"O Senhor o deu e o Senhor o tomou bendito seja o nome do Senhor." (Jó 1:21)
Estamos passando o tempo mais difícil de nossas vidas, parece que essa dor nunca vai passar. Sentimos o Senhor nos consolando todos os dias, apesar de ainda ter muitas perguntas em meu coração sem respostas. Perguntas do tipo: "- Porque Deus me deu tão rápido a Karina, e tão rápido me tirou?". Mas esse versículo conforta o meu coração porque desde o momento que a nossa filhinha foi gerada nós a consagramos para o Senhor, então ela não era mais minha, nem do Isaias, nós só tínhamos que cuidar dela.
Nosso sofrimento começou em uma Terça-feira dia 18/07/2000, eu estava com 30 semanas e 4 dias de gravidez, até aqui me sentia muito bem, não tinha problemas. De repente esta manhã eu estava caminhando devagar, senti que algo saía de dentro de mim, me assustei, passei a mão na minha calça e percebi que era sangue, muito sangue. Cheguei em casa e pedi para chamarem o Isaias. Ele veio e ficou assustado e preocupado, então correu e chamou uma das enfermeiras.
Saímos com urgência para o hospital de Pucallpa. Chegando,
me examinaram e encaminharam para fazer uma ecografia, onde
constatou-se que eu tinha uma placenta prévia total. Nós
não sabíamos o que fazer porque nem imaginávamos que
eu tivesse esse problema. O meu médico daqui nunca pediu uma ecografia
para controlar. Imediatamente fui internada em um quarto especial por ser
cardíaca, eles tinham muito medo que tivesse problemas com o meu
marca-passo. Fiquei todo o dia deitada e Isaias ao meu lado. No fim da
tarde o sangramento já havia diminuído, me sentia melhor.
Quando estavam quase descartando a possibilidade de fazer uma cesária
começou o pior.
À noite começaram as contrações, sem dor a cada 2 minutos, e depois ficaram mais fortes aí já com dores que quase não podia agüentar. Então a doutora me colocou uma injeção de fenergan para relaxar. Depois dessa injeção começou a hemorragia tão forte como nunca havia visto na minha vida, pior é que saia de dentro do meu corpo. Isaias ficou preocupado então imediatamente me levaram para a sala de cirurgia, e fizeram uma cesária de emergência.
Eu estava um pouco tonta, não podia ver bem as coisas mas escutava
bem. Na sala de cirurgia, toda a preparação para a cesária,
eu escutava as doutoras conversando. A anestesista dizia: "Doutora Perez
nós temos que fazer a cirurgia bem rápido, porque veja sua
pressão 7/5, e o pulso 200 vamos perder a mamãe e a filha."
Então eu escutando isso comecei a orar e
recitar o Salmo 23, pedindo para que Deus não nos levasse. Deram
a anestesia geral (por causa do meu marca-passo) e depois não vi
mais nada.
As 4.00 horas da madrugada me acordaram, ainda estava no centro cirúrgico, em uma sala de recuperação pós-cirúrgico. Imediatamente perguntei se vivia a minha filhinha e o enfermeiro me disse: "Sim ela vive e está na encubadora." Respirei aliviada.
Isaias ficou na sala de espera toda a noite sem poder entrar, no frio e cansado, mas estava me acompanhando sempre. Eu louvo a Deus pela vida do meu querido esposo que em todo este tempo difícil estava sempre a meu lado. As 5:00 horas da manhã, deixaram que o Isaias entrasse para me ver, bem rapidinho. As 8:00 fui para o quarto e todo o dia fiquei na cama sem poder levantar e não podia nem ir conhecer a minha filha tão esperada.
No outro dia as 5:00 horas da manhã pedi a uma enfermeira que me tirasse da cama para que quando o médico passasse para me visitar, veria que eu estava bem e me deixaria caminhar, tanta era a minha ansiedade para ver a minha filha. O médico chegou e ficou admirado comigo, por tanta força e disse: "Tirem a sonda e o soro dessa paciente e que ela caminhe para conhecer a sua filha."
Isaias me acompanhou até o berçário onde estava a Karina, entramos nós dois. Quando olhei não acreditava que aquele ser "tão pequenino" era que estava na minha barriga, e que me chutava tão forte, tão pequenininha que sem culpa de nada foi tirada tão rapidamente da minha barriga. Isaias e eu podíamos tocar as suas maozinhas, pezinhos, cabecinha tudo era pequenino e frágil. Conversamos com ela, cantamos e não podia acreditar que era minha filhinha.
Toda a semana ficamos nessa expectativa, eu internada e Isaias indo ao hospital todos os dias, as vezes 2 vezes por dia, e a missão fica a 18 km do hospital. Foi uma semana muito cansativa e difícil. Finalmente no Domingo dia 23/07, eu ganhei alta do hospital, e como estava muito cansada fomos para casa para descansar e dormir um pouco.
Me despedi da minha filha. Me doía bastante deixa-lá no hospital, não sabíamos que nesta noite iria piorar ainda mais a sua saúde. Na manhã seguinte, fomos bem cedo ao hospital, e qual foi a nossa surpresa que Karina não estava na encabudora. "Onde esta minha filha?" perguntou Isaias. A enfermeira disse que à noite ela havia parado de respirar completamente, colocaram um tubo na sua boca e com um "Ambu" (como uma bola) apertavam e levava o oxigênio até o seu pulmão. No hospital não tinham respirador infantil, isso dificultava muito a sua recuperação porque era tudo manual.
Não podíamos acreditar no que estava acontecendo, parecia um pesadelo. Ficamos até a noite no hospital, muito cansados, eu com muita dor na operação e nas costas por haver estado sentada ou andando o dia todo. Deixamos a nossa Karina, praticamente sem vida esse dia e fomos para casa. Deixamo-la nas mãos de Deus, porque era o lugar mais seguro para ela estar e a única coisa que podíamos fazer.
Dormimos não muito bem, e as 4:00 horas da manhã me acordei orando e pedindo a Deus que esse dia não amanhecesse, pois seria um dia bem difícil. Chegamos mais uma vez no hospital e nossa pequena filhinha já não estava, ela havia falecido naquela madrugada.
Parece que o mundo havia desabado na nossa cabeça, não podíamos acreditar no que estava acontecendo, mas sentíamos a mão de Deus nos confortando e nos dando forças para enfrentar aquela situação difícil. Tivemos o apoio dos missionários que trabalham conosco que imediatamente estavam no hospital para nos ajudar, foi uma grande benção. Fizemos todos os preparativos e fomos para a missão, estávamos cansados. Conversamos e planejamos tudo como seria o seu funeral. As 4:00 da tarde, foi o tempo mais difícil para mim, quando iria me despedir da minha filhinha. Toda a missão estava lá no cemitério, no meio das árvores em plena selva, nos ajudando.
Finalmente irmãos, estamos certos que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus e sabemos que a nossa Karina está agora nos braços do Senhor e descansando do sofrimento pelo qual passou. Mesmo que seja difícil para nós nessa hora, Deus nos ajuda e nos conforta, podemos descansar e aceitar a vontade dEle.
Não temos palavras, para agradecer o apoio, as cartas, o carinho, o amor e as contribuições de cada um de vocês irmãos, tem sido muito importantes para nós, vocês não imaginam quanto.
Obrigada por tudo, continue orando pela família Yud pois ainda
precisamos muito.
Um abraço do tamanho do Senhor.
Queia Yud
Estamos gratos a Deus, porque a Karina viveu somente 6 dias, mas nestes poucos dias ela foi uma missionária e Deus a usou para tocar em muitas vidas, muitos oraram por ela e se aproximaram ainda mais de Deus, estamos convencidos que Deus a usou para tocar na nossa vida e de muitas pessoas. Glórias a Deus por isso.
Talvez ela alcançou mais do que nos até agora.
Cartas:
Família Yud - Mision Suiza
Casilla 1 - Pucallpa - Peru
Tel/Fax. 005164574373
By
Edemar
A. Santos ,
atu.02-set-00.