O Que Está
Escrito? - Agosto
de 2000
[Prazeres
Transitórios] [Estudo
Textual: Efésios 3:1-21 O
Mistério de Cristo]
[Imitemos
Bons Homens] [O
que quer dizer "filho do homem"?]
Imitemos
Bons Homens
A perspectiva de Deus sobre tudo é
diferente da do homem. Por isso, ele avalia as pessoas de modo diferente
do homem. Por exemplo, no final do período dos juízes, o povo de
Israel clamava por um rei que lutasse nas suas batalhas. Deus lhes deu primeiro
o tipo de rei que eles desejavam: um moço alto, bem apessoado, que era filho de
um guerreiro (1 Samuel 9:1-2). Ainda que o povo ficasse exultante com este
homem, Saul (1 Samuel 10:23-24; 11:14-15), ele se mostrou ser um desastre
espiritual. Então, Deus escolheu um rei de acordo com seu próprio coração (1
Samuel 13:14), e mandou Samuel a Belém para ungi-lo. Samuel disse a Jessé que
o novo rei seria um dos seus oito filhos, mas o escolhido entre eles surpreendeu
a todos. Deus selecionou este moço, Davi, porque o Senhor "não vê
como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração"
(1 Samuel 16:7). Deus olha as pessoas de modo muito diferente dos homens.
Quando nos tornamos cristãos, precisamos chegar a compartilhar da perspectiva
do Senhor sobre as pessoas, uma vez que esta é uma parte do sermos novas
criaturas em Cristo. Paulo escreveu: "Assim que, nós, daqui por
diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos
Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo" (2
Coríntios 5:16). As pessoas não devem mais ser avaliadas de acordo com a
carne; isto é, nem riqueza, nem raça, nem habilidades, nem inteligência, nem
personalidade, nem eloqüência, nem qualquer coisa externa é o critério que
devemos usar para julgar outros. Afinal, na base das características carnais,
Jesus seria julgado como um fracasso.
Costumamos usar aqueles por quem temos alta estima como modelos para nossas
vidas; portanto, devemos usar o padrão correto para avaliar os outros. Paulo
exortou os filipenses a imitarem as pessoas certas (Filipenses 3:17-18). João
descreveu Diótrefes, um homem egoísta e arrogante, e descreveu Demétrio, um
homem de excelente caráter. Entre suas descrições destes dois, João
escreveu: "Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom"
(3 João 11). Quem são os nossos modelos de conduta?
Em 2 Coríntios, Paulo descreveu os falsos mestres de lá e escreveu
extensivamente sobre seu próprio ministério. Os dois eram radicalmente
diferentes. As descrições de Paulo dos falsos irmãos e suas afirmações
sobre si mesmo nos dão um modelo a evitar e um exemplo a ser seguido.
Os Intrusos
Observe as características dos falsos mestres em 2 Coríntios:
Œ Eles
tinham orgulho da aparência (5:12). Eles exibiam impressionantes cartas de
recomendação (3:1) e prosperavam na eloqüência do discurso (11:6), mas
ignoravam a fundamental mudança de coração. Hoje em dia, muitos ficam
impressionados pela impecável roupa de um pregador, seu estilo dinâmico, sua
autoconfiança, mas freqüentemente pensam pouco na sua pureza, humildade e devoção.
Eles
eram fanfarrões. Eles se ofereciam como o padrão e então se congratulavam
por terem sido bem medidos! (10:12). Neste jogo idiota de auto-elogio Paulo
disse que ele nem mesmo se aventuraria a se colocar na mesma classe. Eles se
orgulhavam das igrejas que Paulo, realmente, tinha estabelecido. Eles
valorizavam uma presença autoritária e se engrandeciam com visões e revelações
que declaravam ter recebido (12:1-6). É comum os falsos irmãos de nossos dias
nos dizerem como são grandes e que coisas maravilhosas têm feito. Talvez
tenham medo que não notemos se eles não nos informarem.
Ž Eles
exigiam dinheiro. Paulo não permitia que os coríntios o pagassem, e este
espírito desprendido tinha feito com que os intrusos parecessem cobiçosos. Por
isso eles começaram a insinuar que Paulo sabia que não era um apóstolo real,
pois se o fosse estaria cobrando por seus serviços. Eles queriam
desesperadamente conseguir que Paulo também exigisse pagamento, para que eles não
parecessem tanto com os exploradores que eram (11:7-12). Pedro advertiu que
falsos mestres gananciosos estavam vindo, que explorariam seus seguidores com
falsas palavras, de modo a rechear suas carteiras de dinheiro (2 Pedro 2:1-3).
Naquele tempo, como agora, esses pastores ávidos de dinheiro fazem com que o
caminho da verdade seja difamado.
Eles eram rudes e insultantes. Paulo estava admirado de como os coríntios
respondiam à maneira agressiva deles: "Tolerais quem vos escravize,
quem vos devore, quem vos detenha, quem se exalte, quem vos esbofeteie no
rosto" (11:20). O exibicionismo deles, o desdém, o abuso que estes
homens descarregavam sobre os coríntios parecia impressioná-los. Quantos
pastores de nossos dias são igualmente insultantes e tirânicos? Que contraste
com a mansidão e gentileza de Cristo! (10:1).
Eles pervertiam a mensagem do evangelho (11:3-4). Era como se eles pensassem que
o evangelho lhes pertencia, e que no interesse em aumentar a margem de lucro e a
participação no mercado, eles poderiam barateá-lo para "vender seu
peixe" (2:17). A verdade é que ninguém tem direito a alterar a mensagem
para torná-la mais agradável (4:2). Todo mestre deve ser julgado por sua
fidelidade na proclamação da mensagem como Deus a revelou, sem absolutamente
nenhuma alteração. Os falsos mestres raramente encorajam a comparação
cuidadosa de sua mensagem com a palavra de Deus.
Paulo
Œ O
ministério de Paulo foi caracterizado pelo sofrimento. Vezes e mais vezes,
Paulo fala de suas provações e aflições (1:3-11; 4:7-12; 6:4-10; 11:23-33).
Muitos, hoje em dia, pensam que pobreza, tribulação e doença são sinais do
julgamento de Deus. Mas, de fato, estas coisas eram parte integrante da vida de
Paulo, como servo do Senhor. Ele imitava Jesus, que morreu e depois foi
ressuscitado. Ele sempre levava consigo "no corpo o morrer de Jesus,
para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo" (4:10).
Mesmo quando Paulo se sentiu forçado a gabar-se para ganhar a atenção dos
ouvintes entre os coríntios, ele se jactava de seus sofrimentos (11:23-33) e
ressaltava experiências humilhantes. Paulo acreditava que a grandeza da glória
de Deus era engrandecida quando seu evangelho glorioso era carregado por
humildes e frágeis seres como os apóstolos (4:7).
Paulo serviu em fraqueza. Ele não procurou dominar e tiranizar seus
"filhos" na fé porque ele via a si mesmo como um servo (4:5). Seus
oponentes exploraram sua mansidão, acusando que ele podia escrever ousadamente,
mas era fraco na confrontação cara a cara (10:1, 8-11). Paulo chegou a se
gloriar da sua fraqueza, pois era deste modo que ele imitava o Senhor (12:9-10;
13:3-4). Há muitos, hoje, que pensam que os ministros deviam ser poderosos símbolos
de sucesso. Humildade e paciência não têm valor; linguagem bombástica e
autodomínio são o que importa. Pelos critérios mundanos de sucesso, tanto
Paulo como Jesus foram fracassos.
Ž
Paulo foi sincero em sua obra porque ele sempre se lembrava a quem estava
realmente servindo: o Senhor (1:12; 2:17). Uma consciência de que ele estava na
presença de Deus dava o tom para sua vida e trabalho (2:17; 4:2; 5:11). O temer
a Deus eliminará o comprometimento e o egoísmo na pregação. Isso impediu
Paulo de oferecer curas superficiais para os males espirituais deles.
Paulo era ousado em sua pregação (3:12). Desde que ele sabia que sua mensagem
era de Deus, ele a anunciava tão aberta e diretamente quanto possível. Ele
escreveu: "...e assim nos recomendamos à consciência de todo homem,
na presença de Deus, pela manifestação da verdade" (4:2). Essa
é uma excelente definição de pregação verdadeira, porque ela precisa
simplesmente mostrar a verdade e apelar para a consciência do ouvinte.
Paulo ensinava outros em amor. Ele tinha passado dezoito meses ajudando
pacientemente os coríntios a aprender o evangelho (Atos 18:1-17). Mas, com a
chegada dos falsos mestres, eles tinham começado a duvidar da integridade de
Paulo. Uma barreira tinha-se levantado quando eles começaram a questionar a
confiabilidade dele em fazer planos de viagem, suas credenciais para pregar, sua
falta de sucesso mundano, etc. Teria sido fácil para Paulo ter-se sentido
ferido e se retirado. Em vez disso, ele abriu mais ainda seu coração e
arriscou mais rejeição. Ele implorou aos coríntios que fossem igualmente
abertos a ele (examine 6:11-13; 7:3).
Aplicações para nós
Œ
Precisamos examinar cuidadosamente as características que Paulo demonstrou e
imitá-las, e temos que evitar as atitudes manifestadas pelos intrusos. Em
nenhuma outra carta Paulo abre seu coração como o faz em 2 Coríntios. Sua
transparência nos dá oportunidade para entender realmente seus motivos e
atitudes e para imitar sua transformação, tanto externa como internamente.
Precisamos examinar aqueles que nos ensinam. Podemos (embora não devemos)
aceitar e até preferir professores que exibam as características dos intrusos
coríntios. As cabeças dos coríntios estavam voltadas para estes homens.
Alguns dos mais carismáticos, eloqüentes e encantadores professores são
falsos. Nossa falta de discernimento pode levar-nos a ser desencaminha-dos por
eles. Cuidado!
- por Gary Fisher
D80
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