Nada se pode
comparar contigo O ledo passarinho que gorgeia
Da alma exprimindo a cândida ternura,
O rio transparente, que murmura,
E por entre pedrinhas serpenteia:
O sol, que o céu diáfano passeia,
A lua, que lhe deve a formosura,
O sorriso da aurora alegre e pura.
A rosa, que entre os zéfiros ondeia;
A serena amorosa primavera,
O doce autor das glórias que consigo,
A deusa das paixões, e de Citera:
Quanto digo, meu bem, quanto não digo,
Tudo em tua presença degenera,
Nada se pode comparar contigo.
Bocage
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