PURO CANTO (25) Bendito o que ideou o primeiro jardim do mundo. E benditas as mãos inumeráveis que multiplicaram os jardins do mundo. Os jardins, filhos da natureza e do espírito. Os jardins, em que as árvores insignificativas da floresta tomam posturas humaníssimas de melancolia e de êxrase. Em que as águas insignificativas da planície se transmudam em canais sonhadores. Em que os rudes caminhos do vale e da montanha se geometrizam em curvas que são como os serenos pensamentos. Bendito o que ideou o primeiro jardim do mundo e os que semearam pelo mundo as manchas de sombra fresca e de beleza dos jardins inumeráveis . . .
PURO CANTO (29) Põe outra vez em tua cabeça a coroa de avenca, meu Amor ! Toma outra vez aos teus ombros o cântaro de água fresca . . . Vem comigo outra vez pelos claros caminhos, meu Amor. A beleza do mundo continua. O sentido divino da vida continua. Não é verdade que eu tenha deperecido, nem que tenhas deperecido, meu Amor. Põe outra vez em tua cabeça a coroa de avenca, que é a juventude eterna. Toma outra vez aos teus ombros o cântaro de água fresca, que é a pura e doce alegria. E vem comigo outra vez pelos claros caminhos, pelos nossos caminhos de sempre, meu Amor . . .<