Os Votos de Bodhisattva

 
 
 

AS OITO INFRAÇÕES-RAIZ


1. Elogiar-se e menosprezar os outros.
2. Não compartilhar com as outras pessoas da riqueza e do dharma.
3. Não perdoar quando os outros se desculpam.
4. Duvidar da doutrina do Veículo Magnífico e negá-la.
5. Apoderar-se de oferendas direcionadas às Três Jóias.
6. Abandonar a doutrina (através de sectarismo, etc.).
7. Fazer com que uma pessoa ordenada se desnude.
8. Cometer um dos cinco crimes da retribuição imediata.
9. Sustentar visões pervertidas.
10. Destruir lugares como cidades, por exemplo.
11. Ensinar o vazio a quem não foi treinado para isso.
12. Desencorajar os outros de procurarem o esclarecimento total.
13. Fazer com que os outros quebrem os votos de liberação individual.
14. Subestimar os que seguem o caminho da liberação individual.
15. Proclamar falsas realizações (do vazio, etc.).
16. Aceitar como presente artigos que foram tirados dos pertences das Três Jóias.
17. Estabelecer regras prejudiciais e levantar falso testemunho.
18. Desistir da promessa de aspiração altruística (bodhicitta).

A não ser em casos de desistência do compromisso com aspiração altruística e, conseqüentemente, sustentação de visões pervertidas, a infração a qualquer um dos votos-raiz exige que façamos a associação com o que se chama de “quatro fatores para o embaraço total”: 1) não estar ciente das desvantagens; 2) não reverter o desejo de se envolver na infração; 3) sentir deleite com relação ao ato com sensação de prazer; 4) falta de vergonha e consciência.
 
 

AS QUARENTA E SEIS INFRAÇÕES SECUNDARIAS


Sete fracassos relacionados à generosidade


1. Não fazer oferendas diariamente às Três Jóias.
2. Agir sob o impulso de desejos causados por descontentamento.
3. Não respeitar os mais experientes na ordenação e nos votos bodhisattva.
4. Responder às questões dos outros com negligência, embora sejamos capazes de fazer isto.
5. De maneira egoísta, não aceitar convites por orgulho, desejo de ferir os sentimentos dos outros, ou por ódio e preguiça.
6. Não aceitar os presentes de outras pessoas por ciúme, ódio, etc., ou simplesmente para prejudicá-las.
7. Não passar os ensinamentos da doutrina aos que desejam aprender.
 

Nove fracassos com relação à prática da moralidade


1. Ignorar e insultar a pessoa que se envolveu em um dos cinco crimes hediondos, profanar seus votos de liberação individual ou tratá-la com desprezo.
2. Não contemplar os preceitos da conduta moral por desejo de se insinuar aos outros.
3. Cumprir preceitos menores quando a situação recomenda desdenhá-los para o benefício de todos.
4. Não se envolver em nenhuma das sete ações negativas do corpo e do discurso quando o amor universal e a compaixão as consideram necessárias em um determinado nível.
5. Aceitar o que foi adquirido por meios errôneos (bajulação, insinuação, suborno, extorsão e mentira).
6. Desperdiçar tempo com ações frívolas (como negligência, falta de moralidade pura, dança, música, intriga) e distrair os outros na meditação.
7. Conceber erroneamente que os bodhisattvas não tentam alcançar liberação e falham no que diz respeito a visualizar as delusões como coisas a serem eliminadas.
8. Não viver de acordo com os preceitos, julgando que assim perderá popularidade, ou não corrigir os comportamentos indisciplinados do corpo e do discurso que resultam em má reputação, limitando a capacidade de desenvolver as tarefas de um bodhisattva.
9. Não corrigir os que, motivados por delusões, cometem ações negativas. Corrigindo-os, você os ajuda a desvendar e purificar suas ações, ao passo que, escondendo os seus erros, você gera suspeitas de não ser querido pelos outros.
 

Quatro fracassos relacionados à paciência


1. Partindo das quatro disciplinas nobres: retaliar quando censurado, humilhado ou quando apanhar ou for morto pelos outros.
2. Negligenciar os que estão descontentes com você.
3. Recusar-se a aceitar as desculpas dos outros.
4. Demonstrar pensamentos de ódio; não opor o sentimento de raiva refletindo sobre as conseqüências prejudiciais, etc.
 

Três fracassos relacionados a esforço jubiloso


1. Reunir discípulos por desejo de reconhecimento e para ganho material.
2. Desperdiçar tempo e energia com assuntos triviais, sem contar a preguiça, o vício de dormir muito e a protelação.
3. Viciar-se em conversas frívolas.
 

Os três fracassos relacionados à concentração


1. Não procurar as condições apropriadas para alcançar concentração estritamente focalizada e meditar sem o direcionamento correto.
2. Não eliminar os obstáculos à concentração.
3. Considerar a vivência de felicidade derivada da concentração o principal propósito da prática estritamente focalizada.
 

Oito fracassos relacionados à sabedoria


1. Abandonar as doutrinas do Veículo Menor com o pensamento de que os praticantes do Veículo Magnífico não necessitam estudá-las nem praticá-las.
2. Desperdiçar, desnecessariamente, as energias em outras direções a despeito de se ter os métodos apropriados do Veículo Magnífico.
3. Envolver-se em estudos não-dharma, negligenciando a doutrina.
4. Estudar profundamente os assuntos fora da doutrina, a partir do apego, e valorizá-los.
5. Abandonar as doutrinas do Veículo Magnífico, dizendo que são ineficazes, e rejeitar textos devido a seu estilo literário.
6. Elogiar-se e menosprezar os outros por arrogância ou ódio.
7. Não assistir às cerimônias, discursos, etc., por preguiça ou orgulho.
8. Depreciar o guru de outrem e não confiar em suas palavras.
 

Doze fracassos relacionados à ética de ajudar os outros


1. Não ajudar aqueles que precisam de assistência.
2. Evitar a tarefa de cuidar de pessoas doentes.
3. Não trabalhar para aliviar o sofrimento dos outros, como os sete tipos de frustrações: ser cego, surdo, preguiçoso; sofrer de fadiga, de depressão; ou sofrer abuso ou censura por parte de outrem e os sofrimentos dos cinco obstáculos a uma mente estritamente focalizada e calma.
4. Não mostrar o caminho do dharma aos imprudentemente apegados às questões dessa vida.
5. Não retribuir a bondade dos outros.
6. Não confortar os que sentem remorso por terem se separado dos entes queridos, por exemplo.
7. Não dar auxílio material aos que necessitam de amigos que lhes ensinem e os ajudem.
9. Não agir em conformidade com os desejos dos outros.
10. Não elogiar os que merecem louvor ou suas boas qualidades.
11. Não fazer o possível para evitar atos prejudiciais.
12. Possuindo coragem ou poderes supranaturais, não os usar quando isso se fizer necessário.
[S. S. DALAI LAMA. O caminho da felicidade. Rio de Janeiro, Agir, 1998].
 

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