- Então, o que você sabe da história de Édipo? - perguntou Freud.
- É o sujeito grego que apagou o próprio velho, não é? - respondeu um detetive amigo seu.
- Que surpresa, você conhece o mito...
- Não, aconteceu de verdade, faz algum tempo. O cara era órfão e veio da Grécia direto para a máfia de Chicago.
- Estamos falando da mesma pessoa?
- Só pode ser, com esse nome. Bom, ele se queimou com o chefão e resolveu dar um sumisso nele para virar o dono do pedaço...
- Não estou entendendo nada, "herrr" detetive.
- É simples. Ele queria ser o chefão e mandar na cidade, virar o poderoso chefão...
- O poderoso chefão?
- O cara que mandava na máfia, o chefão dos chefões.
- Entendi. E depois? O que aconteceu?
- O Édipo juntou os trapos com a senhora do Laio, a Jocasta. O dinheiro estava entrando, quando pintou uma figura dizendo que a quadrilha estava amaldiçoada até se descobrir quem tinha despachado o Laio.
- Trapos, despachar, o que é isso?
- Dá um tempo, doutor, você entendeu. Bom, aí o Édipo descobriu que o Laio era o pai dele e percebeu na mesma jogada que Jocasta era sua mãe!
- Você não acha isso estranho?
- Muito. O Édipo ficou tão por baixo, que furou os olhos. Coisa de maluco. A velha dele se matou. É uma história doida, mas interessante.
- Bom, voce tem razão num ponto: é uma história interessante. Mas acho que você não entendeu muito bem a lenda original.
- O especialista aqui é você...



É muito comum as pessoas já terem ouvido algo sobre o "Complexo de Édipo" e até falarem a respeito dele, porém, são poucos os que realmente sabem do que se trata. Para explicar perfeitamente a relação entre o Complexo de Édipo e o mito grego, resolvemos colocar à disposição de vocês que nos visitam sempre, apenas uma pequena introdução sobre esse conceito freudiano, mas sem muita profundidade. Caso você seja algum estudante ou curioso também sobre assuntos de psicologia, tenha alguma dúvida sobre qualquer expressão ou, ainda, queira saber de algum caso estudado por Freud, mande-nos um
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e teremos enorme prazer em falar mais sobre o assunto.


A FASE FÁLICA

Freud tratou dessa fase por volta de 1923. As crianças entram nela bastante cedo.

É nessa fase que a criança toma consciência de sua zona genital, deixando pra traz a fase oral e anal. Freud afirma que a criança só conhece um órgão genital, o falo, e que a oposição entre meninos e meninas se dá em termos de fálicos e castrados.

Freud introduziu este termo mais tarde para tentar esclarecer a diferença com a fase oral e a anal, que estavam meio desorganizadas. O que ele diz, na verdade, é que a primazia do falo é o fator mais significativo desta fase.

A inveja do pênis se desenvolveria neste período, quando as meninas percebem que não possuem este órgão!

O preconceito masculino de Freud fica bastante evidente aqui, pois ao discutir o aparato do desenvolvimento sexual, ele leva em conta apenas os meninos. As meninas seriam iguais a eles, com a diferença de que estaria faltando um pedaço!

Porém, tanto os meninos quanto as meninas parecem aproveitar esta fase, mostrando uma grande criatividade ao brincar consigo mesmos e prestando atenção um no outro.

Esta fase relativamente inocente conduz ao famoso complexo de Édipo (de 3 a 5 anos).


ÉDIPO

Foi aí que ocorreu outro avanço importante na teoria de Freud: aquilo que ele iria chamar de complexo de Édipo (intimamente ligado ao complexo de castração). Todo o desenvolvimento da sexualidade infantil, a sua busca de um objeto, está relacionada aos pais. O desejo secreto de ter relações sexuais com o progenitor do sexo oposto está na base de tudo. Há também um ódio equivalente ao progenitor que barra o caminho.

Segundo Freud, é esta relação com os pais que torna o complexo de Édipo universal. Ele deu esse nome ao complexo porque, no mito grego, Édipo mata o pai, casa-se com a mãe e soluciona enigmas. Freud afirma ter solucionado o maior de todos os enigmas: a peculiaridade do desenvolvimento sexual infantil e a sua influência na vida psíquica do adulto.

É na fase edipiana que as meninas se tornam futuras mulheres e os meninos, futuros homens. Freud via a bissexualidade que precedia o estágio edipiano em termos de pulsões ativas (masculinas) e passivas (femininas). Ele afirma que esta distinção se estabelecia durante a fase anal, com a submissão ou a rebeldia.

Freud encarava o complexo de Édipo pela ótica do menino ativo, que deseja a mãe e tem medo de ser castrado pelo pai. Para Freud, este drama edipiano estava no centro do enigma da sexualidade.

A solução normal para o complexo de Édipo é seu recalque por parte da criança que entra no período de latência. A maneira como ele é resolvido e recalcado volta à tona na puberdade. O complexo desempenha um papel fundamental na estruturação da personalidade e na maneira como o desejo e o comportamento do adulto se desenvolvem.


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