Bom Jesus da Lapa

(Genildo Mota Nunes)



Ó Lapa, querida Lapa,
Ó Lapa do Bom Jesus!
Em cada esquina um pecado,
Em cada pedra uma cruz!

Escorrem das pedras tuas,
Lágrimas todas de Deus.
No silêncio destas ruas
Há muito dos sonhos meus...

Porque a fé é uma pedra
Tão dura quanto a Verdade,
Também é rosa que medra
No calor desta cidade.

Ó Lapa, querida Lapa,
Ó Lapa do Bom Jesus!
Em cada estrada uma vida,
Em cada vida uma luz!

Tua noite é uma criança,
Olhando a lua vadia
Que, misteriosa, dança
No negro céu da Bahia.

"Meteoro", "Terremoto",
Teu "Penhasco", teu "Quintal",
Tua vida, teu devoto,
Nada no mundo há igual.

Ó Lapa, querida Lapa,
Ó Lapa do meu amor!
Em cada bar um jardim,
Em cada mesa uma flor!

Meia-noite. Passa, à toa,
Um simples vulto, (quem sabe?)
Ave noturna que voa
No espaço de quem lhe cabe...

Quem a viu e quem a ama
Guardou da ardência do fogo
A força viva da chama
Que sempre foi vida em jogo.

Ó Lapa, querida Lapa,
Ó Lapa do Bom Jesus!
Em cada gruta uma história
Que a todo cristão seduz!

Quero as tuas sensações
Nas asas fortes do vento
Que me traz as emoções
De te ver em pensamento.

Quero teu mundo cristão.
Quero teu clima profano.
Quero fazer-te canção.
Quero te ver todo o ano.

Ó Lapa do bom amigo!
Ó Lapa da mulher bela!
Ah, Lapa, guardo comigo
A tua brilhante estrela!


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