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Iolanda Therezinha Marcier
Uma vida dedicada
a amar o próximo
A SOROR Iolanda
Therezinha Marcier, F.R.C.,
membro da Sagrada Hierarquia Esotérica da Antiga e Mística Ordem Rosacruz
- AMORC, nasceu no dia 4 de fevereiro de 1934, no Rio de Janeiro, filha de portugueses,
sendo batizada no dia 10 de outubro de 1934 na Igreja de N. S. da Conceição
e São José, no Engenho de Dentro, com o nome de Iolanda Therezinha
de Jesus. Educada no temor de Deus, começou a trabalhar muito cedo. Aos 14
anos de idade, era operária em uma fábrica de caixinhas de madeira
para doces e seus momentos de folga eram dedicados ao estudo e às orações,
tendo sempre nutrido especial devoção por Nossa Senhora. Posteriormente
tornou-se atriz de teatro e modelo de esculturas, tornando-se mais tarde artesã,
sem nunca permitir que a luta pela sobrevivência na sociedade de consumo interferisse
com os seus princípios morais e éticos sobre os quais edificou sua
personalidade espiritualizada e dedicada ao amor de Cristo. Ela dizia sempre que
a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo era a Igreja dos pobres e por isso se dedicava
a ampará-los, embora não tivesse posses. Todos os meses destinava
uma parte do dinheirinho ganho com seu trabalho para a ajuda aos desvalidos. E explicava:
"Devemos orar e trabalhar incessantemente, mas isso não é
suficiente para dar sentido à vida: é preciso que sigamos o novo mandamento,
que Nosso Senhor Jesus Cristo nos legou: amar o próximo como a nós
mesmos; e, para isso, deve-se agir com senso prático, repassando uma parte
do que ganhamos para aqueles que não têm nada. Somente assim seremos
dignos de Deus".
IOLANDA ingressou na
AMORC em 1978 levada pelo
desejo de estudar a fundo as leis que regem o Universo, pois era interessada em
astronomia e, sempre que lhe sobrava algum tempo, à noite, perscrutava o
céu com um pequeno telescópio, presente do marido, com quem foi casada
durante 28 anos. Desde que entrou na Ordem Rosacruz nunca deixou de realizar seus
estudos e trabalhos de Sanctum nas noites de quinta-feira, a despeito de quanto
trabalho doméstico e artesanal tivesse para fazer, bem como o Medifocus,
no primeiro domingo de cada mês. Orava diariamente pela humanidade, ajudava
os pobres e contribuía para associações benemerentes que amparavam
os desvalidos. Católica fervorosa e praticante, respeitava todas as religiões
voltadas para o bem. Ouvia atentamente todos os problemas de pessoas que a procuravam
em busca de conselhos e pouco falava, demonstrando inesgotável paciência
e imensurável tolerância. Trabalhava o dia inteiro, entrando noite
a dentro em seus afazeres e levantando-se muito cedo. Estava sempre sorridente e
seus olhos irradiavam intensa alegria, mesmo nas situações mais adversas.
Alcançou a iluminação no ano de 1990, através do exercício
diário da caridade e da humildade, em que se esmerava incessantemente. No
ano de 1994 havia atingido tal estado de santidade que animais silvestres dela se
aproximavam. Pássaros e bichos atendiam ao seu chamado e vinham comer na
sua mão. Desapegou-se de uma tal forma das realizações do mundo
material que já não vivia para si e sim para os seus semelhantes,
nada desejando possuir.
ATRAVÉS dos
experimentos
prescritos nos estudos rosacruzes a Soror Iolanda desenvolveu poderes latentes de
cura e fazia sarar feridas com a simples imposição das mãos
sobre o doente, como também curava males internos pelo mesmo processo. Suas
orações para estas ocasiões eram muito simples: o Padre Nosso
e a Ave Maria. Certa feita, no bairro do Fonseca, em Niterói, uma pessoa,
chorando, apresentou-lhe o corpinho de um filhote de cachorro, que havia acabado
de morrer. Impondo a mão direita sobre o cãozinho morto, ela disse:
"Levanta-te e anda, bichinho inocente, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo,
para a glória de Deus Pai, na unidade do Espírito Santo". Na
mesma hora o pequeno animal voltou à vida e os que presenciaram a cena caíram
de joelhos dando graças a Deus.
DE outra feita, em São
Paulo, o marido estava
sem receber da empresa em que trabalhava e faltou dinheiro para a comida. Os últimos
trocados haviam sido gastos na compra de um pedaço de carne, que fora assado
e deixado em uma panela. Ao manifestar à mulher o temor de ficarem sem ter
o que comer, dela ouviu: "O Senhor é o nosso Pastor e nada nos faltará".
Tendo proferido as palavras do salmista, fez o Sinal da Cruz sobre a panela e aquela
carne não acabou, por mais que dela se comesse, até que o marido recebeu
o pagamento e puderam fazer compras.
NUMEROSOS foram os
milagres operados
pela Beata Iolanda, sempre em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que lhe conferiu
tal poder que ela podia exorcizar o diabo apenas fazendo o Sinal da Cruz. Entretanto,
sempre se recusou a fazer demonstrações de tais poderes, reservando-os
tão somente para as ocasiões em que fosse necessário usá-los,
para o bem do próximo.
ALÉM de realizar a cura
de homens e animais
doentes, a Beata Iolanda por incontáveis vezes fez voltar à vida plantas
e árvores que haviam morrido e já estavam secas, com um simples Sinal
da Cruz sobre elas. Todo esse poder se refletia também nela mesma, pois em
toda a sua vida, até os 60 anos, jamais esteve acamada por doença
e não sentia cansaço, apesar de dormir apenas 5 horas por noite, dedicando
19 horas do dia ao trabalho e às orações de louvor à
Deus e pela humanidade sofredora. Ela dizia que não se devia rezar em causa
própria, pedindo algo a Deus, "porque Deus sabe o que nos convém
e tudo providencia". Afirmava que a mentira, a maledicência e a vaidade
eram os principais sinais do demônio, mas ressaltava: "Se o
enunciado de uma verdade causar dor a alguém, que não se diga, então,
essa verdade, pois o que mais ofende a Deus é fazer sofrer o próximo".
EM julho de 1994
anunciou que iria fazer
a transição e no mês de setembro caiu gravemente enferma. Seu
suplício foi terrível, pois sofria dores pavorosas em todo o corpo,
tendo estado internada três vezes. Devido à situação
catastrófica da rede hospitalar enfrentou toda sorte de mazelas, tendo sido
deixada sem alimentos durante 15 dias em um hospital do Rio de Janeiro, onde, por
desleixo, lhe fraturaram uma vértebra na mesa de operações,
quando se submeteu a uma cirurgia no cérebro. Foi tratada com brutalidade
e descaso por pessoas empedernidas, que riam das dores de todos os doentes sob seus
cuidados, preocupando-se unicamente com o dinheiro que pudessem arrancar dos familiares
daquelas pobres criaturas. Como outros doentes, foi várias vezes deixada,
por horas e horas, sem os remédios que faziam diminuir a dor. Em vez de se
revoltar ou mesmo reclamar, abençoava incessantemente os que a tratavam mal
e orava por eles, dizendo que eram bons e que os amava.
LOGO seu quarto começou
a ser visitado por
doentes incuráveis, que ainda podiam andar e se arrastavam até ela
para pedir-lhe a benção. A todos abençoava em nome do Cristo
e dirigia palavras de conforto e esperança, entre gemidos de dor, mas, inacreditavelmente,
sem jamais perder a expressão de alegria e ternura no olhar. Muitos tiveram
seus sofrimentos amenizados pela força de suas orações. Enfermeiros
tementes a Deus passaram a vir de vários andares do hospital para confortá-la.
Pobres e religiosos de numerosas igrejas evangélicas, sabedores de sua santidade,
passaram a lotar diariamente seu quarto, nos hospitais em que esteve, e fizeram
fila à porta da UTI nas vezes em que ali ficou. Na última, onde passou
seu aniversário de 61 anos, recebeu a Extrema Unção, pelas
mãos de um pastor evangélico, e a Unção dos Enfermos,
pelo padre católico de sua paróquia, que chorou quando ela, com o
fiozinho de voz que lhe restava, rezou o Credo junto com ele.
RECEBEU a constante
visita de seus irmãos
rosacruzes, nos hospitais e em sua casa, onde era contínuamente assistida
por todos os seus vizinhos, que a confortavam e lhe traziam alimentos preparados
especialmente para ela, com muito carinho; um deles, um piedoso médico pediatra,
prestou-lhe toda a assistência e providenciou sua segunda internação,
perdendo longas horas em prejuízo de seu trabalho, recusando-se a receber
qualquer pagamento. Antes de ficar completamente impossibilitada de escrever redigiu
uma mensagem baseada em 19 palavras, na qual expressou seus votos para toda a humanidade:
Amor + Sabedoria + Bondade + Caridade + Luz +
Alegria + Harmonia + Felicidade + Saúde + Compreensão + Respeito +
Honestidade + Paz + Equilíbrio + Regeneração + Simplicidade
+ Religiosidade + Humildade + Pureza
(Soror Iolanda deixou também uma Regra com 47 preceitos
para os rosacruzes membros da Hierarquia Esotérica e uma Exposição
sobre a Humildade. Deixou, ainda, três poemas para os Rosacruzes.)
ANTES de fazer a
transição reafirmou
seus votos de cristã e declarou crer firmemente que a Santa Madre Igreja
Católica Apostólica Romana é a fiel depositária da doutrina
do Cristo. Enquanto podia articular palavras orava incessantemente por toda a humanidade
e pelos animais, pedindo a seus irmãos da Ordem que continuassem a fazer
isso, todos os dias, ao levantar e antes de se deitarem, após a sua saída
do corpo físico. Quando já não podia falar continuava a abençoar,
em nome de Jesus Cristo, todos que dela se aproximavam, erguendo a mão direita,
a única parte de seu corpo que ainda se mexia. Foi assistida nos últimos
momentos pelos Mestres Invisíveis da Grande Fraternidade Branca, que a confortaram
e a levaram para o Plano Cósmico na noite de 26 de fevereiro de 1995, libertando-a
do sofrimento na carne, pelo qual ela agradecia incessantemente, sempre com as mesmas
palavras:
"Obrigada, meu Jesus, obrigada por este sofrimento que me faz evoluir!"
SOROR Iolanda fez a
Grande Iniciação em
pleno e perfeito estado de consciência, percebendo e compreendendo tudo o
que acontecia. Atravessou as portas da eternidade afirmando textualmente:
- Não existe morte. É apenas uma breve separação.
SEU corpo foi sepultado
no cemitério de São
Francisco, com acompanhamento de católicos, evangélicos e rosacruzes,
após a Cerimônia Fúnebre Rosacruz de Desligamento, celebrada
por oficiais da Loja R+C Niterói da AMORC, da qual era membro desde 1978,
sendo aposta na lápide do seu túmulo uma cruz ansata, símbolo
da vida eterna.
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