ENFIM, O FIM

TT Catalão

Confesso: tem um tipo de mundo que deveria chegar ao fim, mesmo! Não seria o fim do planeta, nem o extermínio da humanidade, muito menos a devastação da natureza. Mas o fim do mundo que nos consome e nos impede chegar à nossa consciência plena de ser humano: consigo, com os outros e com o meio.

Seria o fim de alguns mundinhos que inventamos e já está mais do que na hora de acabar. O fim de alguns modelos de mundo que só serviram para nos ameaçar nessa roda de crime, submissão e desespero.

Veja se não seria interessante o fim daquele mundo que acumula riquezas e poder em alguns povos e deixa que o resto morra à míngua. Seríamos mais livres se acabasse, enfim, o domínio dos especuladores sobre o trabalho dos que produzem bens e empregos. Que bom chegassem ao fim o trabalho escravo, o desemprego e os mecanismos dos salários aviltantes.

Quem dera fosse o fim da indiferença que sempre procura desculpas para adiar o permanente compromisso com a vida. Bem-vindo seja o fim dos que mentem ou se mascaram de salvação enquanto mantêm e até são "glorificados" em suas atividades hipócritas.

Tomara acabe o mundo da omissão diante da injustiça. Dos que se calam diante da infâmia ou se ocultam permitindo traições. Fim da pressa que acelera a busca das posses e evita a solidariedade. Fim da arrogância que isola e não deixa crescer a troca na riqueza das diferenças.

Seja o fim dos que lucram e incentivam a violência em todas as suas formas: física, emocional, espiritual, política, econômica, cultural e verbal. Seja o fim de todo supérfluo luxo que impede o fluxo de alimentos, roupas, moradias, prazeres, artes e informações.

Aproxime-se o fim dos que matam os sonhos. Aqueles que tentam impedir nosso destino de felicidade e são estratégicos e requintados nos argumentos para desmontar a chama romântica que transforma e cria alternativas. Que bom seria esse fim dos cépticos. O fim do desprezo.

Cheguem também ao fim a derrota e a baixa auto-estima de um povo que de tanta pancada começa a duvidar da sua força para construir o novo. Basta a miséria que degrada e corrói proteínas e desejo, as matrizes necessárias da mudança.

Saudações ao fim do mundo controlado pelas armas que aguçam a cobiça ávida de avareza e sempre de mais armas para cobiçar mais e mais. Fim da corrente de ódio provocador da vingança onde se alimenta o ódio para outras vinganças. Viva o fim do medo! Da ditadura da moda. Do imposto impostor.

Acabem esses tipos de mundos. Hoje, amanhã, agora. Seria o magnífico fim de um ciclo para o nascimento de uma nova atitude entre todos. A grande chance para descobrir nossa eterna capacidade de renovação: entender que um mundo acaba, aos poucos, exatamente quando decidimos viver e fazer outro tipo de mundoo. O que desejamos melhor. Não só para um, mas para todos. Seja o começo desse fim.

 

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