O Humanismo foi o estilo dominante da literatura portuguesa no século XV.
Pouco se sabe sobre Gil Vicente, autor humanista de origem popular que criou o teatro português. Sabe-se que provavelmente nasceu na cidade de Guimarães entre 1465 e 1470 e que talvez tenha sido ourives; mas ele pode Ter nascido em Lisboa ou Barcelos e o ourives ser um homônimo menos famoso. Viveu a maior parte de sua vida em Lisboa e não existe nenhum indício de que conheceu o drama grego ou de onde adquiriu sua cultura. Viveu bem na corte (foi mestre de retórica de D. Manuel), financiado por el-Rei, mas nunca deixou de criticar a sociedade em que vivia. Segundo um documento de 1540, morreu em 1536. Sua obra foi reunida por seu filho Luís na Compilaçam de Todalas Obras de Gil Vicente. Entre suas obras, escritas em português, espanhol e em "portunhol" (assim chamam os brasileiros a mistura de português e espanhol), encontram-se, entre várias outras, Auto de Barca do Inferno, Auto da Alma e Farsa de Inês Pereira. Gil Vicente criou o teatro em língua portuguesa mesmo tendo escrito muitas de suas peças e grande parte de suas poesias em espanhol. Sua influência pode ser notada em muitos autores até hoje. Em especial, João Cabral de Melo Neto.
"Ó barca, como és ardente!
Maldito em quem em ti vai!" Auto da Barca do Inferno
"Porém, não hei-de casar
senão com homem avisado
Ainda que pobre e pelado,
seja discreto em falar." Farsa de Inês Pereira
"A Sua mortal empresa
foi, santa estalajadeira
Igreja Madre,
consolar à sua despesa
nesta mesa
qualquer alma caminheira,
com o Padre.
E o Anjo custódio aio
Alma que lhe é encomendada,
se enfraquece
e lhe vai tomando raio
de desmaio,
se chegando a esta pousada,
se guarece." Auto da Alma
Fernão Lopes foi cronista. Fundador da prosa portuguesa, Lopes escreveu sobre os reis de Portugal por encomenda do infante D. Duarte. É a crônica mais antiga sobre os reis da dinastia de Borgonha. Não se sabe sua data de nascimento, mas a primeira notícia sobre ele é de 1418, quando era escrivão d'el-rei. Supõem-se que assumiu suas funções aos 34 anos e sido substituído aos 70, mas sabe-se que viveu pelo menos até 1459. Historiógrafo e escritor de primor, Fernão Lopes se afastou ao máximo de mentir e falsear a história destes reis. Quanto mais nova era a história, com mais detalhes e fidedignidade as relatava, usando relatos de contemporâneos e notas de tabeliães, relacionando a política com a economia e recriando personagens históricos.