MAGIA  CERIMONIAL
                                               BRUNO  BERTOLUCCI  ORTIZ - bubis@unimes.com.br 

 
Existem três pontos importantes que devem ser considerados a respeito da magia cerimonial:
1- Ela é totalmente dependente de um mecanismo específico, que deve ser seguido minuciosamente, e que não é nada arbitrário;
2- A eficácia de suas fórmulas dependem da atitude mental do operador. Partindo-se do princípio que os seres astrais percebem o operador não segundo sua voz (assim não importa se o texto da fórmula seja em latim ou em português); nem segundo sua aparência física (o que descarta a utilização dos mais mirabolantes acessórios que se vê por aí entre os mercenários do esoterrorismo); mas atendem segundo a força de vontade e a intenção do operador; e o percebem por seu corpo astral, que adquire uma forma mais ou menos luminosa semelhante a figura do pentagrama.
3- Tal empreendimento é diferente do poder mental . O poder mental, ou as " faculdades latentes" , ou mesmo as experiências místicas, diferem de um ato mágico pelo fato de dependerem apenas da pessoa. Em um ato mágico, as forças empregadas não pertencem ao operador, ele apenas as dirige por meio do ritual destinado a uma corrente específica de energia a astral. Aqui serve a analogia onde um homem carregando pedras está para o poder mental, assim como um homem dirigindo um trator erguendo pedras está para o ato mágico.
Papus em seu " Tratado Elementar de Magia Prática", enumera dois itens que resume a mecânica da cerimônia mágica: 
" 1. É necessário poder influir conscientemente sobre as forças astrais e dirigí-las com acerto até o objetivo almejado.
2. É necessário que o operador se isole o mais completamente possível, a fim de evitar as reações perigosas, assim como deve prevenir-se para desviar as ditas reações se porventura chegarem a originar-se."
 
Em relação ao primeiro item, destacamos outros dois subitens que se encaixam nesta ação:
- Imantação das forças astrais;
- Ação consciente sobre as forças astrais evocadas.
 
Imantação das Forças Astrais
 
Neste subitem entram todos os elementos que visam trazer as forças específicas. Entre eles, podemos citar as fórmulas mágicas, sons específicos, símbolos traçados no ar, os perfumes específicos, os minerais e etc... Essa parte segue estritamente a lei de correspondência. É por esse motivo que há cores específicas dos planetas, assim como os metais, os perfumes, e todo o corpo de elementos que visam atrair determinada corrente astral. Destacamos sua importância, pois este é o responsável pela "vinda" das correntes astrais. É nesse momento do ritual que se abre uma porta entre os planos, e as correntes astrais que se sentirem atraídas por essa atmosfera originada pela imantação, virão. Isso estabelece uma cadeia, cadeia essa que Lévi explica: "Pode-se estabelecer a cadeia de três modos: pelos signos, pela palavra e pelo contato." Isso explica a variedade de selos, fórmulas mágicas e gestos que compõem uma cerimônia.
Quanto a vinda das entidades, este fenômeno é explicado por Franz Bardon no livro "The Pratice of the Magical Evocation" : " Se um ser é chamado de um mundo invisível para este mundo, então uma atmosfera deve ser criada na qual o ser vai encontrar concordância." (Pág. 32) 
 E é exatamente isto que visa toda essa preparação.
 Portanto, fica esclarecido a necessidade dessa fase do ritual, que por meio das palavras (mantrans, sentrans ou fórmulas hebraicas) e do simbolismo correto, formam a atmosfera adequada às forças astrais. Esta fase correspondem ao " coagula" em que se traz as energias do plano astral, e as impregnam no campo de operação, onde o espelho mágico, o incenso, o carvão e o cristal, parecem ser condensadores naturais de tal energia.
 
A Ação Consciente sobre as Forças Astrais Evocadas
 
Enquanto que o subitem anterior visava coagular as energias, este subitem visa "dissolver"; isto é selecionar tais forças.
Esse procedimento corresponde ao controle do operador sobre as forças manifestadas. Sabe-se que foi aberto um portal, e portanto, muitas outras energias podem transpor o mesmo. Esse é um ponto importantíssimo na magia ritual, e a falha dessa precaução pode levar aos danos que tanto são alertados pelos ocultistas.
Para essa realização, são utilizadas as armas mágicas. As armas mágicas que mais se destacam na literatura ocultista são:
- A baqueta mágica;
- A espada mágica;
- O pentagrama.
 
A baqueta mágica é o instrumento que dirige as forças astrais. É por meio dela que o operador condensa sua própria contribuição de energia astral durante o ritual, e comanda as energias evocadas. Sua função é de irradiar energia. Papus a define: " Esta baqueta não tem outro fim senão o de condensar uma grande quantidade de fluido emanado do operador  ou das substâncias  dispostas por ele para o fim em vista e de dirigir a projeção deste fluido sobre um ponto determinado."
 
A espada mágica tem a função de defesa. Muitas energias nefastas podem  surgir durante a operação oriundas do portal que foi aberto, e estas podem, a partir dos fluidos vitais emprestados dos elementos de materialização; formar conglomerados de energia capazes de atuar no plano físico. Assim, a ponta metálica da espada mágica dissocia esses coágulos de força vital, eliminando a capacidade de tais entidades de atuar no plano físico.
Esse fenômeno pode confundir as pessoas. Isso ocorre, pois muitos podem achar que uma espada pode ferir uma " entidade" puramente astral. Mas o que ocorre, é que durante a operação mágica, essas entidade pode tomar emprestado os fluidos destinados a materialização, e pode adquirir o poder de agir no plano físico . É a extração desse poder que a espada causa ao atingir os fluidos astro-elétricos roubados por esta entidade.
Papus ensina: "A operação mágica é , na realidade, uma síntese de esforços e de ciência, e o operador está de posse dos dois pólos de toda a ação: o pólo de ataque ou de projeção pela banqueta magnética de ponta redonda e o pólo de defesa e de dissolução pela espada mágica de ponta aguçada." ( T. E. de Magia Prática)
 
" O pentagrama expressa a dominação do espírito sobre os elementos e é por meio desse signo que se acorrenta os silfos do ar, as salamandras do fogo, as ondinas da água e os gnomos da terra.
Munido deste signo e disposto convenientemente podes ver o infinito mediante essa faculdade que é como o olho de tua alma e te fazer servir por legiões de anjos e colunas de demônios." ( Dogma e Ritual de Alta Magia; Éliphas Lévi)
O pentagrama simboliza a autoridade do operador. Sem a autoridade, que depende de sua atitude mental e de sua evolução espiritual, é provável que não haja obediência por parte das entidades. Assim, sendo o pentagrama o símbolo da vontade por excelência, ele serve como um "espantalho", e é um alerta às entidades a respeito da vontade e da autoridade que se encontra diante delas. Lévi ainda adverte sobre o perigo do uso do pentagrama na mão dos incautos, visto que a direção de suas pontas não são arbitrárias e podem alterar todo o curso da operação.
 
Chegamos ao segundo item da operação mágica.
Este item corresponde à linha de defesa do operador. Entre ele temos termos 3 subitens :
- O treino pessoal;
- As consagrarções;
- O círculo mágico.
 
O Treinamento Pessoal: Essa parte consiste no exercício que o operador deve empreender para estar apto à realização mágica. Como o que já foi dito anteriormente, quanto mais radiante for o corpo astral do operador, e quanto mais semelhante for ao signo do pentagrama, maior é a sua autoridade sobre as forças astrais. Portanto, tais exercícios visam tornar o corpo astral tal como o pentagrama. Além disso os rituais fazem certas exigências antes de sua realização. Assim alguns exigem jejum, abstinência sexual, silêncio, banhos, confissões, recitações de salmos, meditações e etc... Tudo isso visa fortalecer e purificar a vontade do operador, e a colocar sua alma,  seu espírito e seu corpo em sintonia  com a obra que será empreendida.
 
As Consagrações: Todos os objetos, inclusive o " templo" onde ocorrerá a operação devem ser consagrados. A consagração constitui-se de fórmulas mágicas que visam impregnar luz astral nos determinados objetos e sintonizá-los com toda a atmosfera que será eventualmente formulada.
No ato da consagração, o operador contribui com sua própria energia na imantação e fixação, seja por meio de fórmulas mágicas, visualizações, três sopros sobre o objeto e etc...
Éliphas Lévi diz: " Quanto maior importância e solenidade se atribui a consagração dos Talismãs e dos pentáculos, maiores virtudes adquirem, como se deve compreender pela evidência dos princípios que estabelecemos." (Dogma e Ritual de Alta Magia)
Desse modo, podemos supor que a consagração visa abrir um canal de energia simpática com as esferas astrais, e ao longo do tempo os objetos consagrados tornam-se ainda mais "carregados" pelo uso constante, e conseqüentemente mais sintonizados fisicamente e astralmente.
Além disso, objetos ordinários, dependendo do tipo de eventos que sofrem, absorvem mais ou menos energia. Assim, muitos objetos, até mesmo roupas, canetas, camas e etc... ficam impregnados com energias tanto do ambiente como de seus usuários. Podem transmitir ( que pode ser percebido por sensitivos) boas ou más energias, em grande ou pequena quantidade. Isso explica também o fenômeno da psicometria (onde o sensitivo toca o objeto e vê fatos que se sucederam ao mesmo). Portanto, a consagração visa também purificar as energias desses objetos e protegê-los das más influências do ambiente. Muitos ocultistas dão preferência aos objetos novos que nunca foram usados antes.
 
O Círculo Mágico: O círculo mágico, de também vital importância, é a proteção do operador.
Como já foi dito anteriormente, ele não é arbitrário, e segundo o Mago Daniel, se não for confeccionado corretamente, não proporcionará a devida proteção. Papus ensina : " toda a operação mágica deve ser executada na área de um círculo que representa a vontade do operador e que isola este de toda má influência exterior. Está aí a própria base da magia cerimonial. ( Tratado Elementar de Magia Prática)  Ainda segundo esse autor, e outros ocultistas, tal círculo pode ser traçado com carvão, tinta consagrado e até mesmo com a espada mágica em momentos de urgência. A título de exemplo, analisaremos como é confeccionado o círculo mágico planetário que aparece constantemente na literatura ocultista, tal como no livro  "Tratado Elementar de Magia Prática", nas páginas 447 a 453.
 São feitos três círculos de largura de 9 pés distantes um palmo um do outro. No círculo mais externo, são colocados os nomes dos regentes dos silfos ( elementais do ar), dispostos entre as quatro direções cardeais, segundo o dia planetário. Um desses nomes acompanha o título "Rex", que denomina o Regente Superior. Assim, temos, por exemplo, para a segunda-feira, os seguintes regentes: Abuzaha entre o Leste e o Norte; Mistabu entre o Norte e o Oeste; Bilet entre o Oeste e o  Sul ; e Arcan Rex entre o Sul e o Leste. Esses nomes correspondem ao dia específico da segunda-feira como já foi dito. Sua função é que os silfos são elementais, e elementais são entidades parcialmente físicas e astrais, cuja utilização pelo operador contribui para a materialização das entidades evocadas . São eles que permitem a formação dos coagulatos, por terem esse tipo de energia naturalmente.
O círculo do meio, ao que indica muitas obras ocultistas, é destinado ao nome do espírito planetário que se pretende materializar. Além disso é colocado: o nome da hora, nome do anjo da hora, o selo do anjo da hora, o nome do anjo do dia, o nome da estação, nome do mês planetário e do ano planetário (essas referências variam entre os livros, e para se ter o original, é claro que é necessário conseguí-lo por meio de uma Ordem autêntica, e tais referências aqui descritas servem apenas para ilustrar).
Assim, o Arcanjo da segunda-feira é Gabriel (regente da lua), e seu nome é colocado no círculo, acompanhado das inúmeras outras considerações ( anjo da hora,  mês planetário, a fase lunar e etc..) . Este círculo corresponde ao plano astral .
No círculo mais interno correspondente ao plano de espiritual, são colocados quatro nomes divinos, divididos por cruzes. Ele simboliza a autoridade espiritual e a união do operador com vontade divina; e deste modo representa a presença da divindade para a proteção do operador.
Tais nomes divinos são escolhidos mediante o objetivo da operação.
E por último, no interior do círculo, é traçada uma reta de Leste a Oeste, em cujas extremidades são escritos o alfa e o ômega; e uma reta de Norte a Sul; que simboliza o quaternário hermético.
 
Para finalizar, basta dizer que ao redor do círculo, são dispostos 4 pentagramas que servem também para afastar intervenções indesejáveis. Além disso, é traçado um triângulo equilátero fora do círculo; e que é destinado para a aparição dos coagulatos perceptíveis a visão física.
 

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