Biografia de um escritor anônimo

 

Hoje acordei cansado.
Olhei para o papel e para a caneta
no canto do quarto, deitei e viajei.
Viajei mesmo, quase me perdi.
A folha estava branca até então,
o primeiro parágrafo, linhas, versos,
cores, sentimentos...
Simples folhas eram aquelas,
agora um pouco de mim.
  Se depressão tivesse cura, quem sabe
eu não estaria doente ou mesmo
escrevendo ou quem sabe até mesmo
lendo um pouco mais.
Nestas horas que eu comparo papéis,
meus ou não, sentimentos, VIDAS.
Sim, eu escrevo em papéis, meus ou não,
sobre sentimentos e sobre vidas.
Escrevo sem a certeza de que um dia
alguém possa ler este, que com certeza,
irá junto com outros, um dia, em pedaços,
para o baú das lembranças do passado,
onde nele, até então fechado, haverá um
cadeado que só poderá ser aberto por quem
têm as chaves, que só serão encontradas
por quem quiser realmente abri-lo.
Nele haverá papéis e canetas onde as primeiras
linhas estarão escritas com corretivos e
interrogações logo abaixo. Serão estas as
linhas da minha VIDA.
                                    Leandro Hoffmann  Fpolis - 05/97

 
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