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O PARADOXO DE NAGRADA
Tipo de sol: Binário, magnitude 5,06 - tipo espectral F6, espectro K0
Posição: Ascensão reta 19h 32m 21,5s - Declinação +69º 39' 40"
Distância da Terra: 85 anos-luz - 5,7 parsecs
Tipo de planeta: Tropical simples, linha EARSTAND habitável, tipo A-07
Às vezes me perguntam sobre os antigos safáris que eram realizados em Nagrada e eu digo que a Federação não permite mais o pouso de qualquer aeronave turística ou particular no planeta. Não que as relações diplomáticas entre Nagrada e os estados-membro da Federação estejam comprometidas. P fator que levou à proibição foi codificado pelo Conselho federativo como "Paradoxo de Nagrada". Os safáris de caça estão proibidos por causa do "Paradoxo". Aí me perguntam o que é o "Paradoxo de Nagrada" e então eu me sento e peço para que todo mundo se sente também. É que a história do "Paradoxo de Nagrada"é um pouco longa, e você só vai entendê-la bem se eu contá-la com alguns detalhes.
Em primeiro lugar, é importante saber algumas coisas sobre o planeta. Nagrada recebeu esse nome pois o primeiro humano a pisar em seu solo foi o Brigadeiro Russo Pietr Mikailovicht Blaustein. A tradução de Nagrada para o português é Recompensa. Foi realmente uma recompensa ao Brigadeiro Blaustein viajar 85 anos-luz até a estrela Arrakis, na Constelação de Draco. Arrakis é uma estrela binária de longo período, com luminosidade oito vezes maior que a do Sol. Possui também uma terceira companheira situada a 400 unidades astronômicas da estrela-mãe e com luminosidade 200 mvezes menor que a do Sol. Viajando ao mredor de Arrakis estão 14 planetas. Nagrada é o oitavo e o único com vida, classificado pela Federação como sendo do tipo A-07. Possui milhares de ilhas e apenas um grande continente. A maior parte do clima é tropical, mas há também o temperado. A vegetação é muito diversificada, assim como a paisagem. As planícies costeiras cultiváveis chegam até as montanhas centrais, que no sentido sul descem suavemente até o Grande Deserto. A maior parte dos rios são navegáveis. O maior rio de Nagrada, o "Dabul", como é chamado pelos locais, banha o oeste do continente, e leva até as densas florestas tropicais e até os pantanais Nagradenses. O interior-sul possui planaltos e savanas. O leste é uma região de grandes lagos e altas montanhas.
Os Nagradenses, que embora não valha a pena descrevê-los neste momento, convém dizer que são atrasados tecnologicamente, vivem em aldeias e possuem uma diversidade cultural enorme. Formam mais de vinte mil aldeias e espalhadas por todo o Continente principal e falam mais de 4.000 dialetos distintos.
A fauna é muito rica e diversificada, e por isso atraiu a atenção de caçadores de toda a Federação. As semelhanças escancadas com a África da antiga Terra fizeram dos humanos os principais interessados em Caçar em Nagrada.
O primeiro safári partiu da base militar da Federação número 14.809 no dia 19 de setembro de 4.975. Dois ônibus espaciais deixaram trinta e cinco pessoas, uma matilha de 18 cães Centaurianos e mais 6 toneladas em equipamentos. Eram quatro jipes, dois caminhões anfíbios e um vertijato, mais armas, munições, barracas e mantimentos. O retorno estava programado para o dia 22 de outubro. Os ônibus da Federação chegaram para o recolhimento na hora e local marcados. Não havia ninguém, Foi feita uma busca periférica. Não se encontrou ninguém. Os ônibus retornaram então, sem ninguém.
A Segunda expedição partiu cerca de 4 meses depois. Quarenta pessoas, 22 cães Centaurianos, 8 toneladas em equipamentos, contando dois vertijatos modelo Starthawk 25, fabricados em Duna por uma empresa multiplanetária de Nova-Terra. Com retorno programado para vinte e cinco dias após a chegada, este segundo safári também levou o mesmo fim do primeiro. Nenhum sinal de ninguém mais uma vez. E o mesmo aconteceu com o terceiro e com o quarto safáris.
Quando o quinto safári desapareceu, o grande caçador capitão Tang Li Po, um oficial chinês de Nova-Terra conhecido por sua ampla experiência em caçadas e safáris para captura de espécimes animais para o museu de História Natural da Federação, decidiu assumir o comando da sexta expedição. Na história, a expedição do capitão Li Po ficou conhecida como "O Grande Safári".
O Grande Safári não era grande só no nome. Era formado por uma equipe de 80 caçadores, rangers e rastreadores profissionais. Contava ainda com apoio militar de 40 elementos fortemente armados cedidos pela Federação. Nas aldeias de Nagrada contratou-se cento e sessenta guias e mais 90 animais de transporte pesado semelhantes a camelos com chifres e orelhas de burro chamados "Krilvins". De Nova-Terra ainda se trouxe vinte Dromedários, além de vinte mulas, e de Alfa do Centauro uma matilha de 40 cães rastreadores. Tudo isso e mais vinte e oito toneladas em equipamentos, sem contar os 4 ônibus espaciais, o avião de localização e a baleeira de Terra "Pequod". Desta vez os ônibus espaciais ficariam pousados em um campo improvisado. Esse campo seria guarnecido por dez soldados da Federação. O avião de localização permaneceria estacionado em um segundo campo ao lado do primeiro, e monitoraria as imagens fornecidas por 14 satélites de busca, que vasculhariam cada milímetro do continente Nagradense à procura de saobreviventes dos outros safáris. Seria guardado por cinco soldados armados com rifles manipuladores de átomos aflitas. Um tiro dele e então sim jamais se poderia ser encontrado de verdade.
Um dos caminhões possuía uma central com 18 computadores ligados em rede e com informações precisas sobre todas as espécies conhecidas de Nagrada e de outros planetas da Federação. Esse caminhão também contava com um simulador de personalidade, que baseado em informações e fotos de um animal, podia detalhar todas as suas possíveis reações. Nada poderia dar errado. "O Grande Safári" taria cabeças dos mais temidos predadores de Nagrada e resgataria todos os sobreviventes dos safáris anteriores.
Tang Li Po e seu grande safári atingiram solo Nagradense no dia 30 de janeiro de 4.978. Como todas as outras expedições, também pousaram na região das savanas. A chegadas da gigantesca equipe causou alvoroço nas aldeias próximas. Os nagradenses contratados como guias sentiam-se importantes e eram respeitados pelo restante de suas aldeias. É verdade que a tecnologia que envolvia "O Grande Safári" era respeitável e impressionante. Mas os guias Nagradenses foram igualmente importantes. A força colossal de cada um deles e o conhecimento dos hábitos dos animais foram cruciais em muitos momentos.
Entre os guias houve um que muito se afeiçoou a Li Po. Era um humanóide de longos braços musculosos, peito avantajado, quase dois metros e meio de altura e cento e sessenta quilos. Tinha a pele negra e um rosto neanderthal com antenas rígidas a brotar-lhe das sobrancelhas, grandes caninos e orelhas simetricamente pontudas. Compreendia de maneira curiosa tanto o inglês como o chinês de Li Po, embora parecesse ignorar quase totalmente o russo e o Swahili. A esse guia, o capitão Li Po chamou "Lin Chou", que significa "Floresta Atenciosa".
Depois que os quatro ônibus espaciais e o avião de localização foram acomodados nos campos de pouso e as guardas foram devidamente montadas, a expedição partiu, sempre fazendo contato com a base de partida ao final de cada dia de Nagrada. Caminhando sempre para o Norte, em direção à Nascente do Dabul, a equipe via, duas vezes por dia, os satélites que tunelavam a rota Norte-Sul naquela longitude à procura de sobreviventes das antigas caçadas. Para onde poderiam Ter ido os caçadores? E seus equipamentos? Como é que toneladas de apetrechos poderiam desaparecer pura e simplesmente? Será que tiveram algum problema? Parecia óbvio que sim.