Assim eu desejaria o meu primeiro poema
Que tivesse a aspereza das palavras complexas
e menos usadas
Que fosse gélido como o orvalho
de inverno
Que fosse comum ao ser inspirado
ou expirado
Verossímil como grafite, diamante
que não sabe brilhar
Tendo a força dos doentes terminais,
cheios de esperança,
Matéria-prima do sonhar.
Queria amar uma vez somente
E ao amanhecer ver o sol brilhar
Sonhar com lábios ardentes,
Meu amor vertente
Com sua pele macia e oleosa
Amar e viver, viver por amar
Sentir que tudo não acaba
Lutar, transpirar.
E quando a tarde chegar
Tocar seus dedos enrugados
Junto aos meus encalados
Num banco de praça qualquer
Ver o poente do sol
E quando brilho do sol se esvair
E seu rosto no meu tocar
Assistir àquela cena tantas vezes
repetidas
Para sentir o amor na veia
Veneno
Com o qual quero morrer
De mãos dadas.
Olha o poeta
Um velhinho na cadeira de balanço
Na parede diplomas
Mago das palavras
Feiticeiro sem caldeirão
Cozinhando versos
Temperando poemas
Jovem é aprendiz
Só sabe picar legumes
Queimar arroz
Destemperar guloseimas
Mais um Chico trabalhador
Chico Buarque
Chico Cesar
Chico jardineiro
Que canta na sua viola
Lindas melodias de Cartola
Humilde semi-analfabeto
Poeta.…
Em toda sua glória.
Como é que é José
?
Tá faltando amor no mundo ?
Mas ama-se o objetivo
Ama-se o dinheiro
Ama-se a ordem, as leis
Como é que é José
?
É amor por pessoas ?
HAAA, existe o amor próprio !!!!!
Olha quanta feminista lutando por si mesma
Tem tanta gente querendo seus direitos
O sexo é livre hoje
Pode-se amar qualquer um
Como é que é José
?
Cadê o Lirismo ?
HAAA, isso é passado !!!!!
Amar os outros, amar a família
?
Pare com isso !!!!!
O futuro é um clone biônico.
Metal não precisa de poesia, precisa
de óleo lubrificante....
A chama da minha vida se apagou,
Sem saber por que acabou,
Por mais que eu queira;
Queira amar, tudo apagou, cessou
A luz daquele olhar luminoso
Hoje se encontra vazio e morto
Não há anjos no telhado,
todo molhado;
Não há servos nem escravos
Não há vazio
Tudo me parece branco e pálido
Daquele de quem não está
apaixonado,
Mas não se esquece de amar
Não há tristeza nem lhegado
Não há carinhos ou amassos
Não há vazio
Procuro no passado a chave, o pecado,
O mal que não foi cortado
Sem chorar declaro;
Já estive apaixonado.
Na penumbra de uma noite comum
Vi duas lindas luzes ao longe
Gêmeos olhos castanhos, no alto
da sacada
Amêndoas de sonhos e ilusões
Neles cabiam todas as estrelas e a Lua
As quais ela lia sem cessar
E as estrelas sorriam, para sua atenção
chamar
Chama na terra com véu de luar
Se seu beijo acalenta meu coração
quer amar
E passa o tempo mesmo não querendo
Só para te olhar, simples sonhar
Mas a noite é fria e sombria
Já é hora de se deitar
Vá pois a sonhar
E o grilo a tritrilar e a cigarra a zizilar
Te vejo amanhã, vá descansar
E essa tez rósea, linda, cuidar
Com ciúmes do anjo que vai te guardar
Ponho a cabeça no travesseiro
E começo a chorar.
Quando a luz se apaga
E aquele travesseiro pesa toneladas
Minha cabeça parece uma prensa
Olho pela janela as estrelas,
Sozinhas, nunca deixaram de brilhar
Toda poesia transcreve e toda musica diz;
Aqueles sentimentos de uma alma
Só é uma palavra pequena
demais
Dor tão insignificante quanto só
Tão longe da Terra elas ficam,
as estrelas
Se amar só dá dor
O que é só ?!!!!!
O que é dor ?!!!!!
Sempre quis esquecer
E só esquecido fui
Só não consegui te esquecer
E só restou para mim
Palavras insignificantes que não
dizem nada
Estrelas de solidão no escuro do
céu
Palavras, imagem de um sentimento
Se não posso viajar nas palavras
Fico aqui olhando estrelas
E pensando de forma insignificante
Com medo de amar
Na solidão de um dia descobrir
Que aquela estrela já não
existe mais.
Por que o mundo é tão difícil
Aqueles que amam estão à
margem
E os que só vivem se encontram
no topo
Ainda por cima sou um escravo
Escrevendo para estes bestas lerem
Achando que tem amor no coração
Ajudo a manter este marasmo infernal
Nestes poemas sem graça, sem rima,
sem musica
E falam de beleza, de crises
De punk, de comunismo
Anarquia é não ter ninguém
Loucura é continuar sozinho
E os dias sempre passaram
Mesmo com versos idiotas
Pois tenho um coração
Empurrando meu rançoso sangue artéria
abaixo
Sou feio e chato
Quem não é ?
Mesmo que nunca encontre ninguém
Meu nunca dura linhas
Repletas de frases chatas
E volto para a cela
Mais duas chibatadas
Não fiz o serviço direito
hoje.
Ouvires, falaste tanto de nada
Como os violões chorando pela frase
rimada
Sabes por que tanto lamento?
Não olharam os anjos do telhado,
sorrindo para a criança
Vida louca, perdida na lama,
Esquecida no caos por esperar apenas amor
Parecem que esqueceram da vida para sonhar
Hoje acordei do sonho
Descobri que o amor que não me
quis
Foi o que mais me amou
Amar é insano como pedras no caminho
Tantas vezes te derruba e você insiste
em cair
Queria misturar os tempos, esquecer a
cronologia
Não ter que falar para pessoas
que não se defendem
Sepulturas de pedras e recordações
E as palavras amigas de todos
Continuam no limbo, sem querer acordar
Única razão pela qual se
sonha ao se escrever
Não se sabe como acordar os versos
E as palavras riem para você como
crianças
E sua voz de autoridade é ignorada
Chinelos não adiantam nessas horas
Elas parecem estar flutuando
Pula-se mas não as alcança
Você cria neologias e logo aprendem
a voar
Tenta capturar espécies raras e
não consegue
Sua sala de troféus é vazia
Então descobre o quão ecológico
está sendo
Deixa elas lá, em paz
Vai dormir, a folha em branco
Sonha e aprende a voar no sonho
Fica amigo das palavras
Acorda e esquece tudo
Volta para a folha
Escreve sobre si mesmo
Do amor que nunca aprendeu
Te esqueceu e foi imperfeito no pretérito
Acha que faz poesia
Esquece de amar
Como os mais velhos mestres
E as molas do cuco rangem sem fim,
No obscuro de sua ignorância
Acredita que palavras não sabem
amar.......
A noite
É o horário certo
É na noite que as poesias nascem
É na noite que as lembranças
florescem
É na escuridão que a vergonha
desaparece
Talvez seja a Lua
Talvez sejam as estrelas
Mas alguma coisa brilha em você
Como o mais puro sonho
E quando você tem sono
A mão agitada se guia sozinha
E as palavras vão florescendo
E enchendo a página de magia
Nem sempre boa
Nem sempre ruim
Talvez o sereno
Talvez o orvalho
O escuro protege
E sua criatividade caça livremente
Como predador em busca da vítima
A hora certa
É a ultima hora do dia
Você não precisa ter medo
de se ofuscar
Na noite é fácil brilhar!