Movimento academicista e processo político-cultural no Brasil Colônia.
Por Ariel Castro
Full Professor
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Back to Ariel Castro's Corner or Ariel Castro's Home Page Introdução. Herança cultural e literária das academias brasileiras do século XVIII. Academicismo português e academicismo brasileiro. Limites temporais das academias pré-arcádicas e primeiras experiências acadêmicas. A Academia Brasílica dos Esquecidos. Academia dos Felizes. Academia dos Seletos. Academia dos Renascidos e fio ideológico das academias pré-arcádicas. Produção literária e intelectual dos acadêmicos pré-arcádicos. Conclusão.     Introdução. Ao longo do século XVIII português, desenvolveu-se crescente sentimento, dentro da sociedade, no sentido de o país construir uma economia mais competitiva e adotar uma política religiosa distanciada dos rígidos padrões que vinham do século XVI. A participação dos brasileiros no processo de mudanças em Portugal, se não foi muito evidente, ocorreu na medida em que chegavam à metrópole em grande número como conseqüência do desenvolvimento econômico que se seguiu à descoberta das minas de ouro e pedras preciosas. Indiretamente, foi significativo porque a economia portuguesa tornou-se dependente da produção de sua colônia na América, o que gerou uma gradual conscientização, por parte dos brasileiros, de sua importância. Deste modo, Nenhuma colônia de país europeu foi tão importante para sua metrópole e respectivos aliados quanto o Brasil o foi para Portugal no século XVIII. A situação foi preparada pela crescente emigração de portugueses em todo o decorrer da segunda metade do século XVII como conseqüência da descoberta das minas. A tal ponto cresceu, que medidas foram tomadas pelo Rei para conter essa revoada, que criou, aos poucos, uma nova elite econômica e intelectual na terra adotada. A prosperidade desses novos brasileiros e seu apego à terra que lhes retribuía o esforço da travessia provocou a adesão ao nativismo surgido da guerra contra os holandeses e da apropriação do interior. Muitos desses portugueses transmigrados eram portadores de uma formação intelectual obtida com os jesuítas, que dominavam o sistema de ensino em Portugal. Aqui encontraram alguns brasileiros filhos de gente abastada, também formados com os jesuítas. Este contexto vai explicar a produção acadêmica do século XVIII.

    O Brasil, como colônia portuguesa, também viveu, desde 1580, sob a influência da cultura espanhola, na qual predominava o conservantismo religioso, a intolerância nas relações sociais, um espírito artístico quase exclusivamente barroco e um ensino de base escolástica pouco aberto à crítica inovadora. Portugal intensificou, sob muitos aspectos, esta situação, do que resultou um isolamento que tornava a vida portuguesa extremamente precária e a repressão política e religiosa uma hipótese sempre presente na vida das pessoas. Tal ambiente, por si só, era capaz de acender nos brasileiros, que retornavam da metrópole, uma chama cada vez mais forte de amor à terra natal. Sentiam a necessidade de tentar dizer ao rei, à corte e aos funcionários que a terra era boa e que não podia, simplesmente, continuar sendo explorada sem nenhum retorno que a beneficiasse, ou, simplesmente, sem
nenhuma real compreensão de sua importância. Esquecimento era, certamente, a palavra que melhor definia, neste largo período, as relações entre a metrópole e a colônia. Não é outro o sentido de obras como as de Bento Teixeira, Manuel Botelho de Oliveira, Manuel de Santa Maria Itaparica, Ambrósio Fernandes Brandão, Vicente do Salvador, Antônio Vieira, Domingos do Loreto Couto, Nuno Marques Pereira, André João Antonil (pseudônimo de João Antônio Andreoni), Antônio José da Silva e outros barrocos. A incapacidade dos reis, desde a Restauração até o fim do século XVIII, de entender bem a direção das mudanças que ocorriam fora das fronteiras portuguesas acabou por transformar o sentimento nativista brasileiro em idéias nacionalistas, numa escalada de desapontamento, ressentimento e ódio.

    O surgimento do movimento academicista brasileiro ilustra muito bem esta situação, como se verá.

    Herança cultural e literária das academias brasileiras do século XVIII. Desde a Idade Média, o termo "academia" se generalizou, pouco a pouco, em todos os países para designar as sociedades organizadas, de sábios, poetas e artistas. A palavra portuguesa "academia" deve ter entrado no vocabulário corrente em meados Séc. XVI, vinda diretamente do francês.

    As academias brasileiras do século XVIII têm sido apreciadas pelos historiadores da literatura como fenômeno que teve ou não significado na formação literária do Brasil, que teve ou não valor para o aparecimento de talentos entre nós, mesmo considerando-se as peculiares condições políticas da época. Todas as avaliações parecem convergir para um esforço no sentido de se as considerarem como importantes ou não para essa formação.

    É preciso ter em mente, todavia, que nas sociedades nada surge sem sentido e, muito menos, de modo isolado de outras variáveis sociais. O processo cultural em que se inserem as academias do Brasil-colônia são, na verdade, uma "transição ou série de transições entre uma condição social e outra". Por isso, têm valor em si mesmas e relativamente a outras variáveis dentro da história literária e política do país. Serem suas produções insípidas ou despidas de valor literário ou, ainda, escritas em línguas que não o português tem valor relativo, que pode ser maior ou menor de acordo com outros referenciais que se considerem. É preciso que se faça, na avaliação dessas academias aquela redução sociológica que, na definição de Guerreiro Ramos, assim se apresenta:

" ... atitude metodológica que tem por fim descobrir os pressupostos referenciais, de natureza histórica, dos objetos e dos fatos da realidade social. A redução sociológica, porém, é ditada não só pelo imperativo de conhecer, mas também, pela necessidade social de uma comunidade que, na realização de seu projeto de existência histórica, tem de servir-se da experiência de outras comunidades."     O conceito de academia sugere, portanto, a análise de sua validade e de sua lógica relativamente ao contexto social, cultural e político dos tempos coloniais.
 
    No Brasil, as academias pré-arcádicas surgiram quase ao mesmo tempo que as portuguesas, mas sua eclosão foi propiciada pela criação em Portugal, por decreto de 8 de dezembro de 1720, da Academia Real de História. A historiografia monástica, cujos métodos não se podiam ombrear com os praticados nos países de maior prestígio, como, principalmente, a França, gerou uma reação no reinado de D. João V. A intenção do monarca era a de criar igualmente uma corte de luzes e, para isso, o re-estudo, sob um processo crítico imitativamente racionalista, da história portuguesa parecia-lhe a melhor maneira de criar uma atmosfera áulica, porém prestigiosa. Sem as academias, não teria havido iluminismo em Portugal. O Brasil, portanto, recebeu a nova moda e adaptou-a às suas próprias circunstâncias.

    O terreno sobre que se assentou o movimento academicista no Brasil se prestava muito bem, como veremos, ao movimento associativo que nascera, ainda no século XV, na Itália.

    Academicismo português e academicismo brasileiro. Com a recuperação de sua independência, em 1640, Portugal inicia uma política mais criativa para com os brasileiros, que se destacaram, nas guerras holandesas, na defesa da terra e na solidariedade política com a metrópole. Formou-se a Companhia Geral do Comércio, em 1649, criou-se a Companhia de Comércio do Maranhão, em 1682, e instalou-se a primeira Casa da Moeda, na Bahia, em 1694. O período tornou-se particularmente importante para o Brasil porque, à grande produção de cana-de-açúcar, se somam as reservas de ouro e pedras preciosas de Minas Gerais, que irão tornar a colônia o instrumento principal da recuperação econômica portuguesa e grande fonte de riqueza para a Inglaterra. Em conseqüência de tudo isso, a área urbana se transformou com uma florescente atividade comercial e, também, com a presença dos vice-reis, a partir de 1640. Uma mini-corte se formou na Bahia e com ela o aulicismo próprio da época. Desta efervescência renovadora, como assinalou Sílvio Castro no capítulo anterior, surgem as Academias no século XVIII, só possíveis, por outro lado, por existir, desde os meados do século XVII, uma elite intelectual urbana aqui formada ou aqui forjada na esteira do nativismo proporcionado pelas lutas contra os holandeses. As Academias pré-arcádicas brasileiras surgem da forma portuguesa, porém sua ideologia transcende desta porque enraizada no ensino jesuítico, quer brasileiro, quer português, e, ao mesmo tempo, nas tradições francesa e italiana dessas organizações. Muitos acadêmicos brasileiros conheciam perfeitamente a natureza da literatura acadêmica produzida fora de Portugal.

    Dentro da perspectiva da história literária, a ação dos jesuítas na formaçäo das elites intelectuais do Brasil colonial deve ser realçada porque, no litoral, onde também estiveram, ministraram o ensino à mocidade em geral, principalmente na Bahia e no Rio de Janeiro. Ademais, o grau obtido no colégio dos jesuítas da Bahia já era reconhecido como equivalente aos colégios de Lisboa e Braga no aproveitamento dos estudos para dispensa de um ano, no curso de Artes, na Universidade de Coimbra e de Évora. Usufruíram deste ensino, entre muitos outros, Antônio Vieira, Vicente do Salvador, Gregório de Matos, Eusébio de Matos, Manoel Botelho de Oliveira, Sebastião da Rocha Pita, Cláudio Manoel da Costa, José Basílio da Gama, Alvarenga Peixoto, Domingos Caldas Barbosa, Manoel Inácio da Silva Alvarenga, Bartolomeu Lourenço de Gusmão e Alexandre de Gusmão.

    Limites temporais das academias pré-arcádicas e primeiras experiências acadêmicas. A publicação das obras poéticas de Cláudio Manuel da Costa em 1768 marca o fim do período academicista própriamente dito porque o arcadismo, que ele inicia, representa novas direções na valorização do ideal clássico e indica passagem do nacionalismo não completamente conscientizado dos Renascidos no movimento consciente de nacionalidade dos inconfidentes. Cláudio certamente vinha estimulado por sua formação jesuítica, que favorecia a tais idéias, e por sua inclusão, ainda jovem mas já bacharel formado na Faculdade de Cânones de Coimbra, no verdadeiro movimento cultural em que se transformou a Academia dos Renascidos e se refletiu nas academias que continuaram a ser criadas no Brasil depois dessa ano.

    Na relação de éditos e inéditos apresentada por Aderaldo Castelo em sua documentação sobre o movimento academicista brasileiro, é oferecido ao leitor um elenco de festejos públicos comemorativos, ocorridos entre 1641 e 1821.

    Tendo em vista o largo período que avaliamos (de 1641 a 1768), foram muito poucos os atos acadêmicos ou festejos públicos que se documentaram. Ou eram realmente raros ou a maioria se perdeu. Foram cinco epicédios (1650, 1691, 1709, 1751, 1755), duas aclamações (1641, 1752), quatro comemorações de casamentos (1729, 1760, 1760, 1762), três comemorações religiosas (1733, 1740, 1745) e uma celebração de nascimento.

    Academia Brasílica dos Esquecidos. Recebeu o nome de Academia Brasílica dos Esquecidos a primeira Academia brasileira.

    Sua criação foi resultado indireto de carta do rei D. João V ao vice-rei do Brasil, Vasco Fernandes César de Menezes, no cargo desde 23 de novembro de 1720. De seu conteúdo se vê que a ordem do rei era no sentido de providenciar o vice-rei, junto aos dignitários da Igreja do Brasil e sacerdotes em geral, se investigasse tudo que fosse possível sobre a história do Brasil, de conformidade com a memória da Academia Real da História Portuguesa que, com a carta, era remetida. Não se faz nenhum cometimento a qualquer outra pessoa não religiosa, exceção feita aos oficiais das Câmaras para prestarem toda a colaboração, de acordo com o contido na dita memmória. Não sugere o rei e, muito menos, autoriza a criação de nenhum organismo para a realização do trabalho, que é atribuído tão somente à Igreja do Brasil. Aliás, como era de se esperar de um soberano beato.

    No mesmo dia 31, o Conde de Villa Maior, Fernando Teles da Silva, ministro e embaixador do rei, dirigiu-se a Vasco Fernandes César de Meneses para comunicar-lhe a criação da Academia Real da História Portuguesa e o agrado real de vir a receber todas as notícias "conducentes ao fim pertendido" de se escrever com a exação e brevidade possível a "Historia Eclesiastica e secular deste Reyno e suas conquistas". O vice-rei respondeu prontamente, dentro do ritmo da comunicação daquela época, à ordem real, mas, apesar da diligência prometida, não atendeu à ordem real na forma como foi exarada. Quase dois anos depois, em 7 de março de 1724, reuniu pessoas de prestígio da capital, principalmente religiosos, e fundou uma academia. Conforme testemunha José da Cunha Cardoso, um dos sete acadêmicos principais, o assunto se mantivera desconhecido de todos até a realização da reunião de convocação, em 7 de março de 1724:

"No dia sétimo de março, que, misteriosa e não casualmente, foi em terça-feira, em congresso feito por ordem superior do primeiro móvel deste Céu Acadêmico (por ordem do Vice-rei), se nos participou a notícia de tão alto pensamento; e, como se o propor fora convencer, menos tempo levou a obediência, que a proposta ..."     As últimas palavras mostram o entusiasmo com que foi recebida a idéia do Vice-rei, sendo notável a rapidez com que os aderentes prepararam seus trabalhos para a primeira sessão, que se realizou em 23 de abril seguinte. A surpresa causada pela proposta e a resposta pronta dos intelectuais da colônia são indicativos de um estado de espírito que se vai evidenciar em muitos passos dos trabalhos produzidos até o ano seguinte, muito embora a forma literária por todos empregada - aliás também em Portugal e Espanha - dificulte a identificação dessa disposição, que deve ser analisada mais à luz do processo cultural em andamento no Brasil do que do valor literário da produção dessa gente.

    A resolução de instituir uma academia na Bahia foi, como se vê, somente do Vice-rei, que é chamado pelos aderentes de homem de nome ilustre pelas armas e louvável pela idéia de tornar conhecidos os talentos da Bahia, então obscuros por falta de exercício literário.

    Para instituí-la, chamou, por meio de cartas circulares, sete personalidades da cidade da Bahia, um padre e seis leigos. Ao reunir-se com os convocados, comunicou-lhes sua vontade e obteve, como se viu, entusiamada adesão à idéia, com grandes elogios à sua pessoa.

    Há toda uma simbologia nos atividades que concretizaram a idéia inicial de Vasco Fernandes César de Menezes. Queria ele, na verdade, fazer algo em contrapartida à criação da Academia Real de História Portuguesa, inspirado na ordem do rei, em que não se vislumbra, nem de longe, essa intenção. Assim, na primeira sessão, alguém escreveu:

"Dar do Brasil, na Bahia,
uma História universal,
é todo o fim principal
desta nobre Academia."

    A proposta do Vice-rei é prudente, embora não fiel à ordem real, que foi a de incumbir religiosos da colônia de colher material da história do Brasil conquistado para enriquecer a História portuguesa:

"Seguir quer ao Rei, não excedê-lo,
como sombra do sol mais animada,
ainda posto no mesmo paralelo.
Quer mostrar, com fineza acreditada,
que, por servir ao Rei e defendê-lo,
numa mão tem a pena, noutra a espada.

    É um servidor do Rei, que os acadêmicos se esforçam por colocar em plano ainda mais alto que o de um funcionário:

"Sempre leal ao Rei, e confidente,
com obras nas ações de muito porte,
para que diga o vulgo, que o aclama,
que do bom troco nasce a boa rama.
Agora que, Erector da Academia,
os engenhos convida a tal efeito,
que já nenhum pejado, na Bahia,
deixa de fabricar todo o conceito.

    Escolheram como dístico "sol oriens in occiduo", ao que parece como elogio adicional ao Vice-rei, que distinguiam como sol do Oriente, pois servira na õndia, e, agora, sol no Ocidente. Isso indica que, para a fundação da Academia não há relação nenhuma direta com a carta de D. João V, de 1722. Em alegada modéstia, institularam-se Esquecidos, o que permite deduzir que não tendo sido lembrados antes, vinham-se sentindo isolados, distantes e sem motivação. Intitularem-se Esquecidos já por si só indica alguma inconformidade relativamente à metrópole, o que seria já inusitado no regime colonial do momento, mas que se explicaria por algum tipo de auto-estima de pessoas plenamente integradas no Estado do Brasil

    A prova dessa auto-estima foi tomarem como matéria principal de seus estudos a História do Brasil, dividida em natural, militar, eclesiástica, e política, o que significa terem desejado, coletivamente e pela primeira vez na História, conhecer mais profundamente o Brasil para tornarem públicos os resultados.

    Diferentemente do que se fizera com a Academia Real de História Portuguesa, com a aprovação do rei, os fundadores procederam da mesma maneira que procediam os membros das academias particulares portuguesas, ou seja, darem-se apelidos: Obsequioso, Nubiloso, Ocupado, Laborioso, Vago, Infeliz e Venturoso. O Vice-rei foi declarado Protetor da Academia, o que implica tratar-se de iniciativa sem vinculação oficial com a atividade cultural da Metrópole, marcando o Secretário a primeira conferência para a tarde de 23 de abril de 1724.

    Estabeleceu-se que as sessões seriam quinzenais
e seus assuntos seriam determinados pelo Presidente da sessão anterior e aprovados pelo Vice-rei. Para o exercício da poesia, haveria sempre argumento heróico e outro lírico, sendo admitidos poemas anônimos.

    A primeira conferência seria uma homenagem ao Vice-rei por ter criado a Academia. Determinou-se convidar muitas pessoas, principalmente as de maior distinção, o que foi feito por cartas, escrevendo-se, também, cartas-desafios para estimular a participação dos convidados em geral nos certames literários que ocorreriam durante as sessões.

    Realizaram-se conferências, com intervalo quinzenal, até 26 de novembro de 1724, conforme o projeto inicial. Depois, ocorreram mais duas com cerca de um mês de intervalo e uma última a quinze dias da penúltima. Essa cronologia indica um término abrupto para as sessões da Academia, prenunciado pelo intervalo maior nos útimos três meses. Como o IV Vice-rei, ex-Vice-rei da õndia e protetor perpétuo da agremiação, Vasco Fernandes César de Menezes, continuou no cargo até 1735, pode-se concluir que o fechamento da Academia foi decisão sua, tal como o fora sua abertura. Assim como lhe fora conveniente criá-la, a partir da carta do rei mas não em obediência a ela, deve ter sido mais conveniente ainda fechá-la repentinamente em meio à sua atuação regular. As razões podem ter sido políticas, o que é mais provável, ou simplesmente resultantes de enfado. O exame dos trabalhos da Academia, relativamente à temática sugerida por cada Presidente de sessão e realizada pelos aderentes, corrobora a tese da decisão política para o encerramento das atividades do Grêmio. Assim, na 1ª Conferência, proferida por José da Cunha Cardoso, dizia-se, no que parece ser um sentimento comum:

" ... e como, pelo nosso grande descuido ou pequena reflexão, nos escondiam as sombras do esquecimento a muitos sujeitos (assuntos) raros (pouco comuns), com que a decretada Academia se podia enobrecer ..."     O melhor resultado da Academia dos Esquecidos foi a História da América Portuguesa, de Sebastião da Rocha Pita, obra concluída em 1724. Barroco, como era de se esperar, deve Rocha Pita ser considerado o pai da história nacional. Confiável em suas informações, chega a dar, até mesmo, uma notícia da Academia a que pertencia: "A nossa portuguesa América (e principalmente a província da Bahia), que na produção de engenhosos filhos pode competir com Itália e Grécia, não se achava com as academias introduzidas em todas as repúblicas bem ordenadas, para apartarem a idade juvenil do ócio contrário das virtudes, e origem de todos os vícios, e apurarem a sutileza dos engenhos. Não permitiu o vice-rei que faltasse no Brasil esta pedra-de-toque ao inestimável oiro dos seus talentos, de mais quilates que o das suas minas. Erigiu uma doutíssima academia, que se faz em palácio na sua presença. Deram-lhe forma as pessoas de maior graduação e entendimento que se acham na Bahia, tomando-o por seu protetor. Tem presidido nela eruditíssimos sujeitos. Houve graves e discretos assuntos, aos quais se fizeram elegantes e agudíssimos versos; e vai continuando nos seus progressos, esperando que em tão grande proteção se dêem ao prelo os seus escritos, em prêmio das suas fadigas."     Inácio Barbosa Machado, antes que seu irmão Diogo terminasse de publicar sua famosa Biblioteca Lusitana (Lisboa, 1741-1759), deu à estampa, em Lisboa, o resultado da tarefa que lhe foi cometida, como Acadêmico Esquecido. Publicou ainda, em 1759, uma Historia Critico-chronologica da instituiçam da Festa, Procissam, e Officio do Corpo Santissimo de Christo etc. Deixou preparada para a tipografia, conforme o códice 848 da Biblioteca Nacional, de Lisboa, as dissertações que reuniu na Bahia, em junho de 1723, e que apresentou durante as sessões de funcionamento da Academia dos Esquecidos dos dois anos seguintes. Deu ao conjunto o título de Exercícios de Marte / Nova Escola de Belona / Guerra Brasílica / Primeira e Parte Segunda / Terceira e Quarta / ou / Dissertações críticas jurídico-Históricas dos Descobrimentos / e origens dos Povos e Regiões desta América, povoações e conquistas, guerras, e vitórias com que a nação portuguesa / conseguiu o Domínio das catorze capitanias que formam a Nova Lusitânia, ou Brasil / Principado dos Primogênitos de Portugal / que oferece / ao Exmo. Senhor Vasco Fernandes César de Meneses / 4º Vice-Rei / De toda a Portuguesa América ou Brasil / Inacio Barbosa Machado ... Lente de História Militar na Academia Brasílica / Dos Esquecidos.

    Foi principalmente durante suas conferências que a Academia Brasílica dos Esquecidos deixou as provas do novo espírito inquiridor provocado por seu plano de funcionamento. Vários trabalhos importantes foram apresentados durante as sessões: dez Dissertações Altercadas e Resolutas, principalmente sobre os índios brasileiros, oito Dissertações Acadêmicas, e Históricas, em que se trata da História Natural das Coisas do Brasil; oito Dissertações de História Eclesiástica brasileira, de autoria do Pe. Gonçalo Soares da Franca; umas Memórias acerca dos pássaros da Colônia Luso-Americana, de Caetano de Brito de Figueiredo, e Exercícios de Marte, Nova Escola de Belona, Guerra Brasílica ou Dissertações Críticas Históricas do Descobrimento e Origens dos Povos e Regiões d'América, Povoações, Conquistas, Guerras, e Vitórias com que a Nação Portuguesa conseguiu o Domínio das Catorze Capitanias que formam a Nova Lusitânia, ou Brasil, de Inácio Barbosa Machado. Segundo Massaud Moisés, é de se crer, também, que as obras de José Mirales, que escreveu mais tarde uma História Militar do Brasil, a pedido da Academia dos Renascidos, e de Jaboatão, tenham recebido estímulo, direto ou indireto, da Academia Brasílica dos Esquecidos.

    Após a Academia dos Esquecidos, surgiu no Rio de Janeiro, fundada a 6 de maio de 1736, a Academia dos Felizes. Sua criação deveu-se ao apoio do governador interino, brigadeiro José da Silva Pais, e ocorreu no palácio do governador efetivo, Gomes Freire de Andrade, conde de Bobadela, ausente do Rio de Janeiro, em períodos diversos, por estar acumulando a administração das capitanias do sul e a de Minas Gerais.

    Há, preservada, em relação a esta Academia, uma carta de um de seus mais destacados membros, o médico português Mateus Saraiva. ê endereçada a Diogo Barbosa Machado, o autor da Biblioteca Lusitana e irmão de Inácio Barbosa Machado, da Academia dos Esquecidos, de quem, provavelmente, recebia as informações sobre a intelectualidade brasileira. A finalidade da mesma era dar a conhecer ao grande bibliófilo português os trabalhos que escrevera e teve sucesso, pois inseriu ainda Machado um verbete sobre o missivista brasileiro no tomo 3º de sua Biblioteca lusitana, histórica, crítica e cronológica. As obras de Mateus Saraiva são citadas por Barbosa Machado, embora a maioria delas não passasse de primeiros traços ou simples bosquejos. Revelam, em seu conjunto, a preocupação básica dos prosadores acadêmicos do século XVIII brasileiro: o Brasil como realidade plena que se oferecia à consciência dos portugueses.

    Da Carta de Mateus Saraiva, redigida no Rio de Janeiro em 20 de outubro de 1742, colhem-se informações úteis sobre o significado da Academia dos Felizes:

" ... e, também, por se nos oferecer o que nos obrigava à conta de nossa Academia, que se estabeleceu nesta cidade, principiando em 6 de maio de 1736 no palácio do governador, que então era o brigadeiro José da Silva Pais, por ausência do general, e regida com o fim de discorrer em assuntos vários, assim heróicos como líricos, sendo a sua empresa Hércules com a clava sacudindo os ares a obviar o ócio com a letra - Ignavia fuganda et fugienda, alegorizando ao ócio de que se deve fugir, compondo-se de 30 sócios de um e outro estado, a qual, tendo uma interrupção, se abriu segunda vez em 12 de abril em casa do secretário, o Dr. Inácio José da Mota, e feneceu em 28 de fevereiro de 1740, com o prazo de 15 em 15 dias para se dar conta dos estudos em verso, e, em prosa, o assunto heróico (necessária digressão) ... Em a Academia dos Felizes nos distinguimos entre todos no ferir dos termos e estudos destes, de sorte que o general Gomes Freire, reconhecendo esta e aquela singularidade, nos pediu publicamente, em as salas dos tenentes generais, que havíamos de presidir rm uma Academia no dia dos anos da Senhora Rainha, para que então fosse mais plausível, que é a oração que envio e as mais que recitei na Academia referida."     Pelo depoimento se vê que a Academia dos Felizes se constituiu nos mesmos moldes da Academia dos Esquecidos: proteção do Estado, na figura do mais importante governador que o Rio de Janeiro teve nos tempos coloniais, o general Gomes Freire de Andrade, futuro Vice-Rei, aulicismo predominante, reuniões periódicas regulares, conforme o planejado, secretário-geral, reuniões, ou academias, presididas por um sócio mais importante, como aconteceu com o próprio médico Mateus Saraiva, presença ou cuidado permanente do protetor, sessões panegíricas, atividade circunstancial voltada para a produção e apresentação de versos ao estilo da época, atividade em prosa sobre assunto previamente definido, sócios religiosos e seculares em divisão aparentemente igual, intençõo de publicação, na metrópole. da obra produzida.

    Vários outros elementos, necessários à compreensão do processo cultural então em andamento no Brasil, podem ser encontrados na carta de Mateus Saraiva.

    O contexto cultural em que se situava a Academia dos Felizes era o mesmo da Academia dos Esquecidos: Academia Real da História Portuguesa, como paradigma, pretensão de produzir obras científicas, ao gosto da Ilustração, sonho de inserir nomes brasileiros no rol dos escritores portugueses tal como passou a existir com o início da publicação da Biblioteca Lusitana, de Diogo Barbosa Machado, consciência de uma América Portuguesa, como face distinta da pátria-mãe portuguesa, consciência da existência de brasileiros, em sentido geral, intelectualmente ilustres, como o pernambucano João Ferreira da Rosa, os padres Simão de Vasconcelos, Diogo Soares, autor apontado de um Dioscórides brasílico, João Álvares, Inácio Rodrigues, o capitão Sebastião da Rocha Pita e o diplomata Alexandre de Gusmão. Forte ainda é, nesse contexto de quarta década do século XVIII, a presença dos jesuítas, seja nas relações políticas, seja nas atividades intelectuais. A Academia Real da História Portuguesa permanece, sob o ângulo da carta de Mateus Saraiva, como a fonte de estímulo para as atividades intelectuais que tenham como objeto o Brasil, como se vê, do pedido a Saraiva para que "desse notícia dos escritores da América lusitanos" ou do cometimento ao padre Diogo Soares da empresa de escrever um De Re Naturali, certamente voltado para o ambiente brasileiro, ou a um certo padre Capasse, talvez também de Santos, como o padre Diogo Soares, no sentido de escrever um De Re Astronomica. De todo modo, parece claro que as duas forças do momento eram os jesuítas, no Brasil e na metrópole, e de Alexandre de Gusmão, em Portugal.

    De acordo com investigação recente, a Academia dos Felizes persistiu até 1759, conforme se comprova do códice nº 8843 da Biblioteca Nacional, de Lisboa. Neste ano, segundo João Palma-Ferreira, seus sócios apresentaram um Aplauso brasílico ao conde de Oeiras, organizado por Feliciano Joaquim de Sousa Nunes."

    O sentido geral dos trabalhos da Academia dos Felizes ainda é o mesmo da Academia dos Esquecidos da Bahia, ou seja, de mostrar à corte portuguesa que o Brasil tem muitos e bons engenhos, que, infelizmente, têm permanecido "esquecidos", o que é uma forma de valorizar, na perspectiva nativista, os valores brasileiros e proclamá-los para que Portugal, finalmente, deles tome consciência. É preciso, todavia, notar que, ao contrário das academias baianas, conseguiu a Academia dos Felizes, aparentemente, ser aceita à consideração pelo Marquês de Pombal, que não aceitava que se o elogiasse sem sua permissão, conforme se vê do caso exemplar de Manoel Tavares de Siqueira, adiante relatado.

    A chamada Academia dos Seletos que, cronologicamente se segue à dos Felizes, não merece este título por usar o termo academia em sentido restrito, ou seja, de um ato acadêmico realizado em homenagem ao general Gomes Freire de Andrade, o protetor e incentivador da Academia anterior. Ocorreu no Rio de Janeiro, provavelmente em 20 de janeiro de 1752 (Sacramento Blake, em I, 139, diz que a sessão foi celebrada em 30 de junho de 1752), tendo seus trabalhos, um conjunto de panegíricos em rima, sido publicados pelo ouvidor de Paranaguá e secretário da Academia, Manoel Tavares de Siqueira, em 1754, na cidade de Lisboa, como volume único intitulado Júbilos da América, constituída de um grande número de poemas em português, latim e espanhol.

    Justificava-se o evento laudatório pela anunciada promoção sua ao posto de mestre de campo general e ao emprego de primeiro comissário da demarcação dos limites meridionais da América Portuguesa.

    Presidiu a sessão magna da Academia dos Seletos o próprio homenageado, general Gomes Freire de Andrade. A iniciativa fora de Feliciano Joaquim de Sousa Nunes, almoxarife dos armazens do Rio de Janeiro, muito estimado do general. Imaginou a homenagem como comemoração da promoção acima referida. Gomes Freire não era intermediário na busca de proteção, junto à Coroa, para os participantes da homenagem, pois um deles, Manoel Tavares de Siqueira caiu em desgraça com a ascensão do Marquês de Pombal pelo simples fato de lhe ter dedicado um livro seu, Discursos políticos morais (Lisboa, 1758), sem esperar pela aceitação da dedicatória. Foi-lhe ordenado queimar os exemplares impressos, sob a acusação de disseminar doutrinas anárquicas, escapando do fogo apenas três exemplares.

    Foi eleito presidente da Academia dos Seletos o padre jesuíta Francisco de Faria, que organizou o Ato Acadêmico Panegírico e distribuiu cartas circulares anunciando o evento para o dia referido no palácio do governador e "com assistência da Corte Militar e Política".

    Academia Brasílica dos Acadêmicos Renascidos. Na Bahia, em 1759, sob a influência implícita da Academia dos Esquecidos surgiu a Academia Brasílica dos Renascidos, que trabalhou até o ano seguinte e desapareceu pela ação do Marquês de Pombal, depois de ter reunido as figuras mais destacadas das letras coloniais do território brasileiro, não apenas da Bahia. Foi um movimento nacional.

    De modo geral, a crítica tem colocado as quatro academias brasileiras pré-arcádicas em compartimentos estanques, sem um fio condutor ideológico ou político que as explique globalmente. Nesta visão, é generalizada a opinião no sentido de que a Academia dos Renascidos resultou de iniciativa José Mascarenhas Pacheco Pereira de Melo ao chegar à Bahia em agosto de 1758 para assumir as funções de Conselheiro do Ultramar. É preciso, agora, considerar que Mascarenhas, na verdade, foi ao encontro de um desejo generalizado, que necessitava do aparecimento de alguém, com força de representante direto da metrópole, para exprimir-se concretamente. Tem sido opinião muito difundida entre os historiadores da literatura brasileira que a finalidade da nova Academia era a de ressuscitar a atividade literária na Colônia. Nada mais distante da realidade. Propôs-se ir muito além disso. O que se queria era conhecer o Brasil, esmiuçá-lo em toda a sua realidade, até então desconhecida de brasileiros e portugueses. A literatura, sob a forma de poesias e panegíricos não passaria de mera distração para os presentes às sessões acadêmicas, antes de iniciada a parte principal, que seria sempre uma dissertação sobre assunto sério ou curioso ligado ao Brasil. Por outro lado, as sessões seriam a forma de se reunir os que faziam o trabalho de fundo, de investigação da terra brasileira, aos que se ocupariam desses temas sérios, de abordagem mais ligeira, e aos que se destacassem pelos pendores literários.

    De fato, a Academia Brasílica dos Acadêmicos Renascidos foi o maior projeto cultural e político iniciado pelos brasileiros durante a época colonial. Toda a realidade brasileira seria esquadrinhada, com os instrumentos disponíveis, para a constituição de uma autêntica Enciclopédia Brasileira, projeto só retomado na década de 30 com a criação do Instituto Nacional do Livro.

    O levantamento da realidade brasileira seria feito com base em monografias e dissertações. As primeiras constituiriam o trabalho de fôlego da instituição e não dependeria das sessões realizadas. Embora não se declare o tempo que se exigiria para sua confecção, é lícito supor que se reclamou urgência dos acadêmicos a que se destinaram essas tarefas. As segundas seriam produzidas para as sessões, precedidas da apresentação de poesias ou panegíricos. Mais expressivo é o fato, assinalado na seção 90 do manuscrito descoberto pelo Visconde de São Leopoldo:

"90. Todos os acadêmicos, ou do número ou supranumerários, podem compor dissertação a cada um dos assuntos que se derem na Academia, ainda que lhes não seja distribuída, e se admitirá qualquer dissertação, ou outra obra, que ofereça alguma pessoa estranha à Academia, e, julgando esta que é digna, se imprimirá por apêndice no fim das suas obras."     Trata-se da primeira manifestação de liberdade intelectual sancionada no Brasil pela autoridade pública.

    Com isso, todos estariam ocupados, de uma forma ou de outra, no projeto, fosse para criar, ouvir ou discutir.

    As atividades de fundo da Academia foram divididas em dois setores: um levantamento histórico geográfico de cada divisão político-religiosa da colônia e um conjunto de monografias sobre os mais diversos aspectos da realidade brasileira.

    No levantamento histórico-geográfico, dois sócios, cujos nomes não se declaram, receberam a incumbência relativa às capitanias gerais do Pará e Maranhão, cometendo-se ao bispo do Grão Pará, ao Capitão Geral e ao Governador da Paraíba a escolha de três outras pessoas que, junto com os dois mencionados, se desincumbiriam da tarefa.

    Do Piauí, encarregou-se alguém também não identificado. Da capitania geral de Pernambuco, foram encarregados cinco sócios e o estudo compreenderia as capitanias do Ceará, Rio Grande do Norte, Itamaracá, Paraíba, Pernambuco, Sirinhã, Porto Calvo e Alagoas.

    Dois sócios ficaram com toda a capitania e comarca de Sergipe d'El-Rei, bem como, em especial, da cidade de São Cristóvam.

    Relativamente à cidade de Salvador e de todo o distrito da capitania geral de Todos os Santos, foram encarregados o secretário da academia, Antônio Gomes Ferrão Castelbranco e o censor José Pires de Carvalho e Albuquerque.

    Dois sócios ficaram encarregados de Jacobina e de todo o distrito de sua ouvidoria, incluindo o Rio das Contas.

    Para as capitanias de Ilhéus, Porto Seguro e Espírito Santo, foram designados dois sócios.

    A capitania geral do Rio de Janeiro, com as capitanias de Cabo Frio, Itacazes, São Vicente, Santos, São Paulo, Santa Catarina e alguns outros lugares, foi atribuída a três sócios.

    Cláudio Manoel da Costa e João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho receberam a tarefa de fazer o levantamento histórico-geográfico do bispado de Mariana, nele incluídos os distritos do Rio das Mortes, de São José de Vila Rica do Ouro Preto, e das cidades de Mariana e Sabará. Dois outros sócios os acompanhariam nesta tarefa. A presença de Cláudio Manoel da Costa nesse trabalho principal da academia e com a incumbência de estudar a região mais rica e importante, naquele momento da história do Brasil, dá uma idéia das origens mais remotas das desconfianças que acabaram por fazer envolver o poeta no crime de inconfidência.

    Dois sócios e uma terceira pessoa, de nome ainda não decidido, ficaram com a responsabilidade do levantamento histórico da vila do Príncipe e comarca do Serro-Frio, compreendendo o Tejuco, as Minas Novas do Arassué e outros lugares. Notável foi a incorporação à tarefa da responsabilidade de darem os três notícias dos diamantes e demais pedras preciosas que tivessem sido encontradas na região.

    Três pessoas cuidariam do levantamento de Goiás, Parnaguá e outros lugares e três outras, incluído um sócio, tratariam da colônia do Sacramento, do Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Cuiabá e Uruguai. Assinala-se, neste último caso, que a escolha dos supranumerários necessários à empresa ficaria a cargo de Gomes Freire de Andrade, Conde de Bobadela.

    Só este levantamento histórico-geográfico seria suficiente para conferir caráter de grande projeto cultural aos planos da Academia dos Renascidos. A tudo isso, porém, decidiu-se acrescentar uma série de monografias, que dão uma idéia precisa da natureza e grandiosidade do empreendimento.

    Assim, três sócios ficaram de escrever memórias para a história de todos os índios do Brasil, três para produzir uma monografia da agricultura apropriada à colônia, particularmente açúcar, fumo e fábricas correspondentes. Quatro sócios foram designados para levantar a história natural do Brasil e outros quatro para produzir memórias genealógicas de toda a sociedade brasileira. Da geografia política, militar e religiosa do Brasil como um todo, ficaram encarregados três sócios. Da história militar e da conjuntura neste setor, com especificação de mapas, tropas, graduação, privilégios e soldos, ficaram encarregados quatro sócios e um quinto a ser decidido.

    Cuidou-se também da história das instituições jurídicas, para a qual foram designados cinco sócios, e da história econômico-financeira da colônia, com ênfase na conjuntura e para qual se destinaram cinco membros da Academia.

    Uma cronologia geral da ação religiosa no Brasil e da atuação de todas as ordens na catequese dos índios e administração de suas aldeias, foi programada. Não se especificaram, para isso, os colaboradores, mas, para a história de cada ordem religiosa foram estabelecidos, com certeza, os nomes. Com isso, decidiu-se estudar a ação no Brasil dos beneditinos, carmelitas, teresianos, torões (provavelmente os carmelitas reformados de Touraine), franciscanos, barbadinhos, religiosos de hospitais de ordens militares, jesuítas, oratorianos, mercedários, religiosos de São João de Deus e bispados do Grão-Pará, Maranhão, Pernambuco, Rio de Janeiro, Mariana, Angola (por ser sufragâneo do arcebispado da Bahia), São Tomé (idem) e todos os conventos de religiosas e recolhidas do Brasil.

    Mas não parou aí o grandioso projeto dos Renascidos. Designaram, igualmente, sócios para fazerem uma história de todas as guerras havidas, uma codificação de todas as leis, ordens régias e tratados de todo tipo, que tivessem vigorado ou ainda estavam em vigor no Brasil.

    Idealizaram, igualmente, uma biblioteca brasílica para registro das produções literárias, históricas ou de outro tipo, de todos os autores naturais do Brasil, de todos os que, tendo estado no Brasil, escreveram sobre ele e, ainda, de todos os que tivessem escrito sobre a colônia embora nela jamais tivessem estado. É evidente que os acadêmicos renascidos queriam produzir uma obra que complementasse a Biblioteca Lusitana, de Diogo Barbosa Machado, acabada de publicar, em Lisboa, em 1759. Decidiram, ainda, traduzir esta biblioteca brasílica para a língua latina.

    Para assessorar os acadêmicos em suas tarefas, foram nomeados três sócios especializados em arquivos e manuscritos.

    Esta era a tarefa de fundo da Academia dos Renascidos. Para desenvolvimento da parte social da agremiação, foram programados os dias das sessões. Durante elas, a primeira parte seria ocupada pela leitura da produção poética dos acadêmicos. A segunda, com a apresentação de dissertações préviamente estabelecidas.

    Esta parte social tinha, como se vê, a finalidade de fazer circular as idéias entre os acadêmicos e os convidados, para daí disseminar-se em toda a sociedade. Este plano revela, claramente, que havia um fundo ideológico no empreendimento. Ao contrário do que se acredita, a finalidade da Academia dos Renascidos não era a de propiciar a produção de poemas ao gosto barroco, mas usar isso, que era moda nessa ocasião, para entreter os presentes às sessões, da mesma forma que o faziam os músicos e cantores que abrilhantavam cada evento. Tratava-se de uma mera preparação ao trabalho principal de cada sessão, que era a leitura das dissertações planejadas e a livre discussão dos temas nelas envolvidos. Como, por outro lado, havia o trabalho permanente de elaboração daquilo que chamamos de primeira biblioteca brasil;eira, tinha-se um quadro verdadeiramente revolucionário de mudanças na mente dos brasileiros, dos altos funcionários e dos governantes.

    É aí que se detecta o fio condutor do movimento intelectual que se desencadeou no Brasil desde 1724, com a criação da Academia Brasílica dos Esquecidos. Iniciado este movimento pela solicitação do rei D. João V de se produzirem no Brasil, exclusivamente por religiosos, notícias sobre a história da Igreja na colônia, para servir de complemento à grande história religiosa de Portugal, a cargo da Academia Real da História Portuguesa, decidiram logo os brasileiros fazer algo mais, do que resultou o plano, já avançado, da Academia dos Esquecidos. Ao fim de dez meses de reunião, os Esquecidos encerraram abruptamente suas atividades, o que, certamente, foi motivado pela avaliação da iniciativa da colônia como despropositada e extemporânea. Não foi reprimida a Academia dos Esquecidos, mas, certamente, recebeu o vice-rei Vasco Fernandes César de Meneses, ordem secreta - e elas foram frequentes no período colonial - para encerrar imediatamente aquele tipo de atividade não solicitada.

    Este ânimo de conhecer o Brasil e dar a todos esse conhecimento resultou daquilo que se tem chamado de nativismo, ou seja, apego às coisas da terra natal. O fechamento da Academia dos Esquecidos produziu a primeira centelha de nacionalismo na colônia e as duas Academias seguintes, a dos Felizes e a dos Seletos, podem ser tidas como prova de que uma visão nova do Brasil estava em gestação. Ambas colocaram como atividades de frente a produção literária, mas queriam, de fato, exaltar as coisas brasileiras. No caso da Academia dos Felizes, sua programação dá bem uma idéia disso, embora tonasse cuidados extremos para agradar aos poderosos da metrópole. Em relação à Academia dos Seletos, o fio ideológico condutor passa pela figura do Conde de Bobadela, Gomes Freire de Andrade. A personalidade deste homem levava à identificação de sua ação com o desenvolvimento do destino do Brasil. Encarregado ele de garantir para a coroa portuguesa todo o território brasileiro, desde o sul de Minas até o Uruguai, passando por Goiás, Mato Grosso, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, acabava por atingir o desejo de integraçãao plena de todos esses territórios ao vice-reino centrado na Bahia e associado politicamente às capitanias do norte. Tratava-se, portanto de integração de diversas regiões em uma só unidade política, o Brasil.

    Este é um fato político e cultural que se ressalta da escolha de Gomes Freire para grande homenageado. A proposta revolucionária feita pela Academia Brasílica dos Acadêmicos Renascidos iria, porém, causar o primeiro choque de proporções entre uma visão brasileira de sua realidade e a visão portuguesa.

    Acreditando os Renascidos que, com o advento do reinado de D. José I, seus ideais de afirmação da colônia como entidade política fundamental para a coroa seriam reconhecidos, elaboraram um programa vasto e surpreendente de mergulho na realidade do país. Não perceberam que a mentalidade absolutista não comportava veleidades a este nível. O resultado foi o encerramento igualmente abrupto das sessões acadêmicas e a prisão de seu diretor, José Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Melo.

    A iniciativa de criação da Academia dos Renascidos foi de José Mascarenhas. Apesar de vir ele de Portugal onde gozara da amizade do Conde de Oeiras, o futuro Marquês de Pombal, sua missão no Brasil era a de aplicar na colônia as leis mais recentes que iniciavam a política pombalina de destruição do poder dos jesuítas. Empenhado imediatamente em sua missão, o desembargador José Mascarenhas, em companhia de dois outros magistrados e do arcebispo de Salvador, convocou ao palácio deste os padres da Companhia, não só para tomarem conhecimento dessas leis, mas também para afirmar sua obediência ao arcebispo. O resultado foi uma mudança de atitude de José Mascarenhas, que chegou a escrever ao ministro de D. José I opinando ser necessária uma maior ponderação sobre a conversão das aldeias dos padres em administrações civis, devido à pobreza dos índios e ao gênio dos brancos. Logo após esta missão, cuidou o desembargador de criar a Academia dos Renascidos, em sua própria casa, em 19 de maio de 1759.

    Apesar de observarem quatro sócios fundadores (Tomás Rubi de Barros Barreto, Luís Quintela, Pegado Serpa e Ferrão Castelo Branco) que seria necessário primeiro ser obtida a licença régia para o funcionamento do novo grêmio, decidiu a maioria não ser isso necessário. Julgavam, talvez, que a não inclusão de qualquer jesuíta servisse para demonstrar a fidelidade dos participantes à nova política real.

    Ocorreu, porém, que, entre os sócios supranumerários, figurasse um oficial da marinha francesa, Eleonor Cicile Gujon Disiers, cujo navio, comandado pelo cavaleiro Marnière, acadêmico numerário da cidade francesa de Brest, então se encontrava estacionado no porto de Salvador. A amizade entre Mascarenhas e os franceses provocou a queixa dos oficiais da esquadra inglesa, que comunicaram o procedimento a seus superiores. Disso resultou queixa do governo britânico a D. José I. Os dois fatos assinalados e mais o surpreendente caráter inovador da Academia dos Renascidos se juntaram para a decisão de, repentinamente, mandar prender José Mascarenhas, que, sem nenhum processo, foi aprisionado em Santa Catarina por dezoito anos.

    O indício mais veemente de que José Mascarenhas tocara favoravelmente os sentimentos dos brasileiros na questão dos jesuítas e na formação de uma entidade com o plano de atividades, já nacionalistas, foi seu retorno triunfal a Salvador em 1778:

" ... incríveis as demonstrações públicas de alegria que fizeram o clero, nobreza e povo pela sua justíssima restituição, todo o tempo que ali se demorou, dando a conhecer que ou aqueles moradores são os mais afetuosos e benignos que tem o mundo novo, ou o dito conselheiro tinha sido o ministro mais bem quisto que passou à nossa América."     Como dissemos acima, a atividade da Academia dos Renascidos durante as sessões, que se desenvolveram entre 6 de junho de 1759 e 26 de abril de 1760, envolviam a apresentação de dissertações sobre temas previamente definidos, dentro da atividade social da agremiação. O conteúdo dos temas define o ambiente de liberdade intelectual criado por José Mascarenhas e pelos trinta e seis sócios que votaram a favor de se implantar a Academia mesmo sem a licença real. Assim, foram escolhidos como assuntos as minas de salitre do Brasil, as plantas necessárias ao trabalho de siderurgia, a segurança marítima, a criação do bicho-da-seda, a história dos governadores interinos da Bahia, a história do Tribunal da Relação, a identidade do descobridor do Brasil (se português, castelhano, italiano ou alemão), a onomástica brasileira, a biografia da heroína Catarina Alves, as correntes e os ventos da costa brasileira, os primeiros evangelizadores do Brasil, a profetização da terra brasileira e de seus habitantes no velho e no novo testamento, a utilidade ou dano dos juros de dinheiro que se cobravam, bem como a utilidade do livre comércio em confronto com a atividade das companhias estabelecidas, a natureza do instinto dos macacos brasileiros, as origens dos rios São Francisco, Paraguai e Prata e a hipótese de ligação de suas bacias, a filiação das línguas dos índios brasileiros, os limites do poder do arcebispo, a comparação das áreas do novo e do velho continente, a melhoria dos engenhos de açúcar e da agricultura fumageira, a peculiaridade da baixa ocorrência de terremotos no Brasil, a chegada ou não do dilúvio ao novo mundo, a inteligência maior ou menor dos brasileiros relativamente aos europeus, o clima do Brasil, a diferença entre os índios brasileiros e dos mesmos relativamente aos índios da américa espanhola, o caráter de continente ou de ilha da América, a causa da diferença de cor entre os índios e os africanos, a razão de serem os índios inberbes, a fertilidade do Brasil em comparação com as terras do velho mundo, a existência ou não no Brasil de animais ou pedras fabulosas de âmbar e de esmeraldas e, finalmente, da probabilidade de ter existido no Brasil o paraíso terrestre.

    Todos esses temas, em sua maioria de alta indagação e utilidade, depõem, junto com os assuntos das monografias do trabalho de fundo, em favor do caráter de renovação cultural da Academia dos Renascidos, de sua ênfase menor à produção de poesias de circunstância e de seu ideal de afirmação da liberdade entre os brasileiros.

    Tendo estado Portugal envolvido em sérios problemas internos após a ascensão ao trono de D. José I (1750), como o grande terremoto de Lisboa de 1755, o atentado contra o rei em 1758 e a conseqüente atribuição do mesmo aos jesuítas, cujo poder marcara todo o período do rei anterior, D. João V, não podia ser visto com bons olhos pelo onipresente ministro de D. José, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, o surgimento na mais importante colônia de um movimento nacional, como o da criação da Academia dos Renascidos, com suas perigosas idéias de liberdade intelectual e de aprofundamento vigoroso do conhecimento dos problemas do Brasil.

    No reinado anterior, o soberano deixou de ter seu poder limitado pelas cortes, o que significou o triunfo do absolutismo em um país fortemente dependente da política inglesa e, em conseqüência, notavelmente afastado das correntes de idéias que circulavam no restante da Europa e preparavam o advento da democracia. Não havia em Portugal nenhum grau de liberdade religiosa, predominando, ao contrário, a ação terrorista da Inquisição. No entanto, apenas por espírito de imitação, o rei D. João V consentira em dar brilho a seu reinado com a criação do Patriarcado de Lisboa, a obtenção do título de fidelíssimo, a criação da Academia Real de História, da Escola de Cirurgia, das Academias Militares e da Academia Portuguesa de Roma, a fundação de bibliotecas e outros atos de proteção às artes e às letras. Mas, apesar de tudo isso, permanecia Portugal afastado do movimento intelectual Europeu, já que todas essas iniciativas tinham como vício original a satisfação do ego real e a manutenção de um ensino obscurantista e improdutivo.

    D. José I e seu ministro chegaram, pois, impulsionados por uma vontade geral de mudanças. As dificuldades que sobrevieram levaram o governo português a empreender reformas em determinados setores, não em todos. A insegurança política que vinha do reinado anterior não permitiu que se mudasse, em sua essência, a política relativa ao Brasil, prosseguindo os funcionários da colônia como meros executores de uma política que via na América apenas o celeiro econômico para garantir a segurança européia de Portugal.

    Os jesuítas foram destruídos porque contrariavam essa política e toda a população da colônia era vista com desconfiança porque se conscientizara o Marquês da ação formadora de uma mentalidade brasileira por parte dos jesuítas, ao longo de três séculos.

    Por estas razões, não podia prosperar uma iniciativa, como a da Academia dos Esquecidos, que se desviara inteiramente das ordens emanadas do rei e não podiam ser prestigiadas manifestações mais benignas de afirmação colonial, como foram as Academias dos Felizes e dos Seletos. No caso desta última, procurou-se cingir seu esforço apenas à figura do eficiente funcionário Gomes Freire de Andrade, que era visto de maneira oposta por portugueses e brasileiros. Aqueles viam nele o funcionário fiel e competente; estes, o homem que realizava uma importante obra de integração nacional. Esta diferença de visão do peso político de um funcionário real explica o fato de não ter servido a Manoel Tavares de Sequeira, da Academia dos Seletos, junto ao Marquês de Pombal, a amizade com Gomes Freire. Caiu em desgraça, com a ascensão do Marquês, pelo simples fato de lhe ter dedicado um livro seu, sem esperar pela aceitação da dedicatória, sendo punido sob a acusação de disseminar doutrinas anárquicas, como assinalamos acima.

    O programa e as atividades da Academia dos Renascidos, que se estenderam por cerca de um ano, certamente assustaram a coroa, não passando o motivo alegado para a prisão de seu diretor, de explicação que escondia as verdadeiras intenções do Marquês de Pombal: neutralizar uma tentativa de recuperação dos jesuítas e cortar pela raiz as primeiras idéias de nacionalidade. Para efetivar essa política repressiva, foram expulsos os jesuítas do Brasil, transferida a capital do vice-reinado para o Rio de Janeiro em 1763, desestimulada toda atividade intelectual, inclusive com a proibição de instalação de atividades gráficas, e substituído o ensino privado, único até então existente e a cargo dos jesuítas, por um ensino público baseado no trabalho individual de professores leigos, pagos diretamente pela coroa. Aparentemente nenhuma das obras de investigação atribuída aos Renascidos pelo projeto de sua Academia foi ao prelo. Concluídas, mas editadas somente no século XX, foram os estudos de Domingos de Loreto Couto e José Mirales. Acadêmicos Renascidos, como o Pe. Antônio de Santa Maria Jaboatão, João Borges de Barros, Frei Gaspar da Madre de Deus e Pe. Mateus da Encarnação e Pina publicaram ainda em vida ou até antes de surgir a Academia.

    Como resultado dessa política, as academias que se consentiram, a partir de 1772, foram, apenas, grêmios voltados para o desenvolvimento de atividades específicas. A tentativa de criação de uma arcádia, a chamada Arcádia Ultramarina ou Colônia Ultramarina, em 4 de setembro de 1768 e na casa do Conde de Valadares, em Vila Rica, não passou de movimento quase clandestino. Impossível era para homens formados sob a influência do jesuitismo, como Cláudio e Basílio, desenvolver livremente sua iniciativa, ainda mais dentro de um projeto de apropriação da nacionalidade na literatura. O que os acadêmicos renascidos se propuseram fazer em prosa naquela atmosfera filológico-erudita de generalização e síntese, que caracterizava as Academias do século XVIII, os árcades ultramarinos queriam fazer poeticamente. Daí o Uraguai, o Caramuru e muitas das poesias dos árcades mineiros. A Arcádia Ultramarina pode ser considerada como forma aggiornata da Academia dos Renascidos.

    É importante constatar que, na Academia dos Renascidos, estiveram homens como Cláudio Manoel da Costa e Rodrigo de Seixas Brandão, este último da família da esposa de Tomás Antônio Gonzaga. Na Arcádia, o mesmo Cláudio e Joaquim Inácio de Seixas Brandão, igualmente daquela família. O caráter sucessório da Arcádia Ultramarina tem aí um indício.

    Todos esses fatos levam a crer que a bruxuleante chama de nacionalidade da Academia dos Renascidos, resultante da centelha da Academia dos Esquecidos, se transforma na labareda da Inconfidência Mineira, movimento não suficientemente amadurecido por falta daquelas condições de educação e cultura organizadas, ainda inexistentes no Brasil da segunda metade do século XVIII em razão da política repressiva da coroa portuguesa.

    Produção literária e intelectual dos acadêmicos pré-arcádicos. Na avaliação do movimento academicista brasileiro interessa saber o real período em que se desenvolveu ele, com as características universais da época e conteúdo cultural, mais do que literário, eis que, como em toda parte, o tipo de associativismo que engendrou não foi favorável ao aparecimento de produção individual de mérito literário intrínseco. Com isso queremos dizer que os aderentes ao movimento escreveram poesia, em geral, ruim não porque não tivessem talento potencial para produzir boa obra, mas porque as condições de isolamento educacional, pedagógico e cultural do Brasil, bem como o tipo de associativismo que praticaram nestas circunstâncias levaram-nos necessariamente a uma produção literária, em seu todo, medíocre. Compensaram isso com uma curiosidade investigativa sobre as coisas do Brasil, em muitos casos surpreendente.

    O movimento academicista do século XVIII, dentro do espírito barroco, mantém a prosa do século anterior. Seu estilo é o mesmo, só que temperado por surpreendente curiosidade histórica e científica. O associativismo, em espaço cultural muito limitado, levou-o a uma forma encomiástica nas relações temporais e moralista no plano religioso. A poesia é, no fundo e na forma, neoclássica ao modo renascentista, com grande abundância de sonetos e epigramas, mas também com décimas, romances, elegias, oitavas, canções, silvas, epílogos, elogios, tercetos, seguidilhas, redondilhas, idílios etc. Falta-lhe espontaneidade porque resultava de temas previamente estabelecidos na forma de motes ou de máximas, que deviam ser glosados. O poema acabava sendo invariavelmente alguma composição cerebrina em forma correta,já que não falta conhecimento técnico aos acadêmicos. Assim, por exemplo, se saiu o Esquecido frei Avertano de Santa Maria ao mote "Diana assistindo ao nascimento de Alexandre Magno ao mesmo tempo que Heróstrato lhe estava queimando o seu Templo":

Calem-se já do mundo heróicos feitos,
Suspenda o eco a Fama celebrada
E nas cinzas do olvido sepultada
Fique a idéia de seus altos conceitos.

Cedam de seu valor Heróis perfeitos
Depondo a lança, o peito, o escudo, a espada,
Que hoje a ação de Heróstrato é avaliada
Pela maior de todas nos efeitos.

De Diana, o famoso Templo inflama
Deixando de seu nome um raro exemplo
Para a glória imortal com que se aclama.

Mas ainda outra glória lhe contemplo
Pois deu lá, quando o Templo usurpa à Fama,
Nome a si, alma à Fama e vida ao Templo.

    A máxima "Fazer-se temido pela Justiça e amado pelos benefícios" foi glosada pelo grupo da "Musa Jesuítica" da Academia dos Seletos:

Esse cristal, Senhor, essa corrente
Nunca se viu tão alta e engrandecida,
Que quando desses montes despedida
Vossas plantas procura reverente.

Nelas descobre já de gosto a enchente,
Nelas todo o seu ser, nelas a vida;
Pois das prisões, por Vós desimpedida,
Corre já de prazer, salta contente.

Contudo, essa piedade acreditada
No povo foi maior, fez-se mais forte,
Pois a vida lhe dá mais dilatada.

E como há de temer o povo a morte,
Se até a água na terra sepultada
Logra por Vós de viva a doce sorte?

Conclusão. A produção literária foi, portanto, muito fraca, mesmo considerando-se o fato de que isso foi próprio das academias em toda parte. Não houve praticamente ninguém capaz de demonstrar algum sentimento ou particular inspiração - entre os Seletos tudo tinha de girar em torno do Gal. Gomes Freire - e as razões disso nos parecem evidentes: caráter supletivo e introdutório, junto com os números musicais (modinhas baianas), das apresentações poéticas nas sessões acadêmicas, improvisação de sacerdotes, profissionais liberais, militares e funcionários em mister poético que não pertencera à rotina de seu lazer anterior e preocupação maior dos organizadores com a parte séria das reuniões, ou seja, as dissertações e as discussões. Destas, nada restou. Das composições dos Renascidos, aliás, nada restou, literalmente. Com a prisão de seu Diretor, todos trataram de esconder o que tinham produzido especialmente para sua Academia. Em conseqüência, importante foi a produção ensaística, guardados os limites da ciência da época e da possibilidade de pesquisa em ambiente históricamente relegado pela metrópole a total esquecimento no ensino e na cultura. A forma desses ensaios era de um barroco que às vezes obstava à compreensão. Vencida, porém, a dificuldade do leitor, ficava ali clara a mensagem do autor, que é o que importa nos ensaios para os pósteros. Para isso contribuiu essencialmente a formação havida nos colégios dos jesuítas bem como o estudo e exercício profissional feitos por vários acadêmicos em Portugal.

    Devemos concluir, portanto, pelo significado altamente positivo desses trinta e seis anos de literatura acadêmica para a compreensão do processo político-cultural do Brasil colônia.

ANEXO
Lista dos acadêmicos do século XVIII

1 - Agostinho de Montiano y Loyondo D. (Renascido Supranumerário). Catálogo: Do conselho de Sua Majestade Católica e seu secretário de graça e justiça, diretor perpétuo da Academia Real da História de Espanha, numerário da Academia da Língua Espanhola, e da de Belas Artes de Sevilha, senielário na de Belas Artes da corte de Madri, supranumerário da de Barcelona e, entre os acadêmicos árcades de Roma, sócio com o título Leghinto Dulichio. ESPASA, vol. 36, p. 679. (Extensa biografia). De grande prestígio na Espanha da época pertenceu a quase todas as academias espanholas e a várias do estrangeiro. Alguém, dentre os Renascidos, deve ter tido maior contato com ele, que conferia prestígio a quantas agremiações desse seu apoio por ser um trabalhador incansável e sempre disponível.

2 - Alexandre da Silva Guimarães (Seletos). ELB: BA, séc. XVIII, poeta, dipl. Cânones U. Coimbra. BIBL.: versos em Júbilos, reprod. em Castelo Movimento, II(1). Não há comprovante de que tenha participado da Acad. dos Seletos. REF.: Morais Bibliografia, 320.

3 - Anastácio Aires de Penafiel (Esquecido). Mencionado em Varn., Hist., IV, Notas da Seção XL, p. 71.

4 - André da Luz e Silva Dr. (Felizes). Palma-Ferreira, p. 121: professor de Pragmática no Rio de Janeiro em 1759.

5 - André de Figueiredo Mascarenhas filho de um emboaba (Esquecido). ELB: PE (séc. XVIII), poeta da Acad. Brasílica dos Esquecidos (1724-1725). BIBL.: versos em port e latim nos mss. da Acad., reprod. em Castelo Movimento, I (1,2,3,4), e em Morais Filho, Melo, ed. Parnaso bras. 1885, v. 1, p. 92-93. REF. Calmon HLB, 56, nota 24; Ramos Poes. barroca, 149. Calmon, HB, p. 1226: Notaa 12 - Jaboatão, Catálogo genealógico, tít. Caramuru. Era filho do emboaba Manuel de Figueiredo Mascarenhas, morto em Pitangui, em 1719.

6 - Ángela de Amaral Rangel (Floril. III 319 Dicc. s. v.) (Seletos). ELB: (Rio de Janeiro, séc. XVIII), poetisa,cega de nascimento. BIBL.: versos em Sá Júbilos, reproduzidos em Castelo Movimento, II (I); Varnhagen Floril., III, 317. REF.: Dic, 207; Santos, Lery. Panteon Fluminense. 1880. p. 97; Silva, Domeingos Carvalho da. Poetisas do século XVII. Estado de São Paulo, São Paulo, SP, 25 jan. 1958, supl. lit; Silva, Joaquim Norberto de Sousa. Brasileiras célebres. 1862. p. 150-5. DICC.: A Ceguinha, como era geralmente chamada, nasceu na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro por cerca do ano de 1725. Cega de nascimento e vivendo numa época em que ainda se não conhecia meio de dar-se uma instrução literária aos infelizes privados da visão, dona Ángela do Amaral foi um gênio; mas, como disse o autor do Anno biográfico brasileiro, gênio sem luz nos olhos. Foi um brilhante preciosíssimo, mas não lapidado. Nunca pudera ver o céu, nem os astros, nem o mar, nem as flores; nem apreciar o sol, nem as estrelas, e, pobre mulher, nem o rosto de um homem, e, ainda assim, foi poetisa! E, mais admirável ainda, improvisava com grande facilidade! De suas composições se conhecem: Dois romances líricos, escritos em castelhano por ocasião da festa literária celebrada em 1752 por uma reunião de literatos, com o título de Academia dos Seletos, para exaltar com elogios o governador Gomes Freire de Andrade. Se acham nos Júbilos da América, ou coleção de tais elogios, publicados em Lisboa em 1754, págs. 273, 275 e seguintes, e um deles vem transcrito no Florilégio da poesia brasileira, no apêncdice ao 3º volume. Dois sonetos, pela mesma ocasião, insertos nos citados Júbilos da América, págs. 271 e 272; um deles também transcrito no Florilégio da poesia brasileira, no apêndice ao 3º volume. Diversas poesias inéditas. Estas poesias, deixadas por mãos estranhas, estão sem dúvida perdidas. Elas não tém o mérito que certamente teriam se dona Ángela pudesse ter qualquer instrução; mas denotam seu talento e estro natural.

7 - Antônio Antunes Meneses (Felizes) (Seletos) ELB: (Rio de Janeiro, RJ, séc. XVIII), poeta, médico pela Univ. de Coimbra (1731), participante do ato acadêmico, também chamado Academia dos Seletos, realizado no Rio de Janeiro em 1752 para homenagear Gomes Freire de Andrada. BIBL.: versos em latim e port. em Sá Júbilos, reprod. em Castelo Movimento II (I). REF.: Morais, Estudantes, n. 623; Ramos Poes. barroca, 211 e 224.

8 - Antônio Bernardo de Almeida Dr. (Renascido Supranumerário)

9 - Antonio Cardoso da Fonseca (Esquecido)

10 - Antônio Cordeiro da Silva (Felizes)

11 - Antônio Cordeiro da Silva (Floril. III 309; Dicc. I 139) (Seletos)

12 - Antônio Cordeiro da Silva (Seletos)

13 - Antônio de Freitas de Amaral (Esquecido)

14 - Antônio de Saldanha de Albuquerque (Renascido Supranumerário)

15 - Antônio Dias da Franca (Esquecido)

16 - Antônio Félix Mendes (Renascido Supranumerário)

17 - Antônio Ferreira da Rocha (Felizes)

18 - Antônio Ferreira Gil Dr. (Renascido Supranumerário)

19 - Antônio Gomes Ferreira Castelo Branco (Renascido)

20 - Antônio Joaquim de Araújo Velasco Leite (Renascido Supranumerário)

21 - Antônio José de Sousa Portugal (Renascido)

22 - Antônio José Gomes da Costa (Floril. III 331; Dicc. I 216-217) (Seletos)

23 - Antônio José Gomes da Costa (Seletos)

24 - Antônio José Vitoriano Borges da Fonseca (Renascido Supranumerário)

25 - Antônio José Xavier Pacheco de Sousa (Renascido Supranumerário)

26 - Antônio Luiz Lisboa (Renascido Supranumerário)

27 - Antônio Pereira Corrêa (Renascido Supranumerário)

28 - Antônio Pereira de Viveiros (Renascido Supranumerário)

29 - Antônio Ribeiro da Costa (Esquecidos)

30 - Antônio Soares de Azevedo (Felizes)

31 - Antônio Viegas (Esquecidos)

32 - Antônio Vieira de Melo (Renascido Supranumerário)

33 - Bernardo José Jordão (Renascido)

34 - Bernardo Marques de Almeida e Arnizau (Renascido)

35 - Caetano de Brito e Figueiredo Desembargador da Relação da Bahia e membro do triunvirato que foi formado em razão da morte do Vice-Rei Conde de Vimieiro (Esquecido): - Diario Panegyrico das Festas, que na famosa Cidade da Bahia se fizeram em aplauso do fausto, e feliz Natalicio do Excelentíssimo Senhor D. Pedro de Noronha, glorioso Primogênito dos Excelentíssimos Senhores Condes de Villa-Verde - Lisboa, por Miguel Menescal, impressor do Santo Ofício, e da Sereníssima Casa de Bragança, 1718, in-4o.

36 - Caetano Gomes Pereira (Felizes)

37 - Cláudio Manoel da Costa Dr. (Renascido Supranumerário)

38 - Domingos Lourenço de Castro (Seletos)

39 - Eleonor Cicile Gujon Disiers (Renascido Supranumerário)

40 - Emanuel Nunes de Sousa (Esquecido)

41 - Feliciano Joaquim de Sousa Nunes (Seletos)

42 - Felipe José da Gama (Renascido Supranumerário)

43 - Fernando de Velasco D. (Renascido Supranumerário)

44 - Fernando José da Cunha Pereira (Seletos)

45 - Francisco Alvares de Pina Bandeira e Mendonça Dr. (Renascido Supranumerário)

46 - Francisco Ángelo Xavier de Aguirre (Felizes)

47 - Francisco Barbosa de Castro (Seletos)

48 - Francisco Calmon (Renascido Supranumerário)

49 - Francisco de Almeida Jordão (Felizes)

50 - Francisco de Pina e Melo (Renascido Supranumerário)

51 - Francisco de Sousa da Silva Alcanforado Rebelo (Renascido Supranumerário)

52 - Francisco Fernandes Simões (Felizes)

53 - Francisco Gomes de Abreu e Lima (Renascido Supranumerário)

54 - Francisco Martins Sampaio (Seletos)

55 - Francisco Velho da Costa (Renascido Supranumerário)

56 - Francisco Xavier de Araújo (Esquecido)

57 - Francisco Xavier de Araújo Lasso (Renascido)

58 - Francisco Xavier de Miranda Henriques (Renascido Supranumerário)

59 - Francisco Xavier Feijó (Renascido Supranumerário)

60 - Francisco Xavier Leite (Renascido Supranumerário)

61 - Gomes Freire de Andrada conde de Bobadela (Felizes)

62 - Inácio Barbosa Machado (Renascido Supranumerário)

63 - Inácio Barbosa Machado irmão mais novo do autor da Biblioteca Lusitana e Juiz de fora da Bahia (Esquecido) - Fastos Políticos, e Militares da antiga, e nova Lusitania, em que se descreveram as ações memoráveis, que na Paz, e na guerra obraram os Portugueses, nas quatro partes do mundo. - Tomo I (único publicado), Lisboa, por Inácio Rodriguez, 1745, fol. - História Crítico-cronológica da instituição da Festa, Procissão, e Ofício do Corpo Santíssimo de Cristo no venerável Sacramento da Eucaristia, e das graças, e privilégios que os romanos Pontífices concederam a esta grande, e devotíssima solenidade. - Oferecida ao augustíssimo rei D. João V pelo Doutor Ignacio Barbosa Machado. - Lisboa, na Oficina Patriarcal de Francisco Luis Ameno, 1759.

64 - Inácio Coelho da Silva (Felizes)

65 - Inácio da Fonseca Leal Dr. (Renascido Supranumerário)

66 - Inácio José da Mota (Felizes)

67 - Jerônimo de Matos (Felizes)

68 - Jerônimo Mendes da Paz (Renascido Supranumerário)

69 - João Borges de Barros (Esquecido)

70 - João Carmo da Silva (Felizes)

71 - João da Costa Maia (Felizes)

72 - João de Barbosa e Lima (Esquecido)

73 - João de Barros Xavier (Seletos)

74 - João de Brito e Lima (Esquecido)

75 - João de Castilho (Felizes)

76 - João de Couros Carneiro (Renascido)

77 - João de Sousa Tavares (Renascido Supranumerário)

78 - João do Rego Castelo Branco (Renascido Supranumerário)

79 - João Ferreira Bittencourt e Sá Dr. (Renascido)

80 - João Machado Barcelos (Esquecido)

81 - João Manoel de Melo (Renascido Supranumerário)

82 - João Ólvares Soares (Esquecido)

83 - João Pedro Henriques da Silva Dr. (Renascido)

84 - João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho Alarcão e Melo (Renascido Supranumerário)

85 - João Pereira Velho do Amaral (Renascido Supranumerário)

86 - João Rodrigues Pereira (Renascido Supranumerário)

87 - João Tavares de Abreu (Renascido Supranumerário)

88 - João Teixeira de Mendonça (Renascido Supranumerário)

89 - Joaquim Inácio da Cruz (Renascido Supranumerário)

90 - José Alvares da Silva Lisboa (Renascido)

91 - José Antônio Caldas (Renascido)

92 - José Caetano da Silva de Loureiro (Renascido Supranumerário)

93 - José Calmon (Esquecido)

94 - José da Cunha Cardoso, o Acadêmico Venturoso, que era o secretário da Academia (Esquecidos)

95 - José da Silva Pais (Felizes)

96 - José de Mirales D. (Renascido)

97 - José de Oliveira Serpa (Esquecido)

98 - José de Seabra e Silva (Renascido Supranumerário)

99 - José Félix de Moraes Dr. (Renascido)

100 - José Lopes Ferreira (Renascido)

101 - José Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Melo Desembargador (Renascido)

102 - José Ólvaro Pereira Sodré (Renascido Supranumerário)

103 - José Pereira de Castro (Esquecido)

104 - José Pereira Leão (Felizes)

105 - José Pires de Carvalho e Albuquerque (Renascido)

106 - José Teles de Meneses (Seletos)

107 - Luís Canelo de Norinha (Esquecido)

108 - Luís de Siqueira da Gama (Esquecido)

109 - Luiz José de Chaves Dr. (Renascido)

110 - Manoel Coelho de Carvalho (Renascido Supranumerário)

111 - Manoel Gomes de Lima (Renascido Supranumerário)

112 - Manoel Tavares de Siqueira (Seletos)

113 - Manuel Cerqueira Leal (Esquecido)

114 - Mateus de Saraiva Dr. (Renascido Supranumerário)

115 - Mateus Saraiva Dr. (Felizes)

116 - Mateus Saraiva Dr. (Seletos)

117 - Miguel da Costa Ribeiro (Seletos)

118 - Miguel de Medina D. (Renascido Supranumerário)

119 - Miguel Luiz Teixeira da Cunha Dr. vigário geral (Renascido Supranumerário)

120 - Paulo Ferreira de Andrade (Seletos)

121 - Pedro da Silva Rosa (Seletos)

122 - Pedro Dias Paes Leme (Renascido Supranumerário)

123 - Pedro Fagundes Varela (Felizes)

124 - Pedro José da Silva Botelho (Renascido Supranumerário)

125 - Pedro Leonino Mariz (Renascido Supranumerário)

126 - Pedro Nolasco Ferreira de Andrade (Seletos)

127 - Rodrigo da Costa de Almeida (Renascido)

128 - Rodrigo de Argolo Vargas Cirne e Menezes (Renascido)

129 - Rodrigo de Seixas Brandão (Seletos)

130 - Romão Gromacho Falcão (Renascido Supranumerário)

131 - Salvador Pires de Carvalho e Albuquerque (Esquecido)

132 - Sebastião da Rocha Pita coronel de ordenanças (Esquecido)

133 - Sebastião de Sampaio e Sande (Felizes)

134 - Sebastião Ólvares da Fonseca (Seletos)

135 - Silvestre de Oliveira Serpa (Renascido)

136 - Simão Pereira de Sá (Floril. III 325) (Seletos)

137 - Thomas Ruby de Barros Barreto (Floril. III 341) (Seletos)

138 - Tomás José Homem de Brito (Seletos)

1 - religioso Alberto Caetano de Barros padre (Felizes)

2 - religioso Alexandre da Purificação Rev. padre mestre Fr. (Renascido Supranumerário)

3 - Religioso Amaro Pereira de Paiva Rev. Dr. (Renascido)

4 - religioso Antônio Cordeiro Rev. padre (Renascido Supranumerário)

5 - religioso Antônio da Costa Rev. padre (Renascido Supranumerário)

6 - religioso Antônio de Oliveira Pe. (Esquecido)

7 - religioso Antônio de Oliveira Rev. Dr. (Renascido)

8 - religioso Antônio de S. Bernardo Rev. padre mestre Fr. (Renascido Supranumerário)

9 - religioso Antônio de Sampaio Rev. padre mestre Fr. (Renascido Supranumerário)

10 - religioso Antônio de Santa Eufrásia Barbosa Rev. padre Fr. (Renascido)

11 - religioso Antônio de Santa Maria Jaboatão Frei (Esquecido)

12 - religioso Antônio de Santa Maria Jaboatão Rev. padre Fr. (Renascido)

13 - religioso Antônio Ferreira Mendes Rev. (Renascido Supranumerário)

14 - religioso Antônio Gonçalves Pereira Rev. (Esquecidos, segundo a ELB, s. v. Academia Brasílica dos Esquecidos) (Renascidos)

15 - religioso Antônio Lopes de Amorim padre (Felizes)

16 - religioso Antônio Nunes de Siqueira padre mestre (Felizes)

17 - religioso Antônio Rodrigues Nogueira Rev. padre (Renascido Supranumerário)

18 - religioso Bento da Apresentação Rev. padre Fr. (Renascido Supranumerário)

19 - religioso Bento Luiz Pereira de Lençóis Rev. (Renascido Supranumerário)

20 - religioso Bernardo de Vasconcelos padre mestre frei (Felizes)

21 - religioso Bernardo Germano de Almeida Rev. Dr. (Renascido)

22 - religioso Calixto de S. Caetano Rev. padre mestre Fr. (Renascido)

23 - religioso Domingos da Silva Teles Rev. (Renascido Supranumerário)

24 - religioso Domingos de Loureto Couto D. (Renascido Supranumerário)

25 - religioso Felipe Benicio Rev. Padre (Renascido Supranumerário)

26 - religioso Fernando de Oliveira Pinto frei (Felizes)

27 - religioso Fr. Francisco Xavier Feijó Rev. padre (Renascido)

28 - religioso Francisco de Faria jesuíta (Seletos)

29 - religioso Francisco Guedes Cardoso de Menezes Rev. Dr. (Renascido Supranumerário)

30 - religioso Francisco Pinheiro Barreto Pe. (Esquecido)

31 - religioso Fructuoso Pereira do Rosário Rev. padre Fr. (Renascido Supranumerário)

32 - religioso Gaspar da Madre de Deus Rev. padre Fr. (Renascido Supranumerário)

33 - religioso Gonçalo Soares da Franca Pe. admirado por Gregório de Matos (Esquecido)

34 - religioso Inácio da Silva Rev. padre (Renascido Supranumerário)

35 - religioso Inácio de Sá e Nazaré Rev. padre Fr. (Renascido)

36 - religioso João Borges de Barros Rev. Dr. (Renascido)

37 - religioso João de S. Bento Rev. padre mestre Fr. (Renascido)

38 - religioso João Manoel de Sontondery Zorrilla D. (Renascido Supranumerário)

39 - religioso João Rodrigues de Almeida Rev. (Renascido Supranumerário)

40 - religioso José Antônio Sarre Rev. (Renascido)

41 - religioso José Corrêa da Costa Rev. Dr. (Renascido)

42 - religioso José da Natividade e Figueiredo Rev. padre Fr. (Renascido)

43 - religioso José de Matos pregador (Esquecido)

44 - religioso José de Oliveira Bessa Rev. Dr. (Renascido)

45 - religioso José dos Santos Cosme e Damião Rev. padre Fr. (Renascido)

46 - religioso José dos Santos Rev. padre Fr. (Renascido Supranumerário)

47 - religioso José Pacheco Pereira de Almeida e Vasconcelos Rev. (Renascido Supranumerário)

48 - religioso José Pires de Carvalho (e Albuquerque) Pe. (Esquecido)

49 - religioso Leandro do Sacramento Rev. Fr. (Renascido Supranumerário)

50 - religioso Lopo Gomes de Abreu e Lima Rev. (Renascido Supranumerário)

51 - religioso Manoel de Cerqueira Torres Rev. (Renascido Supranumerário)

52 - religioso Manoel de Jesus Maria de Sousa Rev. padre Fr. (Renascido)

53 - religioso Manoel de Jesus Maria Pinto Rev. padre Fr. (Renascido)

54 - religioso Manoel de Macedo Rev. padre mestre (Renascido Supranumerário)

55 - religioso Manoel do Cenáculo Rev. padre Fr. (Renascido Supranumerário)

56 - religioso Manoel Ferreira do Couto e Saboia Rev. (Renascido Supranumerário)

57 - religioso Manoel Ferreira Neves Rev. (Renascido)

58 - religioso Manoel Nunes padre Fr. (Renascido Supranumerário)

59 - religioso Manoel Ólvares Pereira Rev. padre (Renascido Supranumerário)

60 - religioso Manoel Xavier Ala cavaleiro professo na ordem de Cristo (Renascido Supranumerário)

61 - religioso Manuel da Encarnação frei (Felizes)

62 - religioso Manuel da Encarnação frei (Seletos)

63 - religioso Mateus da Encarnação e Pina rev. padre Fr. (Renascido Supranumerário)

64 - religioso Pascoal da Ressurreição Rev. padre Fr. (Renascido)

65 - religioso Pedro da Estrela Frei (Esquecido)

66 - Religioso Rafael Machado Pe. (Esquecido)

67 - religioso Salvador Corrêa de Sá Rev. padre Fr. (Renascido Supranumerário)

68 - religioso Sebastião Borges de Barros cavaleiro professo na Ordem de Cristo (Renascido Supranumerário)

69 - religioso Teles de Menezes Rev. Dr. (Renascido)

70 - religioso Tomás da Encarnação Rev. padre mestre D. (Renascido Supranumerário)

71 - religioso Vicente da Costa Teixeira Bitencourt Rev. (Renascido Supranumerário).

72 - religioso Wenceslau Pinto de Magalhães Fontoura Rev. Dr. (Renascido)

NOTAS 1 ANTONIL, André João, 1649 ou 50-1716. Cultura e opulência do Brasil. Texto confrontado com a edição de 1711. 3. ed. Belo Horizonte, Itatiaia, 1982, p. 194-195. "Cada ano, vêm nas frotas quantidade de portugueses e de estrangeiros, para passarem às minas. Das cidades, vilas, recôncavos e sertões do Brasil, vão brancos, pardos e pretos, e muitos índios, de que os paulistas se servem. A mistura é de toda a condição de pessoas: homens e mulheres, moços e velhos, pobres e ricos, nobres e plebeus, seculares e clérigos, e religiosos de diversos institutos, muitos dos quais não têm no Brasil convento nem casa."

2 CARDOZO, Manoel. Azeredo Coutinho e o fermento intectual de sua época. In: KEITH, Henry H. & EDWARDS, S. F., orgs. Conflito e continuidade na sociedade brasileira [Conflict & continuity in Brazilian society]. Trad. José Laurênio de Melo. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1970, p. 87.

3 NASCENTES, Antenor. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Rio de Janeiro, 1932, s. v.

4 Ver, a respeito dessa posição teórica, o verbete "Processo", de Russell L. Langworthy, no Dicionário de Ciências Sociais (Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1987, p. 982, seção A.1.

5 RAMOS, A. Guerreiro. A redução sociológica. Rio de Janeiro, Textos Brasileiros de Sociologia, 1958, p. 44.

6 PEREIRA, Nuno Marques. Compêndio narrativo do peregrino da América. 6. ed. Rio de Janeiro, 1939, v. I, p. 27.

7 MADUREIRA, J. M. de, S. J. A liberdade dos índios; a Companhia de Jesus; sua pedagogia e seus resultados. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional,
1926, vol. 2, p. 389-405.

8 CASTELLO, José Aderaldo. O movimento academicista no Brasil (1641-1820/22). São Paulo, Conselho Estadual de Cultura, 1969, vol. I, t. I, p. IX e seguintes.

9 Mais de 100 participantes constam dos manuscritos da Academia. Todos podem ser encontrados no repertório de José Aderaldo Castelo, indicado na nota anterior.

10 SILVA, Cel. Ignacio Accioli de Cerqueira e. Memórias históricas e políticas da Província da Bahia. Anotadas pelo Dr. Braz do Amaral, da Academia de Letras da Bahia. Bahia, Imprensa Oficial do Estado, 1925, vol. II, p. 375. Esta obra de Accioli e Amaral, em seis volumes (1919-1940), é um repositório notável de documentos de todo o período colonial, imprescindível a qualquer investigador. O teor da carta é o seguinte:

"Pela memória impressa, que com esta se vos remete, tereis entendido quais são as notícias de que se necessita para a composição da história portuguesa, que encarreguei a Academia Real, que institui nesta Corte ao mesmo fim; e porque esta história compreende não só o que pertence ao Reino mas também às suas conquistas, vos recomendo que logo que receber esta minha carta encomendeis da minha parte ao Arcebispo, a seu cabido e aos mais cabidos das sedes vacantes desse Estado e aos prelados das religiões examinem, inquiram com toda a diligência, individuação e clareza todas as notícias que se apontam na dita memória e podem acomodar-se a essa conquista e que tudo o que acharem o façam escrever com toda a boa ordem e vo-lo remetam para vós enviardes todos estes papéis e clarezas na forma que se aponta na mesma memória; certificando a todos que me será muito agradével todo o trabalho que puserem nesta averiguação, além de ser muito próprio do seu estado contribuíem com sua aplicação se uma obra que pode servir muito à glória de Deus Nosso Senhor e crédito da Igreja desse Estado. E também passareis as ordens necessárias aos oficiais das Câmaras na conformidade que se aponta na memória impressa e podem ter acomodação a esse Estado. Estas diligências vos hei por muito encarregadas, esperando do vosso zelo poreis nelas tal cuidado e eficácia que se consiga, com a brevidade possível, o fim pretendido. Escrita em Lisboa Ocidental em 31 de março de 1722. Rei."

11 SILVA, op. cit. acima, nota 7, p. 375-376.

12 Ibidem, p. 375. "Senhor. Tenho procurado o que V. Majestade é servido ordenar-me e porque, para esta obra, tanto do serviço de V. Majestade como glória da nação portuguesa, não posso concorrer mais que com a minha diligência, protesto a V. majestade empenhá-la de maneira que possa interessar-me na vaidade de concorrer para a história portuguesa todas as memórias que se acharem nos arquivos deste Estado. Bahia e agosto 26 de 1722."

13 CASTELLO, op. cit. acima, nota 7, vol. I, t. I, p. 91.

                          14 ibidem, p. 28.

                          15 ibidem, p. 44-45.

16 SILVA, op. cit. acima, nota 7, p. 373-374, onde se encontra transcrito o ato de instituição da Academia Brasílica dos Esquecidos. Também em CASTELLO, op. cit. acima, nota 7, vol. I, t. I, p. 3-4.

17 As sessões foram realizadas em 23 de abril, 7 e 21 de maio, 4 e 25 de junho, 9 e 23 de julho, 6 e 27 de agosto, 10 e 24 de setembro, 8 e 22 de outubro, 12 e 26 de novembro, 21 de dezembro de 1724, 21 de janeiro e 04 de fevereiro de 1725.

                          18 CASTELLO, op. cit. acima, nota 7, vol. I, t. I, p. 7. 19 PITA. Rocha. História da América Portuguesa. Prefácio e notas de Pedro Calmon. Belo Horizonte, Itatiaia, 1976. 293 p. Como no caso dos Exercícios de Marte, de Inácio Barbosa Machado, o livro de Rocha Pita já se achava quase pronto quando do início das atividades da Academia dos Esquecidos. Pode esta ter sido a força que o fez terminar sua História, em ambiente pouco estimulante à publicação de qualquer trabalho.                           20 PITA, op. cit. acima, nota 19, p. 288-289. 21 Fastos Políticos, e Militares da antiga, e nova Lusitânia, em que se descrevem as acçoens memoraveis, que na Paz, e na guerra obrárão os Portuguezes, nas quatro partes do Mundo. Tomo I (único publicado), Lisboa, por Inácio Rodriguez, 1745, in-fol.

22 PALMA-FERREIRA, João. Academias literárias dos séculos XVII e XVIII. Lisboa, Biblioteca Nacional, 1982, p. 115.

23 MOISÉS, Massaud. História da literatura brasileira. São Paulo, Cultrix/EDUSP, 1983. p. 236.

24 Contou a Academia dos Felizes com 29 membros: José da Silva Pais, Gomes Freire de Andrade, conde de Bobadela, Mateus Saraiva, Inácio José da Mota, padre mestre Antônio Nunes de Siqueira, padre mestre frei Bernardo de Vasconcelos, André da Luz e Silva, Jerônimo de Matos, Francisco Fernandes Simões, Antônio Antunes Meneses, João Carmo da Silva, padre Antônio Lopes de Amorim, frei Manuel da Encarnação, Francisco Ángelo Xavier de Aguirre, padre Alberto Caetano de Barros, André da Luz e Silva, João da Costa Maia, Inácio Coelho da Silva, Francisco de Almeida Jordão, Antônio Cordeiro da Silva, Antônio Soares de Azevedo, Pedro Fagundes Varela, João de Castilho, Antônio Ferreira da
Rocha, frei Fernando de Oliveira Pinto, Caetano Gomes Pereira, Sebastião de Sampaio e Sandee José Pereira Leão.

25 PROGRAMA histórico. In Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, 1(2): 82.

26 CARTA oferecida ao Instituto pelo seu Secretário Perpétuo. Revista Trinmensal de História e Geografia ou Jornal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, 6:365-369, 1844.

27 Na coleção de textos e documentos sobre o movimento academicista brasileiro, que José Aderaldo Castelo começou a publicar em 1969 (CASTELLO, José Aderaldo. O movimento academicista no Brasil; 1641-1820/22. S. Paulo, Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia, 1978. 14 t.), à Academia dos Felizes corresponde o tomo 8º do vol. I. Uma segunda Academia dos Felizes surgiria em 1770, conforme notícia de Arthur Motta (História da literatura brasileira, São Paulo, 1930, t. II, p. 382) e Afonso de E. Taunay (A primeira Academia Paulista de Letras, Correio Paulistano, São Paulo, 28 e 30 de junho de 1955).

28 PALMA-FERREIRA, op. cit. acima, nota 22, p. 121-122. Diz o investigador português: "A coletânea inclui ainda umas Obras que se recitaram na mesma Academia fora dos Assuntos e onde se reúnem composições em latim e português de Antônio Ferreira da Rocha, de frei Fernando de Oliveira Pinto, de Caetano Gomes Pereira, de Sebastião de Sampaio e Sande e de José Pereira Leão, entre outros. As poesias, monótonas e encomiásticas, do Marquês de Pombal e de D. José não têm qualquer interesse especial." Na ocasião, faziam parte da Academia dos Felizes "o padre mestre Antônio Nunes de Siqueira, do hábito de São Pedro e então presidente da Academia; o padre mestre frei Bernardo de Vasconcelos; o Dr. André da Luz e Silva, professor de Pragmática no Rio de Janeiro; Jerônimo de Matos, então secretário da Academia e tenente do Regimento de Artilharia do Rio de Janeiro; Francisco Fernandes Simões; Antônio Antunes Meneses; capitão João Carmo da Silva; padre Antônio Lopes de Amorim, mestre em Artes; frei Manuel da Encarnação; Francisco ¶ngelo Xavier de Aguirre; padre Alberto Caetano de Barros; André da Luz e Silva, mestre de gramática no Rio de janeiro; bacharel João da Costa Maia; Inácio Coelho da Silva; Francisco de Almeida Jordão; capitão Antônio Cordeiro da Silva; Antônio Soares de Azevedo, preso na cadeia da Relação, Pedro Fagundes Varela; bacharel João de Castilho." De acordo com o autor, poderiam ainda ser contados como pertencentes à Academia dos Felizes Antônio Ferreira da Rocha, frei Fernando de Oliveira Pinto, Caetano Gomes Pereira, Sebastião de Sampaio e Sande e José Pereira Leão.

29 Constitui o tomo 1 do vol. II da coleção de éditos e inéditos do Movimento Academicista, publicados por José Aderaldo Castello: Júbilos da América na gloriosa exaltação e promoção do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Gomes Freire de Andrade, [ ... ], Coleção das Obras da Academia dos Seletos, que na cidade do Rio de Janeiro se celebrou em obséquio e aplauso do dito Excelentíssimo Herói. [ ... ] Pelo Doutor Manuel Tavares de Sequeira e Sá, [ ... ] Lisboa, na Oficina do Dr. Manuel Álvares Solano, Ano de MDCCLIV. Participaram da homenagem a Gomes Freire vinte e seis intelectuais do Rio de Janeiro ou ligados à cidade e ao homenageado: Manoel Tavares de Siqueira, Feliciano Joaquim de Sousa Nunes, jesuíta Francisco de Faria, Alexandre da Silva Guimarães, Ángela de Amaral Rangel, Antônio Cordeiro da Silva, Antônio Cordeiro da Silva, Antônio José Gomes da Costa, Antônio José Gomes da Costa, Domingos Lourenço de Castro, Fernando José da Cunha Pereira, Francisco Barbosa de Castro, Francisco Martins Sampaio, João de Barros Xavier, José Teles de Meneses, frei Manuel da Encarnação, Mateus Saraiva, Miguel da Costa Ribeiro, Paulo Ferreira de Andrade, Pedro da Silva Rosa, Pedro Nolasco Ferreira de Andrade, Rodrigo de Seixas Brandão, Sebastião Álvares da Fonseca, Simão Pereira de Sá, Thomas Ruby de Barros Barreto e Tomás José Homem de Brito.

30 PINHEIRO, José Feliciano Fernandes, Visconde de São Leopoldo. Programa histórico. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil. 1(2):85-86, 1839.

31 Eram quarenta os acadêmicos de número e oitenta e três os supranumerários. Cf. CASTELO, op. cit. acima, nota 8.

32 MOISÉS, op. cit .acima, nota 23, p. 237-238.

33 PINHEIRO, op. cit. acima, nota 30, p. 86-97. Identificou o autor o manuscrito como sendo o do Gabinete respectivo da Biblioteca Pública do Rio de Janeiro (Biblioteca Nacional, nº 66, caixa 4.)

34 CALMON, Pedro. História do Brasil. Rio de Janeiro, José Olympio, 1959, p. 1152.

35 Cf. CALMON, op. cit.acima, nota 34, p. 1151-1155, e GARCIA, Rodolfo. Notas da sessão XLV - V. In: VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia, 1981, v. 2, t. IV, p. 264.

                          36 Cf. CALMON, op. cit. acima, nota 34, p. 1233. 37 ibidem. Trata-se de depoimento de um contemporâneo. Deve-se consultar, também, o livro de Alberto Lamego, A Academia Brasílica dos Renascidos, Bruxelas, 1923.

38 Além desta tópica do "Brasil como sede do paraíso bíblico", encontra-se igualmente a da "máquina do mundo" entre os Acadêmicos Esquecidos, na oração acadêmica de João de Brito e Lima (CASTELO, op. cit. acima, nota 8, v. I, t. I, p. 245). Para abordagem das mesmas, cf. CASTRO, Silvio et alii. Contributi sulla genesi della idea di Brasile, Padova, 1985 e CASTRO, Silvio. O canto XXXIII do Paradiso, a tradição da poesia visão e a Máquina do Mundo de Carlos Drummond de Andrade". In: III Congresso da Associaç¶o Internacional de Lusitanistas, Actas. Coimbra, Faculdade de Letras, 1992, p. 617-639. Também de Sílvio Castro, em roupagem ficcional, o Memoriale del Paradiso (Veneza, Centro Internazionale della Grafica di Venezia, 1991).

39 "E o pior é que a maior parte do ouro que se tira das minas passa em pó e em moedas para os reinos estranhos e a menor é a que fica em Portugal e nas cidades do Brasil ...". In: ANTONIL, André João, op. cit. acima, nota 1, p. 194-195.

40 Desagravos do Brasil e glórias de Pernambuco (Anais da Biblioteca Nacional, vols. 23 e 25) e História militar do Brasil (nos mesmos Anais, vol 22), respectivamente.

41 BRAGA, Teófilo. Recapitulação da História da Literatura Portuguesa - Os árcades. Porto, Chardron, 1918, p. 387.

42 CASTELLO, José Aderaldo. Manifestações literárias da era colonial. São Paulo, Cultrix, 1969, p. 97.

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