DIÁRIO DE UM EXTRATERRENO

Ruth Rocha, do livro "Admirável Mundo Louco"

 

 

Como estivesse sem combustível, tentei descer em algum planeta a fim de poder me reabastecer.

O terceiro planeta deste sistema me pareceu jeitoso, pois nele há grandes massas de água. Como todos sabemos, este planeta é habitado por seres estranhíssimos, uns diferentes dos outros.

Estes são desenhos que reconheço que são primitivos, mas são o que consegui fazer de melhor sobre as criaturas que habitam este planeta.

 

Parece que uma das espécies domina as outras como acontecia no finado planeta Flórides.

Vamos chamar estes espécies de freguetes.

Como é que são eles?

Vou tentar descrevê-los.

Em cima eles têm uma esfera, só que não é bem redonda. De um lado da esfera tem uns fios muitos finos, que são de muitas cores. Do outro lado tem o que eu acho que é a cara deles.

Na cara, bem em cima eles têm umas bolas que eles chamam de olhos. É por aí que sai, ás vezes, uma aguinha. Mas só às vezes.

Um pouco mais embaixo tem uma coisa que salta prá fora, com dois buraquinhos bem embaixo. Isso eles chamam de nariz.

Mais abaixo ainda tem um buraco grane, cheio de grãos brancos e tem uma coisa vermelha que mexe muito. Os freguetes estão sempre botando dentro deste buraco umas coisas que eles chamam de comida. Essa tal comida é que dá a eles energia, como a nossa fagula. Têm uns que botam bastante comida dentro. Têm outros que só botam de vez em quando.

Esses buracos servem prá outras cosias, também. É por aí que saem uns sons horrorosos que é a voz lá deles.

Embaixo da bola tem um tubo que une a bola ao corpo. Do corpo sem quatro tubos: dois pra baixo e dois pros lados.

Os tubos de baixo, que se chamam pernas, chegam até o chão e servem para empurrar os freguetes de um lado para outro.

A coisa funciona mais ou menos assim: um tubo fica fincado no chão, enquanto o outro se projeta para a frente e se finca no chão, por sua vez. Quando o segundo está fincado no chão o primeiro se projeta para frente e assim por diante. Eles chama a isso andar.

Bem embaixo dos tubos, onde eles se fincam no chão, geralmente eles enfiam umas cápsulas duras, acho que para proteger as pontas dos tubos.

Os tubos que saem pros lados se chamam braços; têm cinco tubinhos em cada ponta. E com essas pontas eles pegam nas coisas.

Vou tentar fazer uns esquemas de como eles são, para que todos entendam melhor. Por mais absurdo que esses esquemas pareçam é assim mesmo que eles são. É inútil chamarem a minha atenção para o fato de que eles não parecem obedecer a um padrão lógico de desenvolvimento.

Eu também acho que não.

 

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