OS PRODUTOS DA TERRA

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    O açúcar e as madeiras de tinturarias já no fim do século XVI constituíam como principais artigos de exportação do norte brasileiro ao lado do fumo e couros. Os portugueses após a descoberta do Brasil em 1530 com Martins Afonso de Souza trouxe para o Brasil as primeiras mudas de cana de açúcar da Ilha da Madeira que foram plantadas na capitania de São Vicente onde foi construído o primeiro engenho de açúcar com o nome de Engenho do Senhor Governador e por volta de 1538 trazido pelo donatário de Duarte Coelho de Albuquerque começou a plantar na capitania de Pernambuco e devido ao sucesso a sua cultura, começaram a incentivar as construções dos engenhos de açucaras engenhos com o apoio financeiro dos comerciantes portugueses, e logo o plantio da cana de açúcar se estendeu a todo o recôncavo baiano. E com o grande sucesso logo se estendeu por toda a orla litorânea nordestina do Rio Grande do Norte até Alagoas. Rapidamente Pernambuco se tornou a capital açucararia do Brasil, por este motivo foi que os holandeses se lançaram contra Pernambuco aonde se fixaram em 1624 por intermédio da Companhia das Índias Ocidentais com o desejo de se apoderarem dos rendimentos produzidos pela nova atividade econômica luso-brasileiras.
   Em 1630 desabou a guerra com todos os seus horrores sobre a cultura do açúcar, com a invasão dos soldados holandeses os canaviais e os engenhos de açúcar foram entregues as chamas pelas tropas portugueses em fugas. Em 1635 foi proposto que a Companhia das Índias Ocidentais assumisse o monopólio e administração do plantio da cana de açúcar e auxiliasse os plantadores com auxilio financeiro devido ao triste cenário das culturas da cana de açúcar em Pernambuco com canaviais e engenhos de açúcar incendiados e pela falta de boi e com as fugas dos escravos. Com o passar do tempo e o sucesso da armada holandesa a região açucareira das várzeas não tardaram em ficar fora da zona de destruição, porém os engenhos situados nos recôncavos continuavam a sofrer as invasões dos bandos predatórios de Henrique Dias e Felipe Camarão que faziam com que os grandes proprietários fugissem para procurar abrigo na Bahia, as perdas eram tantas que sem o auxilio da Companhia das Índias Ocidentais não se podia pensar em uma restauração da agricultura da cana de açúcar e devido a estes abalos sofrido a indústria do açúcar do norte brasileiro jazia por terra. Tudo mudou quando o Conde Maurício de Nassau tomou em suas mãos o governo da Nova Holanda e com grande esforço trouxe de volta os portugueses proprietários de grandes culturas de cana de açúcar aos quais foram aferidos para comprarem em hasta pública os engenhos confiscados pela Companhia das Índias Ocidentais. Do profundo golpe que a guerra havia desferido sobre a terra e a cultura do açúcar porém em pouco tempo diversos engenhos já se achavam em condições de produzir açúcar e com isto em 1 de Junho de 1637 Gijsselingh cheio de Jubilo anunciava por uma carta aos diretores de que a venda em hasta pública dos engenhos confiscados se tornara animadora para nova safra de açúcar. E nesta época em Pernambuco se empregava dois tipos de engenho de açúcar; os engenhos de água e os engenhos de tração animal, geralmente ocupavam o centro do terreno da plantação e em seu redor erguia-se as vivendas dos senhores de engenhos e as casas dos empregados e dos seus escravos, geralmente eram compostos de cento e vinte a cento e cinqüenta pessoas brancas e de cor e geralmente eram localizados nos vales junto aos rios situados entre montes de altura mediana aonde a cana crescia magnificamente. Os senhores de engenhos costumavam distribuir a cultura da cana de açúcar entre os seus lavradores que eram recrutados entre os pequenos colonos das mais variadas nações da Europa que tinham que cuidar do plantio e tratamento da cana de açúcar em um determinado número de pedaço de terra chamado de "partido" em seu sitio o lavrador plantava a cana com os escravos cedidos pelo senhor do engenho, e os colonos no tempo da colheita eram obrigados a entregar para ser moída as quantidades estipuladas pêlos senhores do engenhos, trabalhando noite e dia um engenho de animal podia moer de vinte e cinco a trinta e cinco carros de cana de açúcar e o de água de quarenta a cinqüenta carros, que para isto necessitava o lavrador de quatro a oito carros e alguns bois e da produção bruta entregue para moagem o lavrador recebia dois quintos e o senhor de engenho ficava com três quinto da produção.

Havia alguns colonos que conjuntamente com o trabalho que eram obrigados a efetuar para os senhores do engenho, também cultivavam por conta própria pequenos pedaços de terras por eles cedidos, e com permissão de moer a cana no próprio local da plantação e vender aos comerciantes de Recife.

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    Mesmo com Maurício de Nasssau a frente do governo de Pernambuco, os comerciantes e os agricultores viviam eternamente com medo, de que a fúria incendiaria dos rebeldes em um só golpe destruíssem toda a esperança de uma boa safra, que fora duramente atingida no ano de 1640 nas capitanias da Paraíba, Itamaracá e sul de Pernambuco por Luiz Barbalho em sua retirada do Rio Grande do Norte. Devido a esta investida o Governador Maurício de Nassau ordenou que fosse organizado um sistema de proteção aos plantadores de cana de açúcar, em alguns casos o sistema surtiu o efeito desejado; e mandou que os proprietários de engenhos retalhassem as suas plantações, de modo que em caso de incêndio, não perderiam totalmente as plantações e assim ganhava tempo na perseguição dos bandos inimigos. Com o armistício celebrado em Portugal em 1641 veio trazer mais tranqüilidade aos agricultores em Pernambuco, porém a guerra da independência pernambucana veio novamente desferir outro duro golpe sobre a cultura do açúcar que nesta época eram trazido dos engenhos para serem vendidos nos comerciais da colônia, o comércio se dava na praça aonde eram oferecidos pêlos produtores aos compradores da Companhia das Índias Ocidentais e aos comerciantes livre e todo o açúcar vendido eram obrigados a serem repesados na balança oficial do governo da Nova Holanda e a sua cotação era feita em Xelins holandês, e após a expulsão dos holandeses do Brasil a indústria do açúcar se desenvolveu extraordinariamente quando da criação da Companhia Geral do Comércio de Pernambuco e Paraíba e da vinda da família real para o Brasil os engenhos de açúcar não somente condicionou uma sociedade agrária como foi o grande elemento de fixação do homem a terra e estimulou aos povoamento.

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      Ao lado da indústria do açúcar, nesta época também se exercia na Nova Holanda em grande escala a fabricação de doces cristalizados do gengibre, das laranjas, das cidras e outros mais que eram feitos nas fazendas e que quase toda a produção era consumida no país.

A cultura do fumo tinha a sua agricultura restritamente cultivada em Alagoas e nas regiões do Rio São Francisco, devido a qualidade das folhas produzidas que não tinham condições de serem comparadas com as produzidas nas Índias Ocidentais, foi que levaram aos holandeses nunca se importarem por esta cultura porém as madeiras de tinturarias foram um dos artigos mais importante para o comércio holandês – comumente chamado de pau brasil, a sua cultura se dava de dez a doze milhas do mar em matas serradas, a arvores e constituída de muito galhos e ramos com folhas pequenas e pontudas de cor verde escuro que produz uma madeira vermelha de seis a sete metros de altura aproximadamente e dela era extraída uma substância corante chamada brasiliana e a sua comercialização era de total monopólio da coroa de Portugal, tempo depois nos meios comerciais recebeu o nome de Madeira de Pernambuco pelo fato da mesma ser extraída nessa capitania e de ser exportada pelo porto de Recife para a Europa.

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Quando dos primeiros navios holandeses que regressaram a Holanda após a ocupação do norte do Brasil e levaram as primeiras amostras para os comerciantes de Amsterdã em pequenas quantidade, que foram crescendo em conseqüência das abordagens que os navios corsários holandeses praticavam em cargueiros inimigos, a pirataria praticada na época já não mais satisfazia as necessidades do mercado holandês, por isso o Conselho Político ordenou a direção da companhia que arrendassem a derrubada das arvores tintureiras a pessoas competentes as quais foram distribuídas concessões para as matas de Pernambuco, Itamaracá, Paraíba e Rio Grande do Norte que eram obrigadas a entregarem madeira em toros de sete a nove pés com um diâmetro de um braço; as madeiras extraídas em Pernambuco eram de melhor qualidades em corante do que as extraída no Rio Grande do Norte e elas só poderiam ser vendidas para a Companhia das Índias Ocidentais porém o seu contrabando era praticado em largas escala com comerciantes livres, nesta época também se exportava em pequena escala do norte do Brasil para a Holanda o pau de jacarandá, cepos de pau campestre.
    A pecuária na Nova Holanda teve o seu desenvolvimento no sul de Pernambuco e no Rio Grande do Norte que foi o maior fornecedor de rezes para consumo de seus moradores, e que sem bois de trabalho os plantadores de cana jamais poderiam manter em atividades satisfatória a fabricação de açúcar, e por ordem do governador ficou proibido o abate de bois mansos e de novilhos e mandou abaixar o preço da carne fresca para que os criadores não vendessem os seus bois para os matadouros e sim com os plantadores de cana de açúcar e sem sua ordem nenhum gado em pé podia ser exportado do Rio Grande do Norte.

 

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