Em Argos vivia Io, filha do rio Ínaco, filho do Oceano. Sacerdotisa de Hera, foi amada por Zeus, que se uniu a ela, cobrindo o lugar com uma nuvem, ou assumindo a forma de uma nuvem (as formas do conto variam). Quando Hera descobriu, ele transformou Io numa vaca, que Hera exigiu lhe fosse dada, encarregando Argos, que tudo via, de vigiá-la. Argos tinha dois rostos e olhos espalhados por todo o corpo, de modo que alguns estavam sempre abertos. Zeus enviou Hermes, que adormeceu todos os olhos com a música da sua flauta, cortou-lhe a cabeça - daí que Hermes seja denominado Matador-de-Argos - roubou Io e colocou-a num rebanho. Hera, então, pôs os olhos de Argos na cauda do pavão e mandou no encalço de Io um moscardo, que a encontrou e a obrigou a errar pela terra toda, até que ela chegou ao Egito. Ali, tocada por Zeus, Io recobrou a forma primitiva, e teve um filho ao qual deu o nome de Épafo, “tocado”. Os filhos de Épafo povoaram a África e a Ásia, pois sua filha deu gêmeos a Posseidon: Agenor, que foi para a Fenícia e gerou Europa e Cadmo; e Belo, que ficou no Egito e gerou Egito e Dânao.