IGREJA NO BRASIL HOLÂNDES
Após a conquista de Olinda em 1630 os comandantes holandeses em
obediência as recomendações dos diretores da Companhia das Índias Ocidentais,
procuraram tratar amigavelmente aos habitantes, especialmente ao clero para evitar que
fossem interpretados como intolerantes, pois não cogitavam impor aos portugueses a
doutrina da reforma e nem se apoderarem dos bens da Igreja Católicas Romana, com isto
eles pretendiam captar a simpatia dos habitantes da cidade. Na esquadra de Loncq chegaram
em Pernambuco alguns capelães militares protestante porém Ceulen e Gijsselingh
solicitaram aos diretores da companhia que remetesse para Pernambuco pregadores que
falassem a língua inglesa e portuguesa e a partir de 1635 os serviços divinos estava
organizado nas capitanias de Pernambuco, Itamaracá e Rio Grande do Norte porém o
espirito de tolerância já não era o mesmo, pelo fato de que entre os pregadores em
exercício no Brasil haviam verdadeiros fanáticos que passaram a aracar a Igreja Romana e
seus padres e monges chegando ao ponto de pedir ao conselho político que proibissem a
atividade dos membros das ordens jesuítas e franciscana por suas atividades
insidiosas, os quais tiveram a satisfação de ver as suas acusações comprovadas quando
espiões do governo holandês interceptaram algumas cartas de sacerdotes jesuítas e
franciscanos, dirigidas para o governador português na Bahia que se comprometiam a
fazer quanto pudessem para desferir um golpe mortal nos protestantes que haviam se
implantados no norte do Brasil, pêlos fatos o conselheiro Wilheln Schotte escreveu a
metrópole holandesa, que tomaram a resolução de afastar violentamente de Pernambuco
todos aqueles que pertencessem a ordem dos jesuítas e dos franciscanos ou que fossem
delas apenas simples amigos; padres e frades foram presos e enviados a Holanda
conservando-se apenas no Brasil o capataz dos franciscanos. O principal dos jesuítas
quando chegou a Holanda apresentou aos Estados Gerais um protesto contra o tratamento
indigno que fora dado aos seus irmãos de ordem, como os incêndios praticados pêlos
holandeses em Pernambuco em seus conventos de Olinda e os seqüestro dos bens particulares
dos padres e das lavouras e plantações da ordem.
Nesta época todos os padres protestantes que exerciciam o seu ministério,
pertenciam como membros ordinários do conselho eclesiástico recifense do qual também
faziam parte como deões diversos, escavinos, oficias, agricultores, comerciantes bem como
treze conselheiros políticos e que se reuniram pela primeira vez en 16 de Dezembro de
1636 para deliberarem sobre a criação de novas paroquias nas capitanias do norte e em
deferentes fortes afastados de Recife e em 3 de Março de 1637 tornaram a se reunir para
elaboração de uma proposta a ser apresentada ao governador da Nova Holanda, para combate
as violências decorrentes das guerras que ia se alastrando e deliberaram pela
organização dos estatutos que iria reger em todas a colônia.
A introdução do regime eclesiástico calvinista e a disciplina da igreja com a propagação dos livros religiosos e o empenho pela participação da comunidade nas celebrações eucarística em muito contribuiu em Recife e em outros lugares, para que a vida religiosa tomasse grande desenvolvimento, a conversão dos grupos indígenas figurou como primeiro plano no interesse geral dos pregadores e deões pela propagação do poder holandês no Brasil com o pregador David Van Doorenslaer e seus auxiliares. |
O Governador Maurício de Nassau sabiamente tão tolerante em referência ao catolicismo passou a sofrer pressão de Synodo que queria restringir a liberdade da pratica religiosa que gozavam os católicos no Brasil Holandês pêlos fatos de existir na colônia três ordens religiosas; Franciscanos, Carmelitas e Beneditinos que com o decorrer dos anos se tornaram grandes plantadores de cana com o auxilio de numerosos escravos e pelo fato dos portugueses de se entregarem ao catolicismo e desconhecer ao calvinismo, e aos judeus que também recebiam o mesmo tratamento e que os negros escravos por sua falta de religiosidade nunca iam a igreja, e que entre eles quando das suas vendas pêlos senhores de engenhos os casais eram separados e que a prostituição e o adultério entre os negros escravos eram fatos corriqueiros e normais e que eles eram obrigados a trabalhar aos domingos e por estes motivos solicitaram ao governador que assinasse um edital estampando os males por eles apontados e que estabelecesse severos castigos aos infratores.
Pelas medidas coercitivas solicitadas por Synodo contra os católicos Maurício de Nassau não queria nem ouvir falar, pois estes atos de força eram contrários aos seus princípios religiosos e poderiam trazer novas perturbações a colônia, porém satisfez parte de suas solicitações, por isto determinou que todo senhor de engenho concedesse aos seus escravos completo descanso de trabalho nos domingos e em dias de festas e que fossem induzidos a freqüentar as igrejas. Os teólogos calvinistas em seus trabalhos de evangelização encontraram nos portugueses e nos pagões muita resistência para serem convertidos, porém Dionysius e Kempius realizaram com grande sucesso entre os indígenas os seus trabalhos de catequeses. |
Para os diretores da Companhia das Índias Ocidentais pouco importava a salvação das almas dos indígenas, o que para eles mais interessava era manter os índios fieis aos governantes holandeses na colônia, e manter neles o ódio contra os portugueses, pois desta maneira poderiam manter a calma e a tranqüilidade que seria benéfica para os holandeses em Recife e em conseqüência para a indústria açucareiro, porém em Outubro de1638 a situação começou a ficar intranquilizadora na colônia devido a descoberta de uma conspiração movida pêlos Franciscanos, Carmelitas e Beneditinos cujo plano seria o de introduzir o espirito de uma rebelião nas tropas inimigas, em vista dos fatos ocorridos o governador do Brasil-Holandes mandou recolher quarenta frades na Ilha de Itamaracá aonde foram condenados, julgados e e deportados da colônia. Porém devido aos protestos apresentados ao Governador Maurício de Nassau pelas Câmaras de Escabinos da Paraíba e do Rio Grande do Norte, que alegaram o decreto de anistia de 1634, insistiram para que ele usasse de forma branda e perdoasse os frades pertencentes a estas capitanias, em vista das solicitações recebida Maurício de Nassau concedeu a liberdade de vinte frades e os demais foram desterrados para as Índias Ocidentais e proibidos de retornarem ao Brasil, por causa destes fatos o governador assinou um decreto proibindo a celebração de procissões e estabeleceu que os serviços religiosos praticados pêlos católicos somente poderiam ser realizados nas igrejas.
Porém logo após a partida de Maurício de Nassau em 1644, os padres católicos começaram a construir por toda colônia capelas e cruzeiros e passaram a formar procissões sob o protesto de cortejo fúnebre, e a cada dia chegava a colônia um maior número de padres jesuítas vindos da Bahia e da Europa com a finalidade de desistabilizar a autoridade e o prestigio dos governantes holandeses e da igreja protestante. |
Os Conselheiros Bas, Hamel e Bullestrate eram demasiadamente muitos fracos
para resistirem as pressões exercidas pelo clero enfurecido e devido aos acontecimentos
reinantes, eles concordaram em apertar as proibições impostas aos católicos, porém
não podiam impedir o retorno dos banidos que voltavam para Pernambuco e que fossem
acolhidos por agricultores amigos.
A divisão do consistório protestante em duas câmaras e a partida de oito
sacerdotes para a Holanda, fez com que os calvinistas perdessem forças para execução de
qualquer plano eficaz contra os padres católicos e isto muito contribuiu para a
formação da Revolução Pernambucana que trouxe uma grande tempestade, com a guerra que
em 1645 se desencadeou sobre a colônia e com os avanços das forças dos patriotas veio
acabar com as divergências religiosas, pois os ministros protestantes no sul de
Pernambuco e em muitas capitanias do norte, ante a aproximação dos revolucionários
escaparam para Recife de onde embarcaram para a Holanda.