Nos teus olhos a tristeza
Encerra muitas verdades
De castelos, de cidades,
De plebeus, de realeza.
Nos teus olhos de perdiz
Mora o medo, a inocência.
Também mora a inconseqüência
Nos teus olhos de perdiz.
Nos teus olhos o desejo
Tem a força da semente
Que germina indiferente
A todas coisas que vejo.
Nos teus olhos de manhã
Há orvalho pela relva.
Há mil pássaros na selva
Dos teus olhos de manhã.
Os teus olhos de criança
Têm o sabor natural
De ferir feito punhal
Se outros olhos te alcança!
Nos teus olhos infantis
Há mil sonhos peregrinos
E traços de desatinos,
Nos teus olhos infantis.