A promessa de envio de nova expedição, não foi cumprida e freqüentemente repeliam com vantagem os ataques de Matias de Albuquerque, e como conseqüência disso, estabeleceu-se entre os dois adversário uma trégua em suas hostilidades, que sofria alguma alteração quando da chegada de algum reforço de alguma parte. A esquadra de socorro tão esperada, entrou em Pernambuco em formatura comandada por Adriaan Janszoon Pater e Marteun Thijssen para garantir a paz e atacar navios espanhóis e portugueses. Neste período em Madri foi organizada uma armada sob as ordens de Antônio Oquendo para dar proteção as frotas espano portuguesa e levar para a Cidade da Bahia homens de combate e armas, e sem encontrar oposição das tropas holandeses o Comandante Oquendo chegou a Bahia de Todos os Santos.
Imediatamente o governador holandês encarregou Pater de navegar ao encontro da esquadra inimiga e provoca-lo ao combate, no dia 11 de Setembro de 1631 supondo que o adversário era inferior em forças, Pater ordenou aos seus comandados que tomassem ao ataque, em vista da superioridade numérica dos espanhóis, diversos capitães holandeses se detiveram em combater ao inimigo, mas o heroísmo de Pater e Thijssem salvara a honra dos holandeses, eles se lançaram a luta contra as duas naus capitaneia espanhola, seguindo-se uma luta mortal aonde o seu navio foi posto a pique e ele Pieter achou a morte nas ondas, neste momento Thijssem se empenhava em luta com o vice-almirante espanhol Valecilla, após horas de batalha, com grandes perdas para ambos os lados, com Thijssem navegando direto para Recife, aonde a noticia do resultado da batalha naval já havia chegado, temia-se que os espanhóis agora viessem atacar a Cidade de Recife por mar e por terra. |
E este temor cresceu quando Waerdenburch recebeu a notícia de que
Oquendo havia desembarcado na Paraíba o Conde Bagnuoli, bem como o destacamento de tropas
destinado a Pernambuco, todavia o almirante espanhol não se sentiu mais disposto a travar
nova batalha, e com isto os seus navios tomaram o rumo das Índias Ocidentais, dando
comboio a uma frota com carregamento de prata. E desta batalha naval a Corte de Madri
festejou como uma grande vitoria de suas armas e o Rei Philippe IV mandou cunhar uma
medalha comemorativa sobre o fato, adornada com a sua efígie e no reverso mostrava
sanção subjugando o leão holandês. Para o posto de Pater foi Marten Thijssen nomeado e
o fizeram fazer parte do conselho Político da Companhia da Índias Ocidentais,
imediatamente Thijssen tomou as devidas providências contra qualquer ataque por parte dos
espanhóis e organizou um serviço de vigilância da costa norte brasileira entre a Bahia
e o Recife.
E como a luta em terra ameaçava a se degenerar em uma interminável guerra, o que tornava
para os holandeses uma situação insustentável por muito tempo a posse de Olinda, então
Waerdenburch tomou a iniciativa de retirar suas tropas de Olinda e concentra-las em Recife
e em Antônio Vaz.
Em uma expedição a Ilha de Itamaracá, situada a cinco milhas do norte de Recife o Tenente Coronel Steyn Callenfels encontrou na ilha dentro da mata a vila da Conceição muito fortificada, e em vista do pequeno número de suas forças de desembarque Steyn Callenfels não levou adiante o seu desejo de ataca-los, rumou com suas tropas para uma ilha defronte, na extremidade sul de Itamaracá, onde construiu o Forte Oranje que serviria de base para futuras operações militar cujo comando foi dado para o Capitão Arthichofsky. |
As cartas recebidas do conselho dos XIX solicitava ao governador em Recife, mais ofensivas em suas realizações, este fato levantou em Recife uma indignação muito grande pois todos perceberam a razão solicitada; porque em sua anciã de lucros para a Companhia das Índias Ocidentais, os seus diretores não se apercebiam que estavam exigindo o impossível, pois as forças combatentes de que dispunha o governador no momento era insuficiente para defender a cidade de Recife e ao mesmo tempo tomarem a ofensiva da luta, pois os novos soldados vindo da Holanda dificilmente se adaptavam ao clima tropical, mal davam para preencher as faltas produzidas pelas enfermidades ou mortes, todavia Steyn Callenfels continuava com as suas investidas, porém tinha que admitir os seus fracassos contra a Paraíba e o Rio Grande do Norte devido a vigilância dos portugueses que lhe impuseram consideráveis perdas, como também ao ataque por ele empreendido em principio de 1632 ao sul da capitania de Pernambuco ao Cabo de Santo Agostinho, que era o principal ponto de apoio dos inimigos e de onde era embarcado o açúcar para a Espanha. O Almirante Waerdenbuch analisando os feitos realizados, verificou que contra as frotas da Espanha e Portugal nenhum dano apreciável poderia ele causar, e que as Índias Ocidentais lhe oferecia melhor campo de ação, com isto resolveu o almirante rumar para o mar das Caraíbas, deixado uma guarnição para a defesa da costa brasileira.
Com sentimentos muito discordantes contemplava o governo holandês a respeito do futuro, foi quando em 20 de Abril de 1632, a situação começou a se inverter para o lado dos holandeses, quando o trânsfuga Domingo Fernandes Calabar um mulato de Recife que havia estudado com missionários jesuítas na capitania de Pernambuco tornando-se posteriormente senhor de terras e de engenho de açúcar e que havia servido sob as ordens de Matias de Albuquerque e se distinguindo na defesa de Pernambuco, conhecedor profundo da região conflagrada pediu para ser admitido aos serviços da Companhia das Índias Ocidentais com ele os holandeses ganharam um excelente aliado; como guia das tropas contra os segredos das guerrilhas brasileiras e também a sua ligação com outros descontentes. |
Aconselhado por Calabar os holandeses em Maio de 1632
atacaram a Cidade de Iguaracú na qual se encontravam refugiados os ricos negociantes
emigrados de Olinda, apesar da brava resistência oferecida foi impossível para os
portugueses manter a posse de Iguaraçú, pois com a sagacidade de Calabar os holandeses
agora atacavam de norte a sul por mar e por terra de Pernambuco nas aldeias, fazendas e
plantações de cana de açúcar com isto os portugueses ficaram perplexos pelo modo como
os holandeses estavam utilizando os seus métodos de lutar em guerrilhas.
Cautelosamente Duarte de Albuquerque donatário de Pernambuco começou
a sondar a situação, e em contato com a Companhia das Índias Ocidentais indagou se os
holandeses gostariam de entrar em entendimento para evacuação da região ocupada por
eles, mediante um pagamento a titulo de indenização no valor de mil caixas de açúcar,
imediatamente a Companhia das Índias Ocidentais formulou a contra proposta, em que sob
condições Matias de Albuquerque poderia entregar aos holandeses a Capitania de
Pernambuco. Em principio de 1633 chegava em Recife Mathijs Van Ceulen diretor da Câmara
de Amsterdã e Johan Gijsselingh diretor da Câmara Holandesa os mesmos vinham
encarregados pêlos diretores da Companhia das Índias Ocidentais para tratarem da
melhoria da administração civil e militar da Companhia das Índias Ocidentais em Recife,
imediatamente eles transmitiram para o Major Laurens Van Rembach o comando em chefe das
tropas de terra que ordenou a construção do Forte Prins Willen a sudoeste da Ilha de
Antônio Vaz e decidiu que fosse tomado de assalto o Arraial de Bom Jesus poderosamente
fortificado no meio da várzea, todavia os portugueses sabiam do valor do arraial para
eles, por isto deixaram os regimentos de Rembach guiados por Calabar que através de
caminhos tortuosos chegarem perto das muralhas e romperam de suas artilharias um forte
ataque sobre os holandeses que na luta sofreram pesadas baixas inclusive do seu comandante
o coronel Rembach que foi substituído por Schkoppe, logo que assumiu ao cargo efetuou uma
bem sucedida investida contra a Ilha de Itamaracá com o apoio do Forte Orange onde obteve
uma vitória extremamente fácil sobre o denodado Salvador Pinheiro, deste fato a Ilha de
Itamaracá passou a ser de propriedade da Companhia das Índias Ocidentais. Favorecidos
pela perícia de Calabar, continuavam os holandeses em suas investidas acrescentando em
suas conquistas o Rio Formoso e o Afogados, Itamaracá, a Capitania da Paraíba e a
Capitania do Rio Grande do Norte, onde por ocasião de seu desembarque recebeu a ajuda do
Chefe Indígena Tapuia Jandubi que lhe prometeu amizade e apoio contra os portugueses,
nesta ocasião os holandeses já dominavam todo o trecho compreendido entre a Capitania do
Rio Grande do Norte e a Cidade de Recife, contudo os portugueses ainda resistiam
bravamente no Arraial de Bom Jesus e no Forte de Nazaré que fora erguido pelo Conde
Bagnuoli. Matias de Albuquerque em expedição retirou-se para Serinhaém pequeno porto na
costa sul de Pernambuco de onde podia hostilizar os holandeses com mais vantagem.
Contudo em 8 de Junho de 1635 o Arraial de Bom Jesus foi tomado pêlos holandeses como também o Forte de Nazaré e em 3 de Julho Matias de Albuquerque com sua tropa em marcha para o sul nas imediações de Porto Calvo já dominado pêlos holandeses deparou com um contingente inimigo comandado por Alexandre Picard que entre os quais se encontrava o traidor Calabar, Matias de Albuquerque contando com o auxilio de um morador da região Sebastião do Souto, que fingira passar para o lado dos holandeses convenceu ao Comandante Alexandre Picard a atacar as tropas de Matias de Albuquerque pelo fato do mesmo não possuir muitos homens sob o seu comando. Picard caiu na cilada e pouco depois os holandeses se rendiam em Porto Calvo a Matias de Albuquerque, com Calabar preso e posteriormente julgado e condenado a forca. |
Matias de Albuquerque então partiu para Alagoas que naquela época pertencia a Capitania de Pernambuco e em Novembro de 1635 entregou a chefia das tropas de resistência a Dom Luiz de Rojas y Borjas, Duque de Ganja; e de acordo com ordens recebidas partiu para o reino onde vitima de intriga, foi preso e processado, libertando-se somente com a restauração da Monarquia portuguesa em 1640. No ano de 1635 Pedro da Silva como Governador Geral do Brasil Espanhol-Portugues e Rojas y Borjas armou uma esquadra e partiu para Porto Calvo aonde se encontravam os regimentos de Aritchofsky em posições bem entrincheiradas, e ao amanhecer do dia 17 de Janeiro de 1636 junto a Mata Redonda se deu o início a uma batalha campal, que terminou com as tropas espanholas comandadas por Luiz de Rojas y Borjas vencidas e com ele morto em combate, e para o seu lugar foi nomeado o Conde de Bagnuoli que retomou o sistema de guerrilhas nas zonas açucareira de Pernambuco e na região da Paraíba com o auxilio de Henrique Dias, Sebastião do Souto, Francisco Rebelo, André Vital de Negreiro, Felipe Camarão e outros oficiais que fizeram com que os holandeses se retirassem da região.
Os Comandados do Conde Bagnuoli percorreram as Capitanias de Pernambuco, Itamaracá e Paraíba e suas passagens por estes lugares foram assinaladas por fazendas arrasadas, engenhos de açúcar e canaviais em chama. E quanto mais gravemente estas lutas afligia a Nova Holanda, mais claro se tornava aos dirigentes em Recife que este estado de coisa não podia continuar, a Companhia das Índias Ocidentais para isso precisava cuidar da colônia conquistada de um modo diferente ao adotado até então, pois faltava na colônia uma mão firme para manter a coesão de tudo. |