Viktor Frankl

por Dan Short

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Nota do Editor (da versão em inglês): Esta coletânea de pensamentos de Viktor Frankl, médico, PhD, proporciona uma rara oportunidade de vislumbrar a vida de alguém que aos 92 anos (1) é uma prova viva da história da psicoterapia. Frankl, que trocou idéias com Freud, Adler, e outras grandes mentes como Heidegger, é uma impressionante fonte intelectual de inspiração. Pelo fato de ter sobrevivido 34 meses nos campos da morte nazistas - onde sua mulher, seu filho não nascido, sua mãe, seu pai e seu irmão foram mortos - Frankl é um testamento da capacidade do homem de dominar até mesmo o mais trágico dos destinos. A despeito da sua idade e dos problemas que sofre devido à degeneração da retina, Frankl ainda permanecia disposto a se corresponder conosco, de forma que nós pudemos compor esta breve descrição do seu complexo pensamento e excepcional atitude diante da vida.

 

Informação suplementar:

Aos 22 anos, Frankl fundou o jornal "Der Mensch Im Allertag" (O Homem na vida cotidiana); desde aquela época escreveu 27 livros que foram publicados em 22 línguas. Em 1928 ele introduziu o conceito de "Logoterapia". Após sua libertação do seu último campo de concentração reescreveu The Doctor and the Soul -  a reconstrução desse manuscripto perdido levou apenas nove dias. Ele foi logo seguido de Man's search for Meaning (Em Busca De Sentido - Vozes), livro que vendeu mais de 4 milhões de cópias. Logoterapia, também conhecida como a terceira escola Vienense de Psicoterapia, é atualmente a única grande escola que inclui o espírito humano como fonte de cura e de força. Sua abordagem teórica é conhecida como "psicologia das alturas" ao invés de "psicologia das profundezas", porque reconhece a capacidade humana de aspirar aos fatores motivacionais além do mero instinto. Confrontado atualmente com a cegueira e outros problemas físicos, Viktor Frankl continua a viver como ensinou, ou seja, a procurar sentido na vida ao encarar cada nova provação com coragem e dignidade.

 

A questão colocada por uma criança de 14 anos

Enquanto estudante de 14 anos no ginásio, eu fiz algo que era  muito incomum na ocasião. Eu tive um professor de Ciências Naturais que era muito distante, que ensinava do modo como uma pessoa esperaria que os cientistas o fizessem. Um dia ele afirmou que a vida é simplesmente um processo de combustão, nada além de um processo de oxidação. Levantando repentinamente eu o questionei, "Mas Professor, então que sentido a vida têm?"  Isso foi quando tudo começou, a primeira vez em que que eu inquiri sobre o sentido da vida.

Qual é o propósito da existência de alguém? Esta é uma pergunta que nunca será respondida pelos esforços niilistas de um cientista que reduz tudo a "somente...". Você pode dizer que tal pessoa pratica o reducionismo ou, no caso de meu professor, o "Oxidacionismo". Seria apropriado se um biólogo, em vez de promover sua própria incredulidade sob a aparência de ciência, apenas admitisse que na biologia não há nenhuma evidência de um sentido mais elevado. Isto não significa que tal coisa não exista. O significado último deve ser achado em uma outra dimensão. Por exemplo, um cilindro é tanto um círculo quanto um retângulo dependendo do plano no qual você o vê. Porém, só numa dimensão mais elevada ele pode ser reconhecido como um cilindro. A dimensão mais elevada não exclui, ela inclui.

Desde o tempo de minha mocidade eu tentei achar e tirar sentido de todos os eventos da vida. A vida não é apenas importante no sentido mais comum, mas há um significado em cada momento. Este significado eu não posso adquirir por meios simplesmente racionais, mas sim através de meios existenciais. Eu quero que seja desse modo. Eu decido que há um sentido supremo no mundo em lugar de um supremo sem sentido, um sentido tão rico que não pode ser completamente apreendido pela minha finita capacidade intelectual.

 

Trabalho com Clientes Suicidas

De 1928 a 1938 eu trabalhei com William Burner que era o Diretor de um centro para pessoas que sofriam de depressão. Eu aprendi algo lá que eu pude usar quando me tornei Diretor do Pavilhão de Suicídio em Steinhof, um hospital psiquiátrico em Viena. Durante meus quatro anos no hospital foram postos aproximadamente 12,000 pacientes suicidas sob minha direção. Como Diretor era minha responsabilidade determinar se um paciente estava ou não pronto para ter alta, uma decisão que carregava uma tremenda responsabilidade. Dessa experiência eu desenvolvi uma série de perguntas que me permitiram avaliar a condição de um paciente em apenas cinco minutos. Durante um entrevista cara a cara eu perguntaria: "Você sabe que é hora da sua libertação?" Ele diria, "Sim". Eu perguntaria então, "O que fazemos a seguir? Nós deveríamos mantê-lo aqui?"  Em quase todos os casos o paciente diria, "Não". Então eu perguntaria, "Você está verdadeiramente livre de qualquer intenção de cometer suicídio?"  E ele responderia, "Eu não tenho mais nenhuma intenção de cometer suicídio. Você pode me deixar voltar para casa". Mas eu tinha que ter certeza de que o paciente não estava dissimulando, então imediatamente após sua resposta - de que ele não tinha mais nenhuma intenção de se matar - eu perguntaria, "Por que não?"  Em seguida, uma das duas coisas aconteceria. O primeiro tipo afundaria na cadeira, impossibilitado de responder ou de olhar-me  no olho. Com uma voz sem brilho ele poderia se repetir dizendo, "Não, não, doutor ...Eu não vou cometer suicídio". Este tipo de resposta indicaria que o paciente estaria em sério risco de cometer suicídio. Em contraste, um paciente que imediatamente declarasse que ele tinha um dever (por exemplo, de "Sou necessário no trabalho" ou "Minha religião proibe o suicídio".), algum significado para cumprir, (por exemplo, "Minha família está contando comigo".), ele estaria pronto para ser liberado do tratamento. Ele não se mataria porque ele tinha um "porquê". Como Nietzsche disse, quem tem um "porquê" achará em quase toda situação um "como".

 

A Singularidade humana

A singularidade de um indivíduo pode ser apreciada somente por uma pessoa amorosa. É ela que vê a essência e o potencial na pessoa amada, e portanto apoiará essa pessoa.

 

A perda do melhor amigo

Cada momento na vida oferece uma oportunidade concreta para o sentido ser realizado e cumprido. Isto permanece verdadeiro até mesmo sob a mais miserável das circunstâncias e literalmente até a nossa última respiração. Deixe-me lhe dar um exemplo. Durante o tempo de Hitler eu perdi meu melhor amigo, Hubert Suer. Ele foi preso pela SS porque estava trabalhando na Resistência. Após duas semanas ele foi condenado à morte. Durante o seu encarceramento a sua esposa pôde contrabandear para sua cela uma cópia do meu manuscrito sobre logoterapia. Era o mesmo manuscrito que eu reconstruí após a minha libertação do meu último campo de concentração. Antes da sua morte, meu amigo conseguiu mandar uma mensagem à sua esposa declarando que nos últimos dias da sua vida o manuscrito de Viktor Frankl tinha lhe dado força e coragem. Sua morte  foi uma morte de significado e dignidade. Sua esposa não pôde salvá-lo da execução mas ela foi capaz de realizar o significativo ato de lhe prover um pouco de conforto. E quanto a mim, posso dizer que esta foi a recompensa mais bonita que eu obtive de ter escrito o meu livro. Foi muito mais importante que qualquer uma das milhares de cópias que foram vendidas depois da guerra.

Logoterapia, como descrito no meu primeiro livro, é algo que trata de problemas cotidianos, coisas realistas, aspectos práticos de viver que são melhorados pela descoberta do sentido na vida. É possível achar sentido em todos os eventos da vida, até mesmo quando confrontado com um destino que não pode ser mudado ou manipulado de qualquer modo. Por exemplo, muitos anos atrás um homem idoso veio até minha clínica. Ele me disse que também era médico e que desde a morte da sua esposa, dois anos antes, ele tinha sofrido de depressão severa. Ele disse que a tinha amado acima de tudo. Em lugar de lhe dar um conselho, eu o confrontei com uma pergunta: "o que teria acontecido, doutor, se você tivesse morrido primeiro, e sua esposa tivesse tido que sobreviver ao senhor? "Ele disse imediatamente que isto teria causado tremendo sofrimento a ela. Então eu respondi, "Você vê, você salvou sua esposa daquele sofrimento terrível. Você a poupou deste sofrimento, ao preço de que agora é você que tem de sobreviver e chorar por ela."  Ele não disse nenhuma palavra mas me deu um aperto de mão e saiu calmamente do escritório. No meio das suas dúvidas ele viu então a razão para a sua experiência, um sacrifício significativo para a sua esposa amada. Você vê, até mesmo numa situação onde você não tem nenhuma liberdade externa, quando as circunstâncias não lhe oferecem qualquer escolha de ação, você retém a liberdade para escolher sua atitude ante uma situação trágica. Você não se desespera porque esta escolha está sempre com você até seu último momento de vida.

 

Falando em San Quentin

Uma coisa impressionante aconteceu quando fui convidado a falar em San Quentin, naquela época uma prisão de segurança máxima para aqueles que, pelo menos uma vez, cometeram assassinato.  Depois que eu acabei de falar foi me dito o quão favoravelmente os prisioneiros tinham reagido ao meu discurso. Um prisioneiro disse que outros psicólogos sempre tinham lhes falado que as suas ações criminais eram o resultado das suas infâncias e que, por mais que tentassem, havia pouco que eles poderiam fazer para mudar esta realidade. Esta desculpa era algo que eles não queriam ouvir, porque eles estavam sendo tratados como se não tivessem nenhum valor humano, nenhuma liberdade para fazer escolhas e tomar decisões. Em contraste, eu tinha lhes dito que, "Você é um ser humano da mesma maneira que eu sou e então você teve a mesma liberdade para fazer as escolhas que eu fiz. Você poderia ter decidido não fazer algo tão terrível e insensato, assim como qualquer outro homem. Você poderia ter feito uso desta liberdade através do senso de responsabilidade". Você vê, é uma prerrogativa de gênero humano perceber a culpa. É também sua responsabilidade superá-la.

 

O apelo à responsabilidade

Deve ser proporcionada uma diretriz aos membros da sociedade, um ensinamento de que a vida tem realmente um sentido, de forma que uma pessoa em San Quentin perceba que a pessoa que ele matou era um ser humano que teve sentido. Comportamento criminoso em adultos e em jovens vem da falta de responsabilidade, ou de sentido. Quando foi perguntado a um jovem gângster, "Por que você faz estas coisas violentas?"  a resposta típica era, "Por que não?"  A ausência de uma resposta para a pergunta, "Por que não?" pode resultar numa agressão insensata. Em outros casos resulta em depressão e até mesmo suicídio, ou vício e uso de drogas. Este trio de agressão, vício e depressão é a sintomatologia neurótica em massa do sentimento de falta de sentido ou vazio existencial que há em nossa sociedade.

Não existe uma coisa tal como a liberdade por si mesma. Liberdade é sempre precedida por responsabilidade; elas estão conectadas uma à outra. É um engano procurar a liberdade sem a atenção à responsabilidade. É por isso que eu recomendei nos EUA que, além da Estátua da Liberdade na Costa Leste, deveria haver a Estátua da Responsabilidade na Costa Oeste.

Quanto à busca da felicidade: Quanto mais nós fazemos dela um objetivo, muito mais nós a perdemos. Felicidade é, e sempre será, o efeito não intencional de uma atividade significativa.

Então, a Logoterapia é muito mais que um processo de fazer perguntas ao cliente. É um chamado à responsabilidade. Uma vez eu tive um paciente que me disse que ele estava sofrendo de um "complexo paterno maléfico". O paciente tinha transferido a responsabilidade pelo seu comportamento aos seus pais. Da mesma maneira o logoterapista deve ter cuidado para perceber se o paciente não transfere as suas responsabilidades ao terapeuta. Para praticar a verdadeira logoterapia, o sentido deve ser achado num lugar além do controle do terapeuta.

Em contraste com o conceito de responsabilidade que eu descrevi, uma reação que me assusta é quando eu vejo alguém que se decidiu a odiar ou se ressentir de uma raça inteira de pessoas. Quando um judeu, ou qualquer outro que tenha sofrido, insiste que, "eu não desejo me reconciliar com os filhos e as filhas ou até mesmo com os netos daqueles que são responsáveis pelo meu sofrimento", então ele abraçou o conceito Nacional Socialista de culpa coletiva. Foi chamado de "Zebien Haufen" que quer dizer a família inteira. Se alguém se opusesse ao Partido Nacionalista, a família inteira - inclusive os filhos, filhas, e netos - era presa. Eu estive em rígida oposição a este conceito de culpa coletiva desde meu primeiro dia de libertação do último campo de concentração no qual eu havia sido encarcerado. É absolutamente anti-ético considerar alguém responsável por algo que eles não fizeram. Responsabilidade é um conceito pessoal. Pertence a um único indivíduo que é culpado por ação ou omissão. Para todos os outros que não têm nenhuma culpa sobre os ombros, a reconciliação é o objetivo correto.

 

Auto-transcendência

Quando o olho tem catarata a pessoa vê um cinza gritante na forma de uma nuvem.  No caso do glaucoma há uma luz verde na forma de um halo. Em cada caso a visão do olho é bloqueada por aquilo que está acontecendo no seu interior. O olho não é feito para ver a ele mesmo. Isto é para a patologia. O mesmo pode ser dito de alguém que sofre de neurose.

Ele está obcecado com o que está nele, preocupado que ele possa ser um egotista, ou um sexista, ou só Deus sabe o que mais. Infelizmente esta condição de hiper-reflexão é apenas exacerbada por terapias analíticas que tentam explicar tudo em termos de "compensação".  Por exemplo, aqueles que praticam o reducionismo dizem para um cliente que afirma o seu desejo de realizar algo significativo que "Não, esse não é o seu verdadeiro motivo. Você está simplesmente tentando superar um sentimento de inferioridade que você tem desde nascença". Um freudiano escreveu uma vez que a filosofia, a religião, e a esquizofrenia não são nada mais que o medo da castração. Isto é absurdo. Eu concordo que Freud estava certo em revelar os motivos impuros mas há também motivos puros. Há mais coisas para uma motivação humana saudável do que o princípio do prazer, do que a luta pela superioridade. Estas são apenas formas de existência degeneradas, neuróticas. Porém, no ser humano saudável, há um desejo por sentido e é isto que separa o homem dos animais. Alguém nunca ouviria um animal se perguntar, "Minha vida tem sentido?". Mas esta pergunta é feita pelo Homo Sapiens.

Ser um ser humano é trabalhar por algo além de si mesmo. Eu uso o termo "auto-transcendência" para descrever esta qualidade subjacente ao desejo por sentido, a compreensão de algo ou de alguém além de si mesmo. Como o olho, nós somos feitos para nos direcionar ao exterior, para outro ser humano a quem nós podemos amar e nos entregar. Apenas dessa maneira o homo sapiens demonstra a si mesmo ser verdadeiramente humano. Apenas quando em serviço a outro uma pessoa conhece realmente a sua humanidade.

 

O local do logos

A questão do sentido, ou logos, é decidida na mente do indivíduo e não pode ser respondida exceto no contexto de uma situação específica, concreta. Por exemplo, em 1936 um jovem veio a mim e disse que o seu melhor amigo estava para deixar a cidade, o que proporcionaria uma oportunidade única para dormir com a namorada dele. Ele queria saber se deveria fazer isto. A pessoa tem que perceber que cada situação tem o seu próprio significado. Tanto a singularidade da situação como a personalidade humana devem ser enfocados. O significado não pode ser imposto ao paciente pelo psicoterapeuta. Para mim não teria feito nenhum sentido lhe dar um sermão dizendo "Isto não é adequado" ou "Isto é o que eu acho que você deveria fazer". Em vez disso, eu guiei o seu entendimento ao que era importante, declarando "Você me disse que essa é uma oportunidade única e que este homem é o seu melhor amigo, então cuidado! Você não quer lhe dar qualquer motivo para que ele não o considere mais como um amigo. Esta é uma oportunidade única para você provar sua amizade de um modo que é inegável, ao negar a si mesmo. Você me entende?" Ele entendeu a importância da sua amizade, sem que eu lhe dissesse o que fazer.

Em todos os casos o cliente deve ser encorajado a chegar independentemente ao significado concreto da sua própria existência. No fim, a educação deve ser uma educação dirigida à habilidade de decidir. Não faz nenhum sentido tentar instruir o paciente a respeito do que é significativo em nossa própria vida. Um logoterapista não pode dizer ao paciente qual é o significado, mas ele pode pelo menos mostrar que há um sentido na vida.

Toda situação encerra um apelo, uma responsabilidade. A este apelo nós devemos reagir de acordo com a nossa melhor capacidade e a nossa melhor consciência. Durante os três anos que eu passei em Auschwitz e Dachau eu decidi que era responsável para fazer uso da mais leve chance de sobrevivência e ignorar o grande perigo ao meu redor. Esta era minha máxima que eu abracei em cada momento. Você vê, o sentido deve ser descoberto a partir do interior, das experiências  pessoais, do seu valor, da sua coragem, da sua criatividade.

Enquanto ensinava em San Diego, três dos meus estudantes eram oficiais americanos que tinham sido encarcerados a até sete anos nos acampamentos Norte-Vietnamitas para prisioneiros de guerra. Eles me falaram que uma coisa que os amparava, nas condições mais horríveis de isolamento e tortura, era a visão de voltar para casa aos entes queridos ou saber que eles seriam úteis no trabalho. O momento no qual eles apreenderam aquela visão foi o momento decisivo para a sobrevivência deles.

Até mesmo quando a morte chega, o sentido permanece como algo que foi realizado. Em contraste com o sentido religioso ou filosófico, que podem mudar com o passar do tempo, o sentido do indivíduo humano permanece permanentemente. Minha convicção é a de que nada é perdido ou destruído. Ninguém pode nos privar daquilo que nós seguramente depositamos no passado.

Dentro de cada um de nós há celeiros cheios onde nós armazenamos a colheita da nossa vida. O significado está sempre lá, como celeiros cheios de valiosas experiências. Quer sejam as ações que fizemos, ou as coisas que aprendemos, ou o amor que tivemos por alguém, ou o sofrimento que superamos com coragem e resolução, cada um destes eventos traz sentido à vida. Realmente, suportar um destino terrível com dignidade e compaixão pelos outros é algo extraordinário. Dominar seu destino e usar seu sofrimento para ajudar os outros é o mais alto de todos os significados para mim.

 


(1) Viktor Frankl nasceu em 1905 e morreu em 2 de Setembro de 1997 em Viena. (N.T.)


Publicado no The Milton H. Erickson Foundation Newsletter


     

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