao Deus criador, advindo daí a queda.
As explicações para este fenômeno da queda estão nos atributos fundamentais que
caracterizam a individualidade: o egocentrismo e o amor. O egocentrismo subtende o conceito de
liberdade e de separação. Já o amor representa a união, é a força reequilibradora da unilateralidade do
egocentrismo. A perfeição de um Sistema hierarquizado está no equilíbrio harmônico entre estas duas
forças opostas e complementares. É fácil concluir que num Sistema dito perfeito não se pode cercear a
manifestação isolada de qualquer uma destas duas forças. Assim, num sistema perfeito, é direito da
criatura a prática e o uso de seus atributos. Se o equilíbrio fosse determinístico não existiria a
liberdade e nem o amor e, desta forma, o Sistema seria uma imposição escravagista. Como o Sistema é
hierarquizado, o conhecimento da criatura era proporcional à sua posição no Sistema, o ser não poderia
saber quais seriam as conseqüências do abuso. Como o Sistema é perfeito, já existe na sua constituição um
mecanismo automático de recuperação. O binário das duas forças, opostas e complementares, tende a
recuperar o equilíbrio originário quando se estabelece momentaneamente a prevalência de uma sobre a
outra.
Parte do Sistema se fragmentou em suas individualidades perdendo a sua característica
orgânica. A queda não foi igual para todos pois se tratava de um sistema orgânico hierarquizado. Temos aí
a explicação para a infinita diversidade dos seres que vemos no nosso mundo. Esta diversidade de
individualidades vai desde o átomo ao homem evoluído. Com a queda surgiu o dualismo que vemos em todas as
coisas; tudo neste nosso universo tem o seu inverso: Noite-Dia, Bem-Mal, Grande-Pequeno, Homem- Mulher
etc.. Toda a individuação é dúplice embora mantenha sua unicidade. Esta integridade do ser, apesar da sua
constituição dualística, é reflexo da criação original que era MONISTA, visto que o Sistema é infinito e
por isso nada pode existir fora dele, assim o Anti-Sistema continua dentro do Sistema e mantém o
principio da individualidade; o que fragmentou foi o organismo coletivo. Por coexistirem Sistema e Anti-
Sistema, vemos sobressair em cada ser ou fenômeno as características de ambos sistemas, explicando assim
a unidade dualística da individualidade. Destarte, a criatura por ser de substância divina mantém sua
unidade e pode exclamar: "Eu sou!".
Refletindo o Sistema original, o nosso Universo se individua por unidades trinas em que
a substância universal se apresenta sob três aspectos: matéria, energia e pensamento. Sob o ponto
de vista estático o Universo é um organismo, um vir-a-ser no aspecto dinâmico e um
organismo de princípios e leis no seu aspecto conceptual. O Universo está em transformação
contínua, passando por evolução de uma fase a outra: da matéria a energia e desta ao pensamento. Estas
três fases representam diferentes níveis evolutivos da substância, constituindo assim um sistema
hierarquizado em que a fase pensamento supera a fase energia e esta a fase matéria. Cada uma destas três
fases da substância é marcada por uma dimensão própria que estabelece os seus limites. Assim a matéria
tem como sua dimensão o espaço, a energia, o tempo e o pensamento, a consciência.
Existe uma hierarquia
entre os três termos: espaço, tempo e consciência. A consciência supera o tempo (podemos pensar em termos
de passado, presente e futuro) e este supera o espaço (pelo movimento); explica-se assim como a dimensão
superior influi e domina a inferior, e não ao contrário. Tudo é individuado no Universo, sendo que cada
individuação é trina e, em conseqüência, os três aspectos da substância estão soldados numa mesma unidade
orgânica indissolúvel. Por ação da evolução, estas individualidades se reagrupam em unidades maiores para
compensar e equilibrar o processo separatista da individualização, constituindo assim um Todo orgânico
unitário que se reduz a um monismo universal que abarca tudo o que existe.
Vemos, portanto, que as qualidades monística do Sistema permanecem no Anti-Sistema,
embora em luta com as qualidades opostas deste último. A luta que se vê em todos os níveis é uma
repetição em ponto menor do ciclo involutivo-evolutivo. Qualquer fenômeno está sujeito a repetir este
ciclo: uma fase destrutiva seguida por uma fase construtiva. Este ciclo não é fechado, trata-se na
realidade de uma espiral que no conjunto vai-se abrindo gradualmente. Isto explica o progresso e a
evolução que vemos em nosso mundo. A evolução não é linear, ela se desenvolve por avanços e recuos
repetindo, a cada passo, o motivo da criação e da queda originais. Explica-se, assim, porque todos os
fenômenos de qualquer natureza (materiais, climáticos, sociais, econômicos etc.) se desenvolvem por
ciclos.
A partir destes pressupostos Ubaldi desenvolveu uma obra filosófica que consegue
explicar a unidade do criado e, em conseqüência, realizar a unificação de todos os ramos do conhecimento.
O conhecimento fragmentário das diversas disciplinas cientificas e sociais encontram na filosofia Monista
de Ubaldi o seu elo de união. Sua vasta obra de 24 volumes (cerca de 10.000 páginas) mostra esta unidade
do conhecimento. Desfilam nestes volumes, além da parte teórica, assuntos que cobrem as mais diversas
áreas do saber humano. Da história à religião, da arte a ciência, da matéria à energia e desta à vida e
ao homem são trechos deste imenso fluir do rio da Evolução que desembocará novamente no Oceano da
Divindade de onde partiu. |
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