(Introdução) |
RELIGIÃO DA GRÉCIA Antiga tinha duas características principais: era politeísta e antropomórfica. Politeísta, porque os gregos acreditavam em diversos deuses, e antropomórfica, porque os deuses tinham forma e comportamento semelhantes aos homens. A palavra antropomórfica vem do grego antropos = homem e morfica = forma. A respeito dos deuses corriam numerosas lendas cujo conjunto constitui a mitologia, e que não devem ser confundidas com a religião propriamente dita. Nessas histórias, os deuses eram descritos à imagem dos homens, com as mesmas qualidades e defeitos, as mesmas necessidades, os mesmo despeitos e invejas. O que distinguia-os dos mortais além da imortalidade era a onisciência sobre os mortais e poderes divinos relacionados a um elemento relacionado à natureza ou às artes. Isso parece estranho a quem não compreender que a religião, na Grécia, longe estava de se assentar na crença em um ser ou seres perfeitos e dignos de incondicional veneração. Os deuses helênicos eram entidades em que se acreditava mais ou menos vagamente, a quem não raro se culpava pelas infelicidades ocorridas, individuais ou coletivas. O deus de determinada cidade (como Ártemis em Esparta ou Atena em Atenas) este, sim, era respeitado da mesma maneira por que hoje se respeitam as bandeiras nacionais, por razões de Estado, por aquilo a que denominaríamos “patriotismo”. O mesmo acontecia com os deuses protetores dos lares, especialmente Hermes, a quem se erguiam, diante das casas, espécies de bustos de que provém o nome herma. Mutilar estes últimos, por exemplo, era considerado sacrilégio, pois isso constituía uma ofensa, um desrespeito aos moradores da habitação. Os gregos acreditavam que os deuses interferiam em sua vida do dia-a-dia. Por isso era preciso ganhar sua simpatia e conseguir seu apoio. Isso era feito por meio de orações, presentes (leite, mel, vinho) e sacrifícios de animais. Em honra dos deuses, eles erguiam templos e organizavam festas. Nessas festas haviam jogos e competições atléticas, procissões, espetáculos musicais e teatrais. Os mais famosos jogos gregos eram os da cidade de Olímpia, realizados de quatro em quatro anos, em homenagem a Zeus, e só podiam participar e assistir os homens. Denominavam-se Jogos Olímpicos ou Olimpíadas, e deles participavam quase todas as cidades gregas. As provas consistiam em corridas a pé, a cavalo ou em carros, luta livre, lançamento de disco, salto em altura e concursos musicais. os vencedores recebiam como prêmio uma coroa de ramos de oliveira ou de loureiro e eram aclamados como heróis em toda a Grécia. Para as mulheres, haviam os Jogos Heraeanos, em homenagem a Hera. Os gregos procuravam sempre conhecer a vontade dos deuses. Para isso, consultavam os vários sinais da natureza (presságios) ou consultavam, nos santuários, os próprios deuses. As respostas dos deuses às perguntas dos homens denominavam-se oráculos. Os oráculos eram transmitidos ao povo por intermédio das sacerdotisas, conhecidas como pítias ou pitonisas. As respostas eram, geralmente, transmitidas em termos confusos e ambíguos, permitindo múltiplas interpretações. Os antigos gregos usavam os deuses e personagens da sua mitologia para explicar os fenômenos da natureza. Assim, o Sol era um brilhante deus em luta contra a noite; quando um vulcão atirava aos ares as lavas, diziam que um gigante estava atacando o céu, e quando a erupção chegava ao fim, afirmavam que Zeus, vitorioso, o arremessara ao Tártaro. Uma tempestade significa a cólera de Posseidon e, para indicar um tremor de terra, dizia-se que Posseidon batia o chão com seu tridente. Quando o trigo, depois de passar o inverno sob a terra, surgia sob aspecto de uma erva nascente, era porque Perséfone, abandonando a tenebrosa morada, voltava ao lado da sua mãe Deméter, que é a terra coberta de colheitas; quando a primavera se vestia de flores, tratava-se da ressurreição de Adónis, etc. Inúmeras fábulas explicavam naturalmente esses hábitos alegóricos da linguagem. Cada rio era um deus, e cada regato uma ninfa. Se num trecho corriam na mesma direção é porque se amavam. Quando uniam suas águas, tratava-se de um himeneu. As catástrofes, os acidentes da vida se revestiam do mesmo aspecto na narração. A história de Hilas, arrebatado pelas ninfas, nos mostra claramente o que devemos entender pela linguagem mitológica dos antigos gregos. Quando um jornal descreve a morte de um rapaz que se afogou, diz no nosso estilo moderno: “Deplorável acidente acaba de afligir a nossa comunidade. O jovem Hilas indo de manhã bem cedo banhar-se... etc.”. Diziam os gregos: “Era tão belo que as ninfas, apaixonadas, o raptaram e levaram para o seio das águas.” Os deuses passam a vida nos festins e estão sujeitos a enfermidades. Do alto do Olimpo regulam as leis do Universo e a sua providência intervém muitas vezes nos atos dos mortais. A escolha do monte Olimpo para a morada dos deuses prova que consideravam tal montanha a mais alta do mundo. Na impossibilidade de representar os imortais eternamente suspensos no céu, dava-lhes por habitação uma montanha reputada e inacessível; não é, pois, de estranhar que os picos nevosos do Olimpo, sempre rodeados de nuvens, se tenham tornado a morada de Zeus e da corte dos deuses. O monte Olimpo, situado na tessália, perdeu todo o prestígio quando o matemático Xenágoras lhe mediu exatamente a altura, e, por ocasião da queda do paganismo, já ninguém mais lhe dava atenção; mas durante o período mitológico, era nele que se realizavam as reuniões celestes. Além dos deuses, os gregos cultuavam heróis ou semideuses. Os heróis eram filhos de um deus com uma mortal ou de um mortal com uma deusa e distinguem-se por suas brilhantes aventuras e incríveis façanhas. Cada cidade grega cultuava a memória de um herói. Os atenienses, por exemplo, cultuavam Teseu, fundador da sua cidade. Atribuíam-lhe a pacificação do país, outrora cheio de salteadores. Héracles (Hércules para os romanos), foi o herói grego mais conhecido e amado. Perseu era herói de Tirinto. Teseu, de Tebas. Lacedênomo, de Esparta. Os gregos desenvolveram uma rica mitologia, representada pelo conjunto de lendas e crenças que explicam o mundo por princípios simbólicos. fazem parte da mitologia grega as fabulosas e interessantes histórias envolvendo deuses, semideuses e mortais. Agora, você conhecerá a mitologia grega e logo após ela alguns personagens em mais ampla visão.