Estrangeiros inflam favelas

Reportagem de Vanessa Adachi

(Jornal "Folha de São Paulo", 21 de fevereiro de 2000)

O último censo realizado pela prefeitura de Buenos Aires nas favelas da cidade mostrou um crescimento de 15% em sua população nos últimos dois anos. Nos 15 assentamentos precários da cidade vivem hoje 100 mil pessoas.

"Sua população cresce por causa da crise econômica, e cada vez mais se nota a migração interna e de outros países", disse o secretário de Promoção Social da capital argentina, Daniel Figueroa.

Segundo ele, além de confirmar o já esperado aumento do número de habitantes das chamadas "villas", o censo, divulgado na semana passada, mostrou que houve uma mudança no perfil de moradores. Agora, a maioria é formada por imigrantes de países vizinhos da Argentina.

A Villa 1-11-14, de Bajo Flores, é a maior da cidade e reduto de imigrantes bolivianos. Nela vivem 18.124 pessoas em 5.710 famílias.

Desde 1996, o governo portenho começou um plano de reforma das "villas", com melhoria dos corredores e ruas internas, da rede de esgoto e dos espaços comuns. "O objetivo é urbanizar as "villas" para que não se perpetuem as condições de segregação e passem a ser bairros", disse Figueroa.

Para a Defensoria do Povo da Cidade de Buenos Aires, entretanto, o projeto não respeita os moradores das favelas. "Chegam colonizando e nem perguntam aos que vivem na "villa" o que acham do que está sendo feito", disse a defensora pública Alicia Oliveira.

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