A  Luz  Astral
                                               BRUNO  BERTOLUCCI  ORTIZ - bubis@unimes.com.br 

 
A luz astral é a substância que tudo circunda. Ela é responsável pelos fenômenos mágicos e pelos resultados das faculdades humanas. Assim, é por meio dela que ocorrem os fenômenos de telepatia, levitação, magnetismo e etc...
Essa  Luz astral, que não é boa nem má, é representada pelo símbolo da serpente. Está no caduceu, onde ob é o seu aspecto fatal; od seu aspecto bendito e aur é o seu ponto equilibrado, mas que está acima do livre arbítrio de ob e od.
O domínio o da luz astral é a meta para poder realizar os atos mágicos. Porém é preciso lembrar do perigo que essa serpente traz consigo.
A serpente é rebelde. Isso porque ela prefere o livre arbítrio ao invés de aceitar o serviço à Deus. Ela não é nem boa nem má, é como uma espada, que podem garantir poder e proteção, mas pode ferir a você e a um amigo. É por esse motivo que na magia é imprescindível auto-disciplina, o exercício da vontade inabalável. A serpente é sedutora , o poder que ela garante pode dar a ilusão de onipotência ao operador, pode cegá-lo, e nesse momento ele passa a obedecer tudo o que sua vontade pessoal lhe ordena. Aí está uma pessoa encarcerada nos laços da paixão. Ele está dominada pela serpente, e cada vez mais perde sua força de decisão. Eis o que o mago Éliphas Lévi ensina:
"Todas as operações mágicas consistem em libertar-se dos laços da antiga serpente; portanto, em colocar o pé sobre sua cabeça e conduzí-la a de acordo com a vontade do operador."
E ensina também: " Dissemos que para adquirir o poder mágico duas coisas são necessárias: libertar a vontade de toda servidão e praticá-la sob controle.
A vontade soberana é representada em nossos símbolos pela mulher que esmaga a cabeça da serpente... é a antiga serpente do Gênesis, mas é também a serpente brônzea de Moisés enrolada em torno do Tau... Mas na verdade é a força cega que as almas devem vencer para libertar a si mesmas dos limites da terra, pois se sua vontade não as liberta de sua fatal atração, elas serão absorvidas na corrente pela força que as produziu, e retornarão ao fogo central e eterno ."
Ele deixou claro que o operador deve manter sua vontade treinada a seu serviço, para não ser seduzido. Quando se trabalha com essa energia, estamos usando a magia arbitrária. Ela é arbitrária porque depende exclusivamente da vontade do operador. Quando isso ocorre ela podem ser potencialmente perigosa, pois pode ser dirigida para três aspectos:
Magia negra: entende-se aqui o uso da magia nos aspectos destrutivos, que visam o malefício do próximo. Encontram-se todas as formas de ataques mágicos e encantamentos para "amarrar a pessoa amada".
Magia pessoal: entende-se aqui o uso exclusivamente pessoal. Todas as formas de atos mágicos que visam o enriquecimento, o poder, a fama, o prazer e a sedução.
Magia Branca: entende-se aqui o uso da magia para fins altruístas, que visam o auto-conhecimento, o conhecimento do universo, e o serviço construtivo.
Dessas três formas, apenas a magia branca não está condenado a perverter a ética da magia. Todos os outros usos da magia estão recheados de egoísmo, megalomania, luxúria, ódio, fragilidade, e tudo o que se enquadra em péssimas qualidades. Por esse motivo é que é necessário o código de ética dos magistas. Sem a ética perde-se o controle sobre a serpente, " pois se sua vontade não as liberta de sua atração fatal , elas serão absorvidas na corrente pela força que as produziu voltarão ao fogo central e eterno".( É. Lévi).
Neste ponto cai-se no domínio do "demônio", tal como Lévi ensina : "portanto o demônio ( Lúcifer) não é uma entidade. É uma força errante, como o próprio nome indica. Uma corrente e ódica ou magnética formada por uma cadeia (um círculo) de desejos perniciosos."
 
Existe ainda um outro agente mágico. Um agente que não depende da vontade humana. Um agente que age espontaneamente, oriundo da vontade do alto. Esse agente se manifesta no operador quando este a aceita a vontade do alto. É a aplicação da fórmula "Seja feita a vossa vontade".
É a manipulação da magia sagrada, cujo símbolo é a pomba. A pomba branca é espontânea, pousa desinteressadamente naquele que simplesmente aceita a vontade "daquele que é mais eu do que eu mesmo". Ela é responsável pelo verdadeiro milagre, e seu uso não é perigoso, pois só pode manifestar o bem. Essa forma de magia só pode ocorrer quando o mago serve de intermédio das forças divinas, quando este renunciou seu livre arbítrio para atender ao ideal divino, que é aceito pela alma devido ao amor.
Não podemos interpretar essa situação como o homem escravo e sujeito às ações que não tem a menor vontade de realizar, e que sofre toda vez que é "marionete" das forças divinas. Não, essa união de interesses deve surgir espontaneamente no mago, ele deve servir voluntariamente, como o diz Lévi: "Ser livre é servir voluntariamente". É a prática onde " O que está no alto é como aquilo que está embaixo para realizar um único milagre ".
De fato Jacob Boehme concorda quando ensina: " Com Deus, a vontade pode remover montanhas, fender os rochedos..."
Papus também concorda com os perigos da magia se não estiver em conformidade com Deus:
"... quanto à magia cerimonial e ao naturalismo, só podemos condená-los , tanto por sua inutilidade como pelos perigos temíveis que encerram e pelo estado de alma que supõe...Entende-se , com efeito aqui, sob esta última denominação( magia cerimonial), a operação na qual a vontade e a inteligência humanas estão sozinhas em exercício, sem o concurso divino ( Tratado de Ciências Ocultas)
Papus não era contra a prática da magia, mas de seu uso exclusivo para resolver problemas materiais e pessoais. Além disso na magia arbitrária podemos trazer incontáveis entidades, forças e etc... Mas é apenas pela magia divina, pela comunhão com tais forças (no caso apenas as benéficas) é que se tem a verdadeira experiência e o verdadeiro conhecimento. Quando o ideal do superior e do inferior é o mesmo, há união em essência (amor).
O amor espontâneo, aquele que aperta o coração, que quase sempre exige coragem ou renúncia, é a substância do Espírito Santo, a pomba que desceu do céu no batismo de Jesus. Assim temos a magia arbitrária que trabalha com as relações do mago com a natureza. E a magia sagrada que trabalha com as relações do homem com a divindade. Tal como Paulo Coelho cita no seu livro "O Diário de um Mago", o termo " mago negro" também é designado aos magos que dominaram apenas os poderes da Terra. Portanto fica claro a necessidade da magia divina. Papus soube distinguir essas duas idéias no seu "Tratado Elementar de Magia a Prática":
"A Magia, considerada como uma ciência de aplicação, limita quase unicamente sua ação ao desenvolvimento das relações que existem entre o homem e a natureza.
 O estudo ou das relações que existem entre homem e o plano superior ou Divino, em todas as suas modalidades, pertence muito ou mais a Teurgia que à Magia ."
 

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