Livro: "Uma Escola Muito Especial"

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Uma Escola Muito Especial

 

          A Escola Especial Antônio Francisco Lisboa  foi  objeto de um estudo que resultou na elaboração do livro que estamos lançando em novembro de 1999.

           Trata-se se uma escola estadual, no Rio de Janeiro, que recebe, atualmente 68 alunos portadores de múltiplas deficiências, com idades entre 12 e 35 anos. Cerca de 80% do quadro de professores desta escola é graduado em 3º grau, com especialização na área de deficiência mental.  A escola  possui 10 salas das quais 5 são utilizadas como salas de aula permanentes, 5 são destinadas, respectivamente,  a atividades de música e leitura, artes, psicomotricidade /brinquedoteca e informática educativa.

            Atualmente  a comunidade escolar divide a responsabilidade de administração da escola com a diretora e uma coordenadora pedagógica. O projeto político pedagógico prioriza duas áreas de trabalho: a educação de jovens e adultos portadores de deficiência mental / auditiva e deficiência mental / visual; e a educação de menores portadores de deficiência mental com características autistas e/ou psicóticos, apostando no desenvolvimento de suas potencialidades e investindo no processo para a conquista das mesmas.

             A escola dispõe de um Centro de Estudos onde regularmente o corpo docente tem a oportunidade de discutir as questões pertinentes à rotina do trabalho pedagógico  buscando, através de leituras ou de palestras proferidas por convidados, a atualização dos referenciais teóricos e respostas aos problemas comuns da área de trabalho.

               Um dos motivos que nos levaram a desenvolver este trabalho foi o fato desta escola ser, dentro da rede estadual, no município do Rio de Janeiro, a única a desenvolver um trabalho dirigido especialmente a esta parcela da sociedade no que diz respeito às características de faixa etária e nível de desenvolvimento. A maioria das outras escolas recebe prioritariamente os de faixa etária entre 12 e 17 anos e dificilmente matriculam crianças com características psicóticas.

              Com o discurso de inclusão é comum depoimentos que renegam a importância das escolas especiais por acharem que são segregativas e empobrecedoras; justificando que estas pessoas, com necessidades especiais, seriam mais estimuladas no convívio em salas de classes comuns. Este não é o nosso ponto de vista no que se refere aos alunos da Francisco Lisboa, cuja maioria é oriunda de escolas regulares que não têm, ainda, a estrutura necessária para lhes oferecer atendimento às suas necessidades educativas especiais, já que além da deficiência mental são portadores de deficiência auditiva e /ou visual somadas a distúrbios de conduta.

                 Em nosso estudo foi possível avaliarmos como o implemento da “idéia inclusiva”; sem que houvesse um planejamento adequado que: previsse a capacitação de professores das classes regulares,  que houvesse uma campanha de esclarecimento social e a adequação dos prédios escolares; criou uma menosvalia  da escola especial trazendo , por conseqüência  um verdadeiro descaso com este ambiente de trabalho e marginalizando a sua produção de  conhecimentos.

                 No livro apresentamos alguns casos de  alunos que sofreram as conseqüências deste processo de inclusão feita de forma irresponsável e abrimos o debate para que a ética profissional seja uma rotina na educação.  

                                                                                                                                                                             As autoras

 
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