Exemplos de Etnocentrismo
Exemplo 1
Lévi-Strauss (antropólogo) relata, em seu livro "Tristes Trópicos", o mito de origem dos índios mbaiá - guaicuru, cujo território situava-se em terras paraguaias e brasileiras. Eles aprenderam a montar a cavalos e adquiriram com isso grande mobilidade e poder, passando a dominar e explorar outros grupos indígenas da região.
O mito mbaiá diz o seguinte:
"Quando o ser supremo, Gonoenhodi, decidiu criar os homens, tirou primeiro da terra os guaná, depois as outras tribos; aos primeiros, deu a agricultura, e a caça às segundas. O Enganador, que é outra entidade do panteão indígena, percebeu, então, que os mbaiá tinham sido esquecidos no fundo do buraco e os fez sair; mas, como nada mais lhes restasse, tiveram o direito à única função ainda disponível, a de oprimir e explorar os outros."
Exemplo 2
Durante a Guerra do Vietnã, o comandante das Forças Armadas norte-americanas, vendo-se obrigado a explicar as sucessivas derrotas de suas tropas, declarou à imprensa que os "amarelos comunistas" estavam ganhando a guerra porque, ao contrário dos ocidentais, não davam valor à vida e, por isso, lutavam sem nenhum temor. Segundo o militar, os destemidos vietnamitas sequer expressavam dor por ocasião da morte de amigos e parentes!
Exemplo 3
Os Cheyene, índios das planícies norte-americanas, se autodenominavam "os entes humanos’; os akuáwa, grupo tupi do sul do Pará, consideram-se "os homens"; da mesma forma que os Navajo se intitulavam "o povo’. Os aborígenes australianos chamavam as roupas dos brancos de "peles-de-fantasmas", pois não acreditavam que os ingleses fossem parte da humanidade; e os nossos xavantes acreditam que o seu território tribal está situado bem no centro do mundo."
Exemplo 4
Os urubus, grupo tribal do vale do Pindaré (Maranhão), assim nomeados pelos vizinhos (civilizados e índios) se autodenominam Kaapor (Kaa = madeira, mata, floresta e Pôr - ser). Essa autodenominação sintetiza admiravelmente o mito ou a explicação da origem do grupo. "Todos os homens vieram das madeiras. Todos. Só que, enquanto os Kaapor originaram-se das madeiras boas, os outros homens (a humanidade, para eles) nasceram das madeiras podres. ( do livro "Raça e diversidade", Lilia Moritz (org.), João Baptista Borges Pereira, Edusp, 1996, SP, pág. 18)