Eu, peregrino: Faço parte de uma Tradição Mágica que tem o
Grau de Mago, a Tradição de Arganthos, outras vezes chamada de Ordem de
Arganthus. O
tipo de Iniciação, Rito de Passagem deste grau é decidido pelo Mestre, cabendo a ele
estabelecer os critérios do Rito. A mim foi dito que percorresse o Caminho de Santiago, mas poderia ser
qualquer outra tarefa. Tive que garimpar informações em toda parte. Outro
ponto era a questão logística. Eu não tinha a menor intenção de uma viagem,
principalmente uma viagem à Europa e para caminhar. Na minha busca de informações
encontrei pessoas muito bem intencionadas mas que também não sabiam sobre o Caminho ;
encontrei pessoas que me prestaram preciosas informações sobre viagem à Espanha, mas
que não sabiam sobre o Caminho ; encontrei pessoas que não haviam percorrido o
Caminho mas mentiam que fizeram...isso ficava evidente quando não sabiam responder
perguntas elementares que saberiam se tivessem estado lá ; e encontrei,
infelizmente, pessoas que queriam me vender informações que nem sei se eram precisas ou
se também eram blefes. Isso me ocorreu, notadamente, com relação a essas pequenas
agências de viagens que montam pacotes estranhos acima da sua estrutura e tentam custear
suas despesas inventando taxas absurdas, e para justificá-las inventam burocracias que
não tem sentido .Inventaram dificuldades para vender facilidades. O fato é que continuei
buscando mais e mais informações, sempre fugindo dessas armadilhas (os famosos
pega-ratão) e fiz contato com pessoas e órgãos na Espanha, até estar em condições de
enfrentar a tarefa. Só depois é que vim saber que havia uma Associação dos Amigos do Caminho aqui no Brasil
que dizem prestar bons serviços aos futuros peregrinos, mas aí já era tarde, eu já havia
feito os contatos. Essa tarefa dada pelo meu Mestre, a peregrinação,
foi o que no jargão militar chamávamos de "mensagem à Garcia" ,
que é uma ordem que se dá sem o acréscimo de nenhum detalhe alem da ordem em si,
cabendo àquele que a recebe "se virar" para cumpri-la. Na ocasião
eu era militar da Força Aérea Brasileira.
Algum tempo depois eu já tinha todas as informações, o material e o preparo físico.
Este último não era problema por causa da vida militar. Fiz uso de uma licença especial
a que eu tinha direito e fui para a Espanha. Não havia nenhuma espada a ser
conquistada no Caminho porque a espada eu já havia recebido em outra Iniciação. A meta
era apenas caminhar e executar determinados rituais ao longo do Caminho. Também teria de
enfrentar provas de origem mágica que iriam criar obstáculos. A minha
peregrinação pelo Caminho de Santiago foi uma prova física, mental e espiritual. Mas
cumpri a tarefa, passei pelas provas e atingi o grau de Mago dentro da Tradição de
Arganthos.