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Como fazer poços rasosISSN 0104‑4176 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Pró‑Reitoria de Extensão Como fazer poços rasos (cisternas) e uso de cloradores por difusão Francisco Cecílio Viana5ª edição Brasília, 1995 CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência oTecnologia Banco de Soluções,, número 32 "Como fazer poços rasos (cisternas) e uso de cloradores por difusão". ©1988 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pró-Reitoria de Extensão. Coordenadoria de Programas Comunitários. Francisco Cecílio Viana. Direitos desta edição cedidos ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). Coordenação editorial: Margaret de Palermo Normalização e revisão: Edith Lima e Francisco de Paula Leiaute da capa, capa e arte‑final: Carlos T.D. BrasilProgramação visual: Carlos; T.D. Brasil Editoração Eletrônica: Cláudia Regina Rossi
. IBICT ‑ Instituto Brasileiro de Informação em Ciência o Tecnologia SAS, Quadra 5, Lote 6, Bloco H 70070‑000 Brasília, DF Tel. .: (061) 217‑6161 Fax: (061) 226‑2677 Telex: 612481 CICT BR CGC: 33.645.83110023‑41 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Pró-Reitoria de Extensão ‑ Av. Antônio Carlos, 6627 ‑ Reitoria ‑ 6º andar 31270‑010 ‑ Belo Horizonte ‑ MG APRESENTAÇÃO0 CNPq/IBICT dá continuidade à "Série Banco de Soluções" acrescentando às cartilhas anteriormente publicadas, títulos nas áreas de saneamento e habitação. A referida série faz parte das ações de difusão de tecnologias de baixo custo que o IBICT vem realizando por meio do Subprograma de Informação Tecnológica/Projeto Rede Nacional de Transferência e Difusão de Tecnologias Apropriadas do Programa de Apoio às Tecnologias Apropriadas ‑ PTA, coordenado pelo CNPq. 0 Projeto Rede Nacional de Transferência e Difusão de Tecnologias Apropriadas objetiva apoiar atividades de capacitação tecnológica e tem como finalidade principal estimular maior intercâmbio entre os institutos de pesquisa, as universidades, os organismos não governamentais, as prefeituras municipais, as comunidades de base e o povo em geral para retomar ações que permitam à tecnologia contribuir para a diminuição da taxa de desemprego, a criação de empresas e o desenvolvimento social. Parcerias com diferentes entidades detentoras de tecnologias vêm permitindo a realização e difusão da "Série Banco de Soluções". SUMÁRIO Prefácio 1 Aproveitamento das águas de poços rasos e nascentes 1.1 De onde vem a água de poços rasos? 1.2 Qualidade das águas dos poços rasos 1.3 Cuidados na construção de um poço raso ........... 1.4 As águas subterrâneas podem contaminar‑se? 1.5 Outras recomendações importantes 1.6 Nascentes ou minas 2 Desinfecção da água de cisterna com cloradores por difusão 2.1. Por que desinfetar a água? 2.2.0 que é um clorador por difusão? 2.3.Como colocar o clorador na cisterna? 2.4.Qual quantidade de água pode ser desinfetada? Quanto tempo o clorador pode ficar dentro do poço? 2.5.0 cloro que sai da água faz mal às pessoas? 2.6. 0 clorador custa muito caro? 2.7. Como trocar o clorador? 2.8.Considerações finais 3 Uso dos cloradores por difusão (guia do instrutor) 3.1.Quais são as funções do instrutor ? 3.2.Como preparar o clorador? 3.3.Como aplicar o clorador? 3.4.Qual quantidade de água a ser desinfetada? Qual o tempo de permanência do clorador dentro do poço? 3.5 Avaliação do cloro liberado 3.6 Custo do clorador. 3.7 Recomendações finais Tabela ‑ Quantidade de água na cisterna de acordo com a altura da água e o diâmetro do poço . PREFÁCIO A presente cartilha contém instruções sobre cuidados necessários na construção de poços rasos, captação de águas de nascentes e aplicação de cloradores por difusão na desinfecção dessas águas. 0 processo de desinfecção da água de poços rasos, utilizando o clorador por difusão, originou‑se da experiência junto à comunidade de Bom Jardim, município de Ibirité, Minas Gerais, com a participação de professores, alunos, funcionários da UFMG e apoio da Pró‑Reitoria de Extensão. A experiência, largamente difundida e implantada em vários municípios brasileiros, tem contado com apoio e participação das comunidades, apresentando resultados bastante satisfatórios. Para melhor eficiência deste trabalho, é importante que a comunidade participe efetivamente, recomendando‑se, também, a constituição de uma comissão de saúde para coordenar as atividades. Neste sentido, incluímos nesta cartilha ‑ capítulo 3 ‑ informações básicas para o instrutor, que, eleito pela comunidade, coordenará todas as etapas do trabalho. Solicita‑se que os resultados obtidos em seu município sejam comunicados à Pró‑Reitoria de Extensão da UFMG, para onde podem ser enviadas sugestões para o aprimoramento deste trabalho, bem como experiências decorrentes de outros projetos de extensão. A ACEITAÇÃO E USO DAS PRÁTICAS APRESENTADAS NESTA CARTILHA DEPENDEM DA PARTICIPAÇÃO ORGANIZADA DAS COMUNIDADES. 1. APROVEITAMENTO DAS ÁGUAS DE POÇOS RASOS E NASCENTES As águas de cisternas e nascentes ‑ minas ‑ são importantes fontes de suprimento de água para inúmeras comunidades, tanto para consumo do homem, quanto dos animais. Portanto, estas águas precisam de alguns cuidados para que tenham boa qualidade higiênica. Nesta cartilha, vamos mostrar quais são estes cuidados e o que se deve fazer para que as águas de poços rasos e nascentes ofereçam boa qualidade. 1.1 De onde vem a água de poços rasos? Os poços rasos, também conhecidos por cisternas, formam‑se pelas águas de chuva, que se infiltram na terra até alcançar uma camada Impermeável, constituída de rocha ou argila. Neste local, forma‑se um lençol de água, situado, geralmente, entre 10 a 15 metros de profundidade, de onde se obtém cerca de dois a três mil litros de água por dia. 1.2 Qualidade das águas dos poços rasos
Por ser subterrânea, a água de cisterna ou de poço raso, é considerada bastante pura, pois passa por processo de filtração natural do próprio solo. Em razão dessa filtragem, as impurezas ficam retidas na terra. 1.3 Cuidados na construção de um poço raso 0 poço raso deve ser aberto longe de fossas, redes de esgoto e de locais onde há grande quantidade de matéria orgânica ou de outras fontes de contaminação e poluição. A distância entre a cisterna e estes locais deve ser superior a 15 metros. A cisterna deve situar‑se em nível mais alto em relação à fossa (figura 1). CUIDADOS GERAIS a) Escolhido o local, deve‑se escavar o solo e revestir as paredes com tijolo ou manilhão de concreto, para que não haja penetração de água de enxurrada (contaminada) e para evitar o desmoronamento das paredes da cisterna (figuras 2,3 e 4). b) Em seguida, deve‑se fazer, ao lado da parede de tijolo ou manilhão, uma escavação com 10 centímetros de largura, nos tres metros iniciais da parede. Esta escavação deve ser preenchida com concreto para impedir ainda mais penetração de água contaminada (figura 5). Se este procedimento não for possível, o preenchimento do espaço poderá ser feito com argila ou areia fina. Outra opção será fazer um anel de concreto, de aproximadamente um metro de diâmetro, ao redor da abertura do poço (figura 6). c) Para evitar a penetração de poeira, insetos e animais dentro da cisterna, deve‑se colocar uma tampa ajustada à abertura do poço. A tampa de concreto oferece melhores resultados que a de madeira (figura 7). d) Para tirar a água do poço, recomendam‑se bombas manuais ou elétricas. 0 uso de baldes e cordas pode facilitara entrada de material contaminado no poço. Se não puder utilizar a bomba, aconselha‑se o uso contínuo de cioradores por difusão (figura 7). 1.4 Água subterrânea pode contaminar-se ? Sim,, este é o grande problema que aparece quando os cuidados necessários ao se construir uma cisterna não são observados. A contaminação pode acontecer: a) quando a água de enxurrada infiltra‑se pelas paredes da cisterna (figura 8). b) quando a água proveniente de vazamento de esgotos e fossas infiltra‑se nas paredes (figura 8). c) Quando a cisterna é construída próxima a fossas (figura 9). d) Quando se usam baldes e cordas para tirar a água da cisterna. (figura. 10). e) Quando a tampa da cisterna está mal feita. 1.5 Outras recomendações Importantes: a) Exame bacteriológico Em caso de dúvida sobre a qualidade da água, deve‑se solicitar o exame bacteriológico, colhendo a água em frascos especiais, que podem ser fornecidos pelos laboratórios de análise. b) Desinfecção da água do poço A água deve ser desinfetada uma ou duas vezes no ano. A desinfecção pode ser feita com qualquer um dos produtos abaixo:
- hipoclorito de sódio a 10%: 100 centímetros cúbicos para cada mil litros de água (figura 11); - água sanitária: 200 centímetros cúbicos para cada mil litros de água (figura 11). ‑ hipoclorito de cálcio: três gramas para cada mil litros (figura 12). Obs.: Aconselha‑se, também, limpar e desinfetar as caixas de água, utilizando‑se os mesmos produtos e dosagens. Caso a cisterna não tenha sido construída de acordo com os requisitos do item 4, ainda assim é possível desinfetar sua água com emprego dos cloradores por difusão. Veja as instruções do capítulo 1 (cuidados na construção de um poço raso). 1.6 Nascentes ou minas a) De onde vêm as águas das nascentes ou minas? As águas das nascentes ou minas, também consideradas subterrâneas, afloram à superfície em determinado ponto da terra, formando o chamado molho da mina". b) Qualidade das águas das nascentes Pelo fato de se infiltrarem no terreno, as águas das nascentes passam pelo mesmo processo de purificação explicado no caso das cisternas. Porém, elas estão sujeitas à contaminação, por brotarem na superfície da terra. Assim, o principal cuidado com essas águas consiste em fazer uma boa captação. Recomenda‑se que a captação seja feita ainda no interior do lençol de água, conforme mostra a figura 13. c) Toda água de nascente é pura? Conforme foi explicado anteriormente, a qualidade da água das nascentes ou mina depende do sistema de captação utilizado. É muito difundida a idéia de que água de mina é sinônimo de água pura, mas uma água límpida não significa, necessariamente, que seja pura. d) Como fazer a captação? Quando a nascente está em terreno inclinado, a captação torna‑se mais fácil. 0 correto é fazer a captação em um sistema fechado, ou seja, captar a água antes que elaapareça na superfície. A figura 13 mostra como se faz isto. Entretanto, em alguns casos, a mina nasce em local inacessível e a captação é feita, geralmente, com mangueira de plástico. Neste caso, deve-se fazer a cloração da água na caixa central, podendo, para isso, ser utilizados os cloradores por difusão (capítulo 2). 2 DESINFECÇÃO DA ÁGUA DE CISTERNA COM CLORADORES POR DIFUSÃO 2.1 Por que desinfetar a água? A água pode transmitir muitas doenças perigosas para pessoas, especialmente para as crianças. Por isso, se uma cisterna não é construída conforme os cuidados necessários, deve‑se protegê‑la de possíveis contaminações. Deve‑se, também, desinfetar a água do poço. 0 melhor desinfetante para a água de beber é o cloro. Uma maneira prática de aplicá-lo é com emprego dos cloradores por difusão. Recomenda‑se que a adoção destes cloradores não seja feita isoladamente, mas com a comunidade, visando à melhoria das cisternas (construção, manutenção, elevação da água etc.), especialmente nas áreas onde o uso de sarilhos e baldes é muito comum.
2.2 0 que é um clorador por difusão? Clorador por difusão é uma embalagem plástica de um litro, onde se coloca uma mistura de cloro em pó ‑ hipoclorito de cálcio (340 gramas) e areia lavada (850 gramas). Na embalagem, devem ser feitas duas perfurações de 0,6 centímetro de diâmetro, a 10 centímetros abaixo do gargalo, para que o cloro possa sair da embalagem (figura 14). A função da areia é facilitar a liberação do cloro para a água. Toda vez que há bombeamento ou retirada manual da água, ocorre liberação de pequenas quantidades de cloro. 2.3 Como colocar o clorador na cisterna? 0 clorador deve ser colocado na cisterna com auxílio de um fio ou fita de nylon, que deve ser amarrado em qualquer ponto de apoio, que pode ser a própria tampa da cisterna. 0 clorador deve ficar dentro da água, com o gargalo próximo à superfície. 2.4 Qual quantidade de água pode ser desinfetada? Quanto tempo o clorador pode ficar dentro do poço? A medida indicada anteriormente é suficiente para tratar 2 mil litros de água. Quando a quantidade de água for superior a 2 mil litros, ou quando houver retirada de água do poço muitas vezes ao dia, ou seja, quando a renovação do lençol de água subterrâneo for muito rápida, poderá ser necessário mais um clorador. Cada clorador pode permanecer, pelo menos, 30 dias dentro do poço. 2.5 0 cloro que sai da água faz mal às pessoas? Não. A quantidade de cloro liberada é muito pequena (de 0,1 a 0,3 miligramas por litro). No entanto, é bom lembrar que as pessoas que não têm costume de beber água com cloro podem, eventualmente, estranhar o gosto da água clorada. 2.6 0 clorador custa muito caro? Não, ao contrário. É o sistema mais simples e mais barato de desinfeção da água de poços rasos. 0 cloro é um produto barato, a areia e a garrafa de plástico também têm custo baixo. 2.7 Como trocar o clorador? Esta discussão pode ser feita entre as pessoas da comunidade, no sentido de se encontrar uma solução simples para todos. Sempre que possível, deve‑se utilizar o posto de saúde, o sindicato, a escola ou outro local para se fazer a troca. A comunidade deve ficar atenta à troca dos cloradores. Cada comunidade deve eleger um instrutor para coordenar todo o trabalho. 2.8 Considerações finais Se você tiver uma cisterna, deve conhecer, também, os cuidados relativos à obtenção de água de boa qualidade. Antes de aplicar o clorador por difusão, é recomendável que você leia o capítulo desta cartilha. Uma Idéia que pode ser discutida em sua comunidade, como passo inicial para recuperação dos poços rasos, é a construção de manilhões de concreto, por meio de um sistema de mutirão. Para isso, sugere‑se a utilização de formas apropriadas que poderão ser produzidas pelas prefeituras e repassadas às comunidades. Você deve dirigir‑se ao posto de saúde de sua comunidade sempre que tiver dúvida sobre os cuidados necessários na construção e conservação de uma cisterna (capítulo 1), ou, ainda, para obter esclarecimentos sobre a aplicação dos cloradores; por difusão (capítulo 2). 3 USO DOS CLORADORES POR DIFUSÃO
3.1 Quais são as funções do Instrutor? a) Avaliar as condições higiênicas das fontes e reservatórios de água (cisternas, minas e caixas de água) utilizados pela comunidade. b) Coletar amostras de água para exame bacteriológico, principalmente quando a fonte destina‑se a muitas pessoas. c) Propor a criação de uma comissão de saúde pública na comunidade ou município para promover reuniões sobre saneamento básico. d) Discutir sobre a viabilidade de aplicação dos cloradores por difusão. e) Medir, quando necessário, a quantidade de cloro residual, após a aplicação do clorador. 3.2 Como preparar o clorador? a) Fonte de cloro 0 cloro deve ser adquirido na forma de pó, sob o nome comercial de hipoclorito de cálcio ou cal clorada. Consegue‑se um preço melhor quando se compra um estoque maior, suficiente para dois ou três meses. Estes produtos são vendidos, geralmente, em casas especializadas em artigos de piscina. 0 produto deve ser mantido abrigado da luz e seu teor de cloro deve estar, pelo menos, entre 10 e 35%.
b) Areia A areia deve ser do tipo lavada, livre de argila, folhas e matérias orgânicas. Não é conveniente que a areia seja muito grossa nem muito fina. É aconselhável, também, que a areia não seja procedente de córregos ou rios que recebem poluentes e contaminantes em níveis elevados. c) Tipo de embalagem A embalagem do clorador deve ser de plástico, com capacidade para um litro. Pode ser comprada diretamente da fábrica, utilizando‑se, de preferência, a embalagem de polietileno não reciclado (original). Com auxílio de um perfurador, devem ser feitos dois orifícios, opostos, de 0,6 centímetro de diâmetro, a 10 centímetros abaixo do gargalo. d) Como preparar a mistura Proteger as mãos com luvas ou embalagem plástica, porque o cloro é um pouco irritante para a pele. Pesar 340 gramas de cloro e 850 gramas de areia. Misturar bem. Com auxílio de um funil, colocara mistura na embalagem e fechar bem (figura 16).
3.3 Corno aplicar o clorador? 0 clorador deve ser amarrado a um fio ou fita de nylon e colocado na água do poço, a poucos centímetros abaixo da superfície da água. A extremidade livre do fio ou fita de nylon pode ser amarrada na própria tampa da cisterna ou em qualquer ponto de apoio (figura 17). Figura 17 3.4 Qual quantidade de água a ser desinfetada? Qual o tempo de permanência do clorador dentro do poço? A quantidade de água a ser desinfetada é de aproximadamente 2 mil litros. Para se calcular este volume, é necessário conhecer o tamanho da abertura do poço e a altura da água dentro dele. Com esses dados, verifique na tabela da página 35 a quantidade de água existente no poço. Quando há rápida renovação da água do poço, em razão de um alto consumo, é necessário, às vezes, colocar outro clorador. 0 tempo de permanência do clorador no poço deve ser de 30 dias. Caso haja persistência de cloro, este tempo pode ser prolongado. 3.5 Avaliação do cloro liberado Caso seja possível, deve‑se fazer a análise do cloro liberado após o quinto dia da colocação do clorador. Quando for necessário mais um clorador, seria recomendável fazer esta análise. Para se calcular o resíduo de cloro, utiliza‑se um pequeno dispositivo portátil, chamado cloroscópio. As instruções que acompanham o cloroscópio são muito simples e, em poucos minutos, faz‑se a determinação do cloro residual. A avaliação do cloro liberado não chega a ser obrigatória, mas, se for possível ao instrutor ou a outras pessoas aplicar este procedimento, a eficiência do ciorador será maior. Em alguns casos; pode ser necessário corrigir a posição do clorador na cisterna. Verificado isso, deve‑se proceder à correção. Pode‑se avaliar a quantidade de cloro liberada pelos cloradores por difusão em cada casa, ou apenas naquelas que necessitarem de mais de um clorador. Uma maneira prática é combinar uma data para o pessoal da comunidade analisar a amostra de água que deve ser colhida em qualquer frasco limpo, na quantidade de, aproximadamente, 100 centímetros cúbicos. A análise pode ser feita em local escolhido pela comunidade (posto de saúde, escola etc.). ‑ Nível de cloro A avaliação do nível de cloro é feita com auxílio do cloroscópio (figura 17), que pode ser adquirido em casas especializadas em artigos de piscina, geralmente, nas cidades maiores. Como já foi explicado anteriormente, não é necessário avaliar o cloro liberado na água em todas as situações. Somente nos casos de muito consumo, pode ser necessário dosar o cloro residual. A maneira de se utilizar o cloroscópio é muito fácil e basta verificar as instruções que acompanham o aparelho. 0 ideal é que o cloro esteja na quantidade de 0,1 a 0,3 miligramas por litro. Alguns cloroscópios começam com a escala de 0,5 até 1,2 miligramas por litro. 0 ideal seria adquirir cloroscópio que tenha escala a partir de 0,1 miligramas por litro. Muitas; vezes uma quantidade limiar de cloro, ou seja, abaixo de 0,1 miligramas por litro, pode ser suficiente para desinfetar a água. Essa quantidade não é registrada pelo cloroscópio, mas o instrutor pode constatá-Ia quando a parte superior da coluna de água do dispositivo tornar‑se ligeiramente amarelada, permanecendo incolor o restante da coluna. Essa leitura pode ser considerada “limiar". Basta comparar a cor amarelada que aparece logo após colocar o indicador (ortotolidina) com o padrão do aparelho 3.6 Custo do clorador 0 instrutor deve discutir com a comunidade as vantagens do uso do clorador e encontrar soluções para cobrir os custos. A comunidade deve organizar-se para cobrir as despesas, promovendo, por exemplo, feiras, barraquinhas etc. Somente com a participação de todos, consegue‑se a motivação necessária para a adoção dessas medidas. Pode‑se conseguir ajuda das .prefeituras, sindicatos e outras entidades do município. Para se ter uma idéia, o custo de cada clorador no trabalho realizado em lbirité foi de 0,06 OTN, ou seja, cerca de Cz$ 70,00 em maio de 88. 3.7 Recomendações finais 0 instrutor deve discutir com a comunidade, alternativas visando à melhoria das condições de captação e armazenamento de água. 0 capítulo 1 explica, por exemplo, cuidados sanitários sobre construção de cisternas e captação de "minas". 0 clorador por difusão funcionará melhor, quando o poço raso for bem conservado e possuir tampa bem vedada. É necessário, também, cuidar da limpeza da caixa‑d'água, bem como verificar se ela está bem fechada ou não. Toda vez que construir ou reparar uma cisterna ("dar fundo", por exemplo), é necessário desinfetar a água com hipoclorito de cálcio na dose de três gramas para cada mil litros de água ou hipoclorito de sódio a 10% na dose de 100 centímetros cúbicos, para cada mil litros de água. Neste caso, deve-se aguardar a renovação da água da cisterna para que possa ser utilizada. Em resumo, sempre que possível, deve‑se melhorar as condições gerais da cisterna ao se colocar o clorador por difusâo. Assim procedendo, o clorador irá aumentar, ainda mais, sua eficiência. Tabela ‑ Quantidade de água na cisterna de acordo com a altura da água e o diâmetro do poço
Quantidade de água (em litros
· Valores arredondados baseados em V = 7cr2h Para se verificar o volume de água, veja, por exemplo, o caso de uma cisterna que possui quantidade de água entre 3 a 3,5 metros. Essa cisterna, se tiver diâmetro de 90 centímetros, produzirá 1 900 a 2 200 litros; com diâmetro de 100 centímetros, produzirá 2 400 a 2 800 litros e com 120 centímetros de diâmetro, 3 500 a 4 100 litros. Neste caso, seguramente, será necessário colocar mais um clorador. |