Soneto do Desejo

(Genildo Mota Nunes)


Se, à luz da primavera, os teus cabelos,
Perfuma o vento estranho e diferente,
Apaixonado sonho, incontinenti,
A posse louca e terna de um dia tê-los!

Tê-los sob beijos, que desejo quente!
Ao roçagar das carnes, pêlos sobre pêlos,
Na agonia morna, tonto de desvelos,
Cada vez mais fundo e profundamente...

E os estertores hão de ser estrelas,
Gotas de orvalho, pingos da vertente
Libertos nas aragens do teu gozo...

E os teus dois olhos hão de ser janelas
Abertas ao prazer, eternamente,
Verdes olhos teus ao me ver esposo.


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