--- Meu sonho ---
-EU
Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sangüenta da mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?
Cavaleiro, quem és? o remorso?
Do corcel te debruças no dorso...
E galopas do vale através...
Oh! da estrada acordando as poeiras
Não escutas gritar as caveiras
E morder-te o fantasma nos pés?
Onde vais pelas trevas impuras,
Cavaleiro das armas escuras,
Macilento qual morto na tumba?...
Tu escutas... Na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?
E um clamor de vingança retumba?
Cavaleiro, quem és? - que mistério,
Quem te força da morte no império
Pela noite assombrada a vagar?
-O FANTASMA
Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar...
--- Versos para uma taça ---
Nasceu para servir ao estranho ritual
dos festins, - no cristal puríssimo, sem jaça
reflete da loucura o cortejo triunfal
que alegre ao seu redor todas as noites, passa...
Quanta dor já entornou! Quanta alma turva e baça
já a ergueu na ilusao de esquecer o seu mal...
Leva o vinho que apaga a tristeza e a desgraça
E põe na boca um riso inconsciente e boçal!...
Destino estranho o seu! No seu cristal em bruma
vive num mundo à parte, e insensível parece
ao vinho que transborda e ao champanha que espuma...
E boêmia há de acabar, num último tinir
como as almas que embriaga, e aniquila, e enlouquece,
do seu próprio destino... espedaçada, a rir!
--- Sorriso estranho esse ---
Ás vezes, chegas contente.
Estás sorridente.
Mas, quem poderia dizer
O que esse sorriso tem em mente ?
Pode estar simplesmente
Escondendo uma lágrima solta
Que rola absorta
A percorrer uma tristeza imensa.
Que tenta
A si mesma superar.
Sorriso estranho esse !!!
Contudo, alguém pode imaginar
O que é estar
Tão profundamente só
Que da própria solidão
Começa-se a gargalhar ?
Sorriso estranho esse !!!
O que realmente esconde na mente
Quem tanto sorri
E nada sente ?
Além de um vazio tão enorme
Tão gigantesco e aderente
Capaz de emitir sorrisos
Que nada têm de contente.
--- O vinho ---
O vinho negro do imortal pecado
Envenenou nossas humanas veias
Como fascinações de atras sereias
E um inferno sinistro e perfumado.
O sangue canta, o sol maravilhado
Do nosso corpo, em ondas fartas, cheias.
como que quer rasgar essas cadeias
Em que a carne o retém acorrentado.
E o sangue chama o vinho negro e quente
Do pecado letal, impenitente,
O vinho negro do pecado inquieto.
E tudo nesse vinho mais se apura,
Ganha outra graça, forma e formosura,
Grave beleza d'esplendor secreto.
OBS: Caso vc tenha alguma poesia para mandar--->vampire@rzmail.com.br