A Temática da Saudade
Filosofia – 12º Ano – Época Contemporânea
Obra: “Elementos Constitutivos… e Problemática da Saudade”
Autor: Joaquim de Carvalho .- Lisboa Editora

INTRODUÇÃO

   Integração da problemática da saudade na filosofia port. do Séc. XX:  Diversas Perspectivas

- Providencialismo de Fernando Pessoa -  (Pg.: 12, 51, 52, 53)
- Saudosismo de Teixeira de Pascoais -   (Pg.: 15, 17, 18)
- Criticismo histórico de A. Sérgio e Eduardo Lourenço - (34, 35, 40, 41, 42)
- Análise Fenomenológica de Joaquim de Carvalho -  (48, 49)

I – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA CONSCIÊNCIA SAUDOSA

1. - A Expressividade não é sua característica fundamental– (60, 61)

2. - Estado psíquico exclusivamente humano, intransferível, constituído como um Todo,  vivenciado de duas formas distintas- (61, 62)

2.1.  - o “em da saudade” : manifestações exteriores, resultantes da tomada de   posição emocional perante seres e situações: desejo, afecto, tristeza,   nostalgia, solitariedade...)

2.2.  - o “de da saudade” : análise do algo (ausência) de que se é saudoso,     constituído por três elementos: (62, 63)

2.2.1. O Ser Subjectivo ou Pessoal : constituído por um estado psicológico em que a  experiência presente se opõe à do passado e se revela com uma dimensão  afectiva inferior àquela, isto é, um estado psicológico em que a presentação é  inferior à representação.

2.2.2. Seres e Situações já vividas: conservação de situações já vividas e ligadas  emotivamente entre si, sendo por isso a consciência saudosa caracterizada  pela temporalidade (um outro tempo vitalmente vivido) e distinguindo-se da  consciência apaixonada (consciência emersa no presente imediato),  expectante ou esperançada (olhando apenas o futuro),  erma ou solitária (sem  raízes a qualquer das dimensões do tempo)

2.2.3. Correlação do Eu Pessoal com tais  Seres e Situações : A saudade nasce do  contraste entre a percepção da realidade actual desprovida de certas  qualidades e a evocação retrospectiva duma realidade vivida e que se  desejaria recuperar

Características desta Correlação: (64)

 -  Não é uma atitude racional ou científica mas contemplativa e ensimesmada
-  Refere-se a seres ausentes e situações vividas em plenitude, fortemente  emotivas e não a coisas puramente físicas
-  É uma consciência pessoalizada (ensimesmada - esse in) de uma ausência  vivida, mas também uma relação intencional com esse algo ausente (exsimesmada - esse ad) que se deseja tornar a viver

2. A Universalidade ou Particularidade do Conceito de Saudade (69, 70)
 

2.1. expressão peculiar do noroeste da Península Ibérica
2.2. designação de um sentimento mais específico dos portugueses
2.3. fenómeno essencialmente humano e universal

2.3.1. fenómeno psíquico existente em todo o ser humano (dado da psicologia afectiva)

2.3.2. fenómeno subjectivo e distinto, oposto ao riso e ao choro, constituído por uma relação  valorativa entre duas situações vividas na qual os indivíduos podem ser afectados  diversamente...

2.3.3. fenómeno analisado pelo método da descrição Fenomenológica, seja através da  análise extrospectiva (expressões poéticas  da literatura, exaltações mórbidas de  enlutados e emigrantes), seja da análise introspectiva (renúncia, nolontade,  isolamento, desejo dos bens ausentes, tristeza...), seja através da análise histórico- filosófica (ainda reduzida a Espinoza, S.Agostinho, Locke)

3. A Intencionalidade ou Correlação Intencional da Saudade : Comunicação com outras  consciências, seres e estados ausentes

            Características desta Correlação: (72, 73)

3.1.  Presentação actual duma situação indesejável (ensimesmar-se) ou e Representação duma situação vivida (exsimesmar-se ou e         novamente desejada
3.2. Valoração real e vital dos objectos ausentes e não apenas conceptual ou platónica
3.3. Existência de um ser para o sujeito e de um sujeito para o ser, isto é, um acontecimento numa consciência individualizada (“esse in”) e, simultâneamente, uma Relação intencional com o objecto ausente e desejado (“esse ad”)

 A saudade afecta a totalidade da existência – (73, 74)
 A saudade reforçou a filosofia personalista em oposição à intelectualista – (74)
 A saudade estimulou o desenvolvimento paralelo doutros probl. Filosóficos – (74, 75)

                O Professor:  José Lemos Pinto