FAZENDO PENSAR
Por Alessandra Bosco (1o DI)
Esta nova seção no DINOVO pretende apresentar textos de qualquer gênero literário, de qualquer autor, sobre qualquer assunto; para divulgar novas idéias, novas maneiras de ver a vida ! Para isso, aceitam-se sugestões específicas ou genéricas de texto, autor ou de assunto; mesmo que você não saiba onde encontrá-lo, pois nós podemos procurar ! Então fale com a Alessandra Bosco e faça os outros...também pensarem!
Assim que você pensar que sabe como são realmente as coisas, descubra outra maneira de olhar para elas! (Robin Willians)
Recuso-me a Aceitar o Fim do Homem William Faulkner (1897 1962) fez esse breve e espetacular discurso, na noite de 10 de dezembro de 1950, em Estolcolmo, na Suécia, ao receber o Prêmio Nobel de Literatura.
" Sinto que este prêmio não foi dado a mim pela pessoa, mas pelo meu trabalho o trabalho de toda uma vida na angústia e ansiedade do espírito humano, não por glória e menos ainda por lucro, mas para criar a partir dos materiais da alma humana algo que ainda não existia. Portanto, ele está comigo em confiança. Não será difícil encontrar um destino para a parte em dinheiro que seja comensurável com o propósito e significado de sua origem. Mas eu gostaria de fazer o mesmo também com as aclamações, usando este momento como pináculo de onde poderei ser ouvido pelos jovens que se dedicam à mesma angústia e labuta, dentre os quais já se encontra aquele que algum dia estará aqui onde estou agora. Nossa tragédia atual é um medo físico genera-lizado e universal, sustentado há tanto tempo que podemos até tolerá-lo. Não há mais problemas da alma. Há apenas uma pergunta: Quando será que vou explodir? Por causa disso, os jovens que escrevem hoje esquecem os problemas do coração humano em conflito consigo mesmo, a única coisa capaz de produzir boa literatura, pois só tem valor o que se escreve acerca dessa questão, e só ela vale a agonia e o suor. É preciso reaprender isso. Esses jovens autores precisam ensinar a si próprios que a coisa mais básica de todas é o medo; devem, depois, esquecê-lo de todo, sem deixar espaço em seu escritório para nada que não sejam antigas verdades do coração, as velhas verdades univer-sais sem as quais todas as histórias são efêmeras e fatídicas amor e honra e piedade e orgulho e compaixão e sacrifício. Enquanto não o fizer, o jovem autor ou autora trabalha sob os auspícios de uma maldição. Escreve sobre a luxúria, não sobre o amor; escreve sobre derrotas em que não se perde algo de valor, sobre vitórias sem espe-rança e, pior de tudo, sem piedade ou compaixão. Lastima o pesar de uma essência que não universal, não deixa marcas. Escreve sobre glândulas, e não sobre o coração. Enquanto não tornar a aprender essas coisas, os jovens autores escreverão como quem toma parte e assis-te ao fim do homem. Recuso-me a aceitar o fim do homem. É bastante fácil dizer que o homem é imortal simples-mente porque resistirá: pois quando os derradeiros sons da ruína tiverem se esvaído na última pedra imprestável e inerte em meio à vermelhidão final do anoitecer, mesmo nesse momento haverá um ruído: o de sua débil e inexaurível voz, falando ainda. Recuso-me a aceitar isso. Acredito que o homem não irá simplesmente resistir: irá triunfar. Ele é imortal, não por ser a única das criaturas com uma voz inexaurível, mas porque tem alma, um espírito capaz de compaixão, sacrifício e resistência. O dever do poeta, do escritor, é escrever sobre essas coisas. É um privilégio seu ajudar o homem a resistir, elevando seu coração, lembrando-o da coragem e da honra e da esperança e do orgulho e da compaixão e da piedade e do sacrifício que fizeram a glória de seu passado. A voz do poeta não precisa ser apenas um registro do homem, pode ser também um dos alicerces, um dos pilares para ajudá-lo a resistir e a triunfar. in O Livro das Virtudes org. William J. Bennett