As Verdades sobre a Verdade São Mentira!

Flavio Augusto Picchi (1o DI)

 

“No espelho de fogo da verdade  

A alegria sorri a quem a busca”

(Friedrich Schiller)  

Disse-nos Jesus: “Não saiba tua mão direita o que faz a tua esquerda”. Mais que tudo, a citação evangélica é a confir-mação da dualidade intrínseca do Homem. E quem a fez não foi ninguém senão Deus em pessoa (a segunda, no caso), tanto em carne como em espírito.  Por sermos esssencial-mente dualísticos, é impossível que alcancemos a verdade total; se pensamos que o fazemos, o máximo que se pode atingir é a metade da verdade, através de uma de nossas metades. A outra se perde em devaneios, em fantasias translúcidas e diáfanas. É essa quantidade de devaneios que nos torna alegres frente ao que chamamos verdade, alegria refletida por um espelho de fogo.

E por que fogo? Fogo nos lembra o inferno.  

E tudo isso nos remete a uma velha fábula: Deus presenteou Satanás com um grande diamante, bem lapidado e brilhante. Disse-lhe que, ao ver sua face refletida em todos os lados da pedra, ambos, Deus e Diabo, se igualariam em perfeição. Não conseguindo realizar o feito, Satanás se conformou em sua posição.  Confirma-se, pois, mais uma vez, que a verdade esconde sempre um pedaço de si,  por mais que se lhe olhe por todos os lados.

Pode-se dizer então que Deus conhece a verdade absoluta?  Quando perguntado por Pilatos sobre o que era a verdade, Jesus não respondeu. Mais: se ele confirmou nossa imperfeição e contraditoriedade com a metáfora das mãos acima exposta, como classificarmos uma sua outra citação: “Vós sois deuses!”? Se Deus é perfeito, quis dizer ele, nós também podemos atingira a perfeição. Então, conclui-se – quem o diria! – que o próprio Deus Filho é contraditório.

 Bem, se Ele, que era Deus, não respondeu o que era a verdade, quem somos nós para o fazer?  

 

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