A APRENDIZAGEM ENQUANTO
EXERCICIO SOCIAL: ALGUMAS PERSPECTIVAS VYGOTSKYANAS
João Batista Martins
Universidade Estadual de Londrina
Dep. Psicologia Social e Institucional
Este trabalho objetivou operacionalizar alguns conceitos
vygotskyanos no ensino de educação física, tais como
internalização, zona de desenvolvimento proximal, mediação,
etc... Ele se deu através do assessoramento de um professor de
educação física que trabalhava com dez crianças de
pré-escola. Para tanto, foram estruturadas 10 aulas de tal forma
que pudéssemos estudar o processo de internalização de regras
pelas crianças. Na primeira aula, discutiu-se com os alunos as
atividades que eles desenvolveram nas férias e que poderiam ser
realizadas na escola. A medida que eles falavam sobre tais
atividades também descreviam as regras das mesmas. Tal
situação possibilitou às crianças compartilharem suas
experiências sócio-culturais, criando uma zona de
desenvolvimento proximal para os envolvidos na situação. Nas
aulas seguintes foram desenvolvidas algumas das atividades
discutidas: jogo de futebol, brincadeiras com bexiga, esconde x
esconde, passar a ponte. Estas atividades foram realizadas duas
vezes ao longo do semestre. A cada aula, antes de iniciarem a
atividade, os alunos discutiam suas regras e, ao final, o que
havia acontecido durante a mesma. Ao longo das aulas percebemos
mudanças na inserção das crianças nas atividades: procuravam
menos o professor para resolverem problemas relativos as regras
dos jogos; as discussões anteriores as atividades possibilitavam
o resgate das regras anteriormente apresentadas, bem como a
avaliação da inserção dos alunos nas mesmas; o egocentrismo,
característico nesta fase de desenvolvimento, foi sendo superado
emergindo algumas atitudes cooperativas. Tais dados nos sugerem
que a atividade coletiva propiciou às crianças internalizarem
as regras, ou seja, o processo de aprendizagem das regras
foi possível graças ao constante exercício social das mesmas.
Nossa experiência indica a importância do exercício social do
conhecimento, pois ele possibilita a quem aprende dar um sentido
próprio para os conteúdos oferecidos nas escolas. Tal processo
assegura a inserção social da criança no universo humano (na
medida que se apropria do conhecimento acumulado pela humanidade)
e a construção de sua individualidade, o que a posiciona nas
micro x macro relações que estabelece.