Saio de um poema
bato a porta do meu coração
e aspiro os aromas da brisa
como se fora um náufrago
que
após a tormenta
olha no céu as estrelas
Saio de um poema
desapegado de tudo
sem acentos
sem
pontos
sem nada que diga
aonde eu devo ir
quando eu devo
chegar
Saio de um poema
como um cão vadio
sem eira
nem beira
sem dono ou coleira
ou coisa formal
que fale de
escola
que diga baixinho
“é ele e os outros”
Saio de um poema
perdido na bruma
vagando nas
ruas
mendigo de sonhos
beijando as estrelas
que vejo em teus
olhos
Saio de um poema
da forma como entrei:
S-O-Z-I-N-H-O!