MÚSICAS SOBRE A QUESTÃO DO RACISMO

 

 

BLACK OR WHITE(Michael Jackson)

I took my baby on a saturday bang boy is that girl with you. Yes we’re one and the same

Now I believe in miracles and a miracle has happened tonight

But, if you’re thinkin’ about my baby It don’t matter if you’re black or white

They print my message in the saturday sun. I had to tell them. I ain’t second to none

and I told about equality and it’s true. Either you’re wrong or you’re right

But, if you’re thinkin’ about my baby It don’t matter if you’re black or white

I said if you’re thinkin’ of being my baby It don’t matter if you’re black or white

I said if you’re thinkin’ of being my brother I don’t matter if you’re black or white

 

AMERICANOS (Caetano Veloso)

Americanos pobres na noite da Louisiana. Turistas ingleses assaltados em Copacabana. Os pivetes ainda pensam que eles eram americanos. Turistas espanhóis presos no aterro do Flamengo por engano. Americanos ricos já não passeiam por Havana. Veados americanos trazem o vírus da AIDS para o Rio no Carnaval.

Veados organizados de São Francisco conseguem controlar a propagação do mal.

Só um genocida em potencial - de batina, de gravata ou de avental - pode fingir que não vê que os veados - tendo sido o grupo-vítima preferencial - estão na situação de liderar o movimento prá deter a disseminação do HIV.

Americanos são muito estatísticos. Têm gesto nítidos e sorrisos límpidos.

Olhos de brilho penetrante que vão fundo no que olham, mas não no próprio fundo.

Os americanos representam grande parte da alegria existente neste mundo.

Para os americanos branco é branco, preto é preto, (e a mulata não é a tal)

Bicha é bicha, macho é macho, mulher é mulher e dinheiro é dinheiro.

E assim ganham-se, barganham-se, perdem-se, concedem-se, conquistam-se direitos.

Enquanto aqui embaixo a indefinição é o regime e dançamos com uma graça cujo segredo nem eu mesmo sei. Entre a delícia e desgraça. Entre o monstruoso e o sublime.

Americanos não são americanos. São velhos homens humanos chegando, passando, atravessando. São tipicamente americanos.

Americanos sentem que algo se perdeu, algo se quebrou, está se quebrando.

 

HAITI(Caetano Veloso e Gilberto Gil)

Quando você for convidado prá subir no adro da fundação Casa de Jorge amado prá ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos dando porrada na nuca de malandros pretos, de ladrões mulatos e outros quase brancos tratados como pretos. Só prá mostrar aos outros quase pretos (e são quase todos pretos) e aos quase brancos pobres como pretos como é que pretos, pobres e mulatos e quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados. E não importa se olhos do mundo inteiro possam estar por um momento voltados para o largo onde os escravos eram castigados. E hoje um batuque, um batuque com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária em dia de parada. E a grandeza épica de um povo em formação nos atrai, nos deslumbra e estimula. Não importa nada: nem o traço do sobrado, nem a lente do fantástico, nem o disco de Paul }Simon. Ninguém, ninguém é cidadão. Se você for ver a festa do Pelô, e se você não for. Pense no Haiti, reze pelo Haiti. O Haiti é aqui - o Haiti não é aqui.

E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer plano de educação que pareça fácil. Que pareça fácil e rápido, e vá representar uma ameaça de democratização do ensino de primeiro grau . E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital e o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto e nenhum no marginal. E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco brilhante de lixo do Leblon . E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo diante da Chacina. 111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos ou quase pretos, ou quase brancos, quase pretos de tão pobres e pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos.

E quando você for dar uma volta no Caribe e quando for trepar sem camisinha e apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba. Pense no Haiti, reze pelo Haiti,

O Haiti é aqui, o Haiti não é aqui.

 

 

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