COMUNHÃO
ESPÍRITA CRISTÃ
O conceito anterior,
a respeito do qual o processo da
reencarnação do ser objectiva expungir
os males praticados, pagar os erros
cometidos, ressarcir as dívidas
pretéritas, cede hoje lugar a uma visão
mais dinâmica e menos punitiva desse
recurso indispensável à evolução.
A dor é
mecanismo natural do fenómeno da Vida e
não apenas imposição rectificadora.
Certamente, em
muitos casos torna-se pedagoga e
terapêuta para ocorrências e pessoas,
conclamando estas últimas à reflexão,
ao amadurecimento, à correcção e ao
aprimoramento dos actos.
Nem sempre,
porém, é resultado dos erros passados,
mas também o é dos sucessos naturais da
escalada evolutiva.
O amor, sim, é
lei da Vida, trabalhando o indivíduo
para o desdobramento e
consciencialização dos valores que nele
jazem em germe.
A
reencarnação é impositivo do
progresso, que faculta o crescimento do
espírito, propiciando-lhe a
identificação e a assimilação dos
relevantes objectivos a que está
destinado.
Através dela,
quando equivocado, se recupera; quando em
indisciplina, se reeduca; quando em
deficiência, se aprimora, adquirindo
sempre experiências novas, que incorpora
ao íntimo património de natureza
intelecto-moral.
O resgate dos
erros e dos crimes cometidos, dá-se,
não apenas, mediante o sofrimento, mas
igualmente através de realizações
edificantes, dignificadoras que o amor
proporciona.
Graças à
reencarnação, o espírito calceta
desperta para a realidade da sua vida
imortal e termina por compreender a
grandeza do ensejo que lhe é facultado,
aprendendo que as realizações positivas
possuem os recursos para diminuir-lhe a
carga perniciosa das realizações
infelizes, que lhe pesam na economia da
evolução moral.
Face ao
arrependimento, quando alguém se
consciencializa do mal que praticou,
predispõe-se à expiação do delito,
isto é, ao inevitável sofrimento dele
decorrente, assim encorajando-se para a
reparação.
Essa
reparação não se restringe apenas à
área do erro, ou da pessoa a quem se
haja prejudicado, mas à própria como à
Consciência cósmica, afinal, à Causa
Essencial da Vida.
Dessa forma, à
medida que o ser se leva, menos penosa se
lhe torna a marcha, por compreender o
significado da oportunidade do
renascimento na carne, ampliando-lhe o
elenco das actividades dignificadoras,
que lhe facultam melhores disposições
para o avanço, para o crescimento
ilimitado.
Os impositivos
da dor-resgate ocorrem nas faixas mais
primárias da evolução, da
consciencialização pela falta de
sensibilidade do ser para aperceber-se
das vantagens do bem, enquanto transita
nas experiências mais automatistas.
Assim, a
fatalidade do sofrimento na Terra cede
espaço para uma visão nova da Justiça
Divina, que proporciona o descobrimento
dos tesouros do bem ao alcance de todos
quantos se resolvem pela mudança de
atitude, transferindo-se dos impulsos da
violência, do orgulho, do amor-próprio,
para as bençãos da pacificação, da
humildade, da solidariedade, do bem que
podem fazer.
A cada
instante, dessa forma, modifica-se o
destino, altera-se a rota evolutiva,
ameniza-se a aspereza da marcha,
alargando-se a paisagem da
auto-iluminação.
A criatura não
mais se sente infeliz, graças à alegria
pessoal de ser útil; não mais se
apresenta solitária, em razão de ser
solidária; não mais se insurge contra
as provocações, por saber valorizá-las
em favor da renovação do entendimento;
não mais se molesta com os problemas,
pois que dispõe dos meios para
solucioná-los, predispondo-se a fazê-lo
imediatamente...
Cada hora
constitui-lhe precioso investimento que
passa a aproveitar com sabedoria, e não
pára a relacionar dificuldades porque
reconhece que ao superá-las
experimentará os impulsos que o promovem
a patamares mais altos na escalada
ascencional.
A
reencarnação, embora portadora de
objectivos de depuração, é, também,
meio saudável de conquista da beleza, da
saúde, da plenitude.
Graças a ela,
nada se perde, quando útil e
providencial, assim anulando as acções
perturbadoras e fazendo cessar os seus
efeitos danosos, onde se demorem.
Propicia a luz
da reparação que dissipa todas as
sombras da mágoa, da rejeição e do
ódio.
A dor, assim
colocada, igualmente constitui lição,
que alguns Espíritos elegem, a fim de
ensinarem àqueles portadores de menores
resistências como comportar-se, quando
incursos nos seus estatutos
providenciais.
Tais foram os
exemplos de muitos Espíritos Nobres como
Sócrates, Estêvão, Francisco de Assis,
Teresa dÁvila entre outros, e,
sobretudo, Jesus, o Ser mais perfeito que
jamais transitou na Terra, nosso Modelo
ideal e Guia seguro.
Vianna de Carvalho
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 07 de Agosto de 1995, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador-Bahia, Brasil)