O Existencialismo
Textos de Apoio
1
Muitas pessoas acreditam que a essência vem
primeira e a existência depois... De facto, aquele que quer construir uma casa
tem que saber ao certo que género de objecto vai criar - a essência precede a
existência... O existencialismo sustenta, ao contrário, que no homem - e apenas
no homem - a existência precede a essência. - (Sartre – “ Action”)
Se,
com efeito, a existência precede a essência..., não há determinismo, o homem é
livre, o homem é liberdade.... É o que traduzirei, dizendo que o homem está
condenado a ser livre..
(Sartre – O Existencialismo é um Humanismo)
2
Eu
não sei quem me colocou no mundo, nem o que é o mundo, nem quem eu sou ... Como não sei de onde venho também não sei para onde vou;
apenas sei que, saindo deste mundo, cairei para sempre ou no nada, ou nas mãos
de um Deus irritado, sem saber, qual destas duas condições deverei partilhar
eternamente. (...) A grandeza do homem é grande na medida em que ele se
reconhece miserável; uma árvore não se reconhece miserável... Reconhece, pois,
soberbo, que paradoxo tu és para ti
próprio. HumiJha-te, razão impotente.... e ouve do teu mestre a tua
verdadeira condição que tu ignoras. Escuta Deus. - (Pascal – Pensamentos)
3
Estamos sempre em determinadas situações. Estas modificam-se, surgem novas oportunidades; se as desperdiçamos, não tornam a oferecer-se... Há, porém, situações que se mantêm essencialmente idênticas...: tenho que morrer, tenho que sofrer, tenho que lutar, estou sujeito ao acaso e incorro inelutavelmente em culpa. A estas situações fundamentais da nossa existência damos o nome de situações-limite. Quer isto dizer que são situações que não podemos transpor, nem alterar. Na existência comum esquivamo-nos a elas muitas vezes, fechando os olhos e vivendo como se não existissem. - (Karl Jaspers, Iniciação Filosófica)
4
Não, não
vou por aí!
me levam
meus próprios passos...
Se ao que
busco saber
nenhum de
vós responde,
por que me
repetis: vem por aqui'?
Prefiro
escorregar nos becos lamacentos,
redemoinhar
aos ventos,
como
farrapos, arrastar os pés sangrentos,
a ir por
aí...
Se vim ao
mundo,
foi só para
desflorar florestas virgens,
e desenhar
meus próprios pés
na areia
inexplorada!
O mais que
faço não vale nada.
(José Régio – Cântico
Negro,
In Poemas de Deus e do Diabo)
Aqui,
diante de mim,
Eu,
pecador, me confesso
De
ser assim como sou Me
confesso o bom e o mau Que
vão ao leme da nau Nesta
deriva em que vou. .................................. Me
confesso de ser tudo Que
possa nascer em mim. De
ter raízes no chão Desta
minha condição Me
confesso de Abel e de Caím. Me
confesso de ser Homem. De
ser um anjo caído Do
tal céu, que Deus governa; de
ser um monstro saído Do
buraco mais fundo da caverna Me
confesso de ser eu. Eu,
tal e qual como vim Para
dizer que sou eu Aqui,
diante de mim! (Miguel
Torga, Antologia) |
Não,
não vou por aí! Só
vou por onde Me
levam meus próprios passos... Se
ao que busco saber Nenhum
de vós responde, Por
que me repetis: vem por aqui'? Prefiro
escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como
farrapos, arrastar os pés sangrentos, A
ir por aí... Se
vim ao mundo, foi só para desflorar florestas virgens, E
desenhar meus próprios pés na
areia inexplorada! O
mais que faço não vale nada. (José
Régio – Cântico Negro, in
Poemas de Deus e do Diabo) |