Imperador Chinês

Conta-se que certo imperador chinês, quando foi avisado a respeito de uma insurreição que estava se desenvolvendo em uma das províncias do seu imperio,

disse aos ministros do seu governo e aos chefes militares que o cercavam:

"Vamos. Sigam-me. Destruirei os meus inimigos imediatamente."

Quando o imperador e suas tropas chegaram ao lugar onde se encontravam os

rebeldes, ele os tratou com tanta brandura e amabilidade que, em gratidão, todos

se submeteram a ele voluntariamente.

Aqueles que compunham a comitiva do imperador pensaram que ele ordenaria imediata

execução de todos os que haviam se rebelado contra o seu domínio, mas

ficaram grandemente surpreendidos ao vê-lo tratando-os com tanto carinho e

afeto. Intrigado com a humilhante atitude do soberano e julgando-o um quase

covarde, o primeiro-ministro, um tanto agastado, perguntou:

- É desta forma que Vossa Excelência cumpre sempre a sua ameaça? Nao nos disse

no início da caminhada que viríamos aqui para vê-lo destruir os seus inimigos?

Ora, a única atitude que tomou foi a de anistia-los com um gesto humanitário...

Estamos todos verdadeiramente estarrecidos com o perdão indiscriminado e sobretudo com o carinho extremado que premiou a cada um dos revoltosos.

Depois de ouvir atenciosamente a censura do seu ministro e ainda outras tantas

críticas feitas pelos demais auxiliares, o imperador tomado de um sereno ar

de generosidade, disse-lhes:

- Sim, lembro-me que prometi solene e decididamente destruir todos os meus inimigos.

E agora eu lhes pergunto: Estão vendo algum inimigo meu? Certamente que não,

pois a todos tenho feito amigos.

Essa é uma verdade sem contestação. Podem se destruir os inimigos pela força,

pela violência, pela soberania. Entretanto, feito isto, não há dúvidas,

muitos outros inimigos nascerão em face da atitude prepotente. Todavia, quando

se procura ganhar um inimigo com gestos de amor, de compreensão e bondade, fatalmente surgirão muitos outros amigos que, atraídos pela experiência vivida

pelo semelhante. também se deixam transformar seguindo exemplo de amor e perdão em

relacão aos seus inimigos.

Parece ser este o sentido do pensamento exposto por Paulo, o apostolo: a ciência (conhecimento, saber) por vezes tem levado pessoas a soberba, autoritarismo, superioridade; entretanto, o amor, nas suas mais variadas manifestações, enobrece, dignifica e opera transformações.

 

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